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?Ambição da Xiaomi é ser a maior fabricante de smartphones do mundo?

Vice-presidente da quinta maior empresa do mundo no setor e que acaba de chegar ao Brasil, executivo fala sobre como a empresa pretende operar no País e como sua experiência no Google contribuiu para seu trabalho atual

Por Redação Link
Atualização:

PIERVI FONSECA/AGÊNCIA O DIA

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Camilo Rocha Daniel Gonzales Foi com estardalhaço que chegou o mais novo competidor do concorrido e volúvel mercado de smartphones nacional. O lançamento da chinesa Xiaomi em São Paulo, no fim de junho, atraiu fãs de todo o País e em tal número que não havia lugar para todo mundo. Houve confusão, mas também muita reverberação pela mídia. A quinta maior fabricante de smartphones do mundo estava finalmente entre nós, e com um aparelho de R$ 499.

No primeiro dia de vendas do smartphone, chamado Redmi 2, a demanda superou a oferta mais uma vez. O site da empresa, único canal de vendas do aparelho, ficou instável com o alto volume de acessos, motivando o vice-presidente da companhia, o brasileiro Hugo Barra, a gravar um vídeo de desculpas pelos problemas. De acordo com a Xiaomi, o lote ofertado se esgotou.

O mineiro Barra, que trabalhou seis anos na sede do Google, no Vale do Silício, e hoje mora em Pequim, esteve no País para o lançamento e falou com o Estado por telefone (trechos do áudio desta entrevista foram exibidos no programa do Link, na Rádio Estadão).

Qual a estratégia da Xiaomi para driblar o Custo Brasil, que resulta em situações como sermos o País com o iPhone mais caro do mundo? O Redmi 2, que sai por R$ 499, é um produto totalmente fabricado no Brasil e vendido online diretamente por nós. Nossa proposta é oferecer o aparelho a um preço bem próximo do custo de produção, então nossa margem é muito pequena. Mesmo levando em conta a altíssima qualidade dos componentes que usamos, temos uma escala muito grande e conseguimos trazer isso para o Brasil. O Redmi 2 já vendeu 15 milhões de unidades nos nove mercados em que atuamos.

No Brasil, muitos veem produtos chineses como sendo inferiores, os chamados ‘xing ling’. Como reverter essa imagem? Boa parte disso é mito, de experiências passadas, bem distantes inclusive. Esse mito já sumiu bastante, hoje há muitas marcas chinesas de qualidade atuando no Brasil. Nossa proposta é mostrar nossa qualidade nas redes sociais, nos eventos que fazemos, em reuniões com fãs e criar um boca a boca muito legal.

Muitos chamam a Xiaomi de Apple chinesa e isso parece que te incomoda. Não me incomoda tanto, porque sou muito inspirado pela Apple. Do ponto de vista da Xiaomi, adoramos estar na conversa, que falem da gente, a gente vive nas redes sociais e é isso que nos faz crescer, então podem nos comparar com a Apple o quanto quiserem. Por outro lado, somos uma empresa muito diferente. A gente tem um contato muito próximo com os fãs. A gente fez um evento aqui em São Paulo onde participaram 120 jornalistas e mais de mil fãs, isso é algo que nenhuma outra marca faz.

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O smartphone deixou de ser um símbolo de status? A Apple deve muito de seu sucesso a isso, mas na Xiaomi parece que o importante é ser acessível. Deixou sim, o que não impede as pessoas de quererem ter o smartphone mais avançado. Não para se mostrar, mas porque querem especificações avançadas. O uso superou o status.

Você foi apontado como um dos brasileiros mais influentes na área de tecnologia. Como vê seu papel nesse universo? Tive grande oportunidade de trabalhar em empresas fenomenais. Trabalhei seis anos no Google, sendo três deles no Android, na fase de maior crescimento do sistema, então tive oportunidades maravilhosas. Adoro o que faço, sou super apaixonado pela Xiaomi e faço tudo para espalhar essas ideias, conceitos, produtos. Não sei se chamaria isso de influência, pra mim é paixão pelo que faço.

O que levou do Google para a Xiaomi? Tive dois períodos no Google: como diretor de aplicativos móveis e depois como vice-presidente do Android. Aprendi muito na primeira fase a trabalhar em equipes pequenas para criar software de serviços de valor agregado. Criamos lá, por exemplo, a busca por voz e o pontinho azul que é seu local no mapa do Google. Na Xiaomi, oferecemos serviços integrados em cima da nossa plataforma (o MIUI, baseado no Android). No Android, aprendi muito sobre integração de hardware e software e também trouxe isso para a Xiaomi.

A Xiaomi quer ser vista como uma empresa de inovação ou o objetivo é só aumentar a fatia de mercado cada vez mais? Em primeiro lugar, não somos uma empresa só de smartphones, mas muito mais uma empresa de software. Construímos uma plataforma inovadora, fácil de usar e amigável em cima do Android. Também fazemos aparelhos topo de linha, como o Mi Note Pro, o primeiro com o chip Snapdragon 810, o que é inovador. Outros produtos incluem TVs, dispositivos para internet das coisas e fones de ouvido de alta qualidade.

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A Xiaomi quer ser a maior do mundo nos smartphones? Claro que quando a gente se dispõe a colocar todos os nossos esforços em uma categoria a gente quer ser o primeiro do mundo. Essa é a nossa ambição, mas acho que ainda demora um pouco para acontecer.

A abordagem da Xiaomi, seu foco em redes sociais, o fã-clube, não deixa a empresa com uma cara meio juvenil que pode afastar consumidores maduros? Acho que não, embora concorde que a nossa abordagem tem um apelo inicial maior entre a juventude. Isso é importante, porque de certa forma esses jovens são os formadores de opinião da sociedade, aqueles que não têm medo de experimentar uma tecnologia nova. Eles acabam se tornando embaixadores da marca, levando-a para o pai, a mãe, o avô.

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