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Acidente do Uber reacende discussão sobre regulamentação de carros autônomos

Possíveis falhas envolvendo veículo de testes no Arizona fez com que indústria voltasse a debater sobre leis de regulamentação

Por Agências
Atualização:
Imagem da TV americana ABC mostra carro autônomo e vítima logo após o acidente ocorrido no domingo, 18 Foto: AP

O acidente do início da semana envolvendo um carro com direção autônoma do Uber que matou uma pedestre em Tempe, no Arizona, aumentou a pressão para que a indústria de veículos autônomos prove que seus softwares e sensores são seguros. O movimento impulsiona a necessidade de órgãos federais criarem uma regulação para esse tipo de veículo.

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De outro lado, montadoras como a General Motors, empresas de tecnologia como Alphabet e empresas de serviços de transporte como Uber têm pedido para que legisladores dos Estados Unidos não imponham uma regulação pesada sobre a indústria que ainda está em desenvolvimento. Essas empresas disseram que seus testes internos demonstram compromisso com a segurança.

No entanto, o acidente no Arizona deu munição a críticos da indústria. Receosos, eles dizem que a falta de padrões claros permite que os produtores repitam falhas em testes ou que coloquem na rua carros com a tecnologia desenvolvida parcialmente.

A desconfiança sobre a falta de segurança dos carros autônomos não é algo novo para a indústria. Para se preservar, as empresas abriram quais são seus métodos usados nos testes, mas sem entregar os segredos de seus sistemas.

Porém, a divulgação dos dados gerados nos testes são considerados por especialistas como inconsistentes e variam conforme a região. A Califórnia, por exemplo, exige que as empresas reportem exemplos quando um sistema de veículo autônomos apresenta falhas e desliga. Já o Arizona não tem essa exigência.

“Não há dúvida de que as regulações estão a caminho”, disse Doug Mehl, sócio da empresa de prática automotiva A.T. Kearney. “Mas agora (montadoras), desenvolvedores de software e fornecedores de serviço têm uma oportunidade de formar essas regulações.”

A maioria dos veículos autônomos são equipados com sensores de radar e de lidar (sigla em inglês para Light Detection And Ranging), que usam lasers para detectar obstáculos ao redor do veículo. Ainda não há padrões federais especificando como esses sistemas deveriam funcionar e o Congresso e reguladores federais ainda estão debatendo fazer isso.

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Imagens. O acidente do Arizona foi gravado em vídeos feitos por câmeras contidas dentro do carro autônomo do Uber. Com as imagens, a polícia pode identificar que a pedestre apareceu repentinamente na frente do veículo e que por isso o acidente seria inevitável mesmo para um carro com condução 100% humana. À época, a polícia disse que dificilmente o Uber poderia ser responsabilizado.

Especialista ouvido pelo Estado, o professor da Universidade de Stanford, Bryant Smith, acredita que o vídeo mostra uma falha no sistema de direção automatizada do Uber, além de uma falta de cuidado do motorista.

“Se prestamos atenção, é possível ver a vítima no vídeo cerca de 2 segundos antes da imagem congelar”, diz Bryant Smith, professor da Universidade de Stanford. “Isso é semelhante ao tempo médio de reação de um motorista e significa que um motorista de alerta pode ter pelo menos tentado desviar ou frear.”

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