Ao menos 35 funcionários foram demitidos com o fim do delivery no Uber Eats
O Uber Eats anunciou nesta quinta, 6, que não vai mais trabalhar com a entrega de restaurantes no app; número de desligados pode ser maior
07/01/2022 | 05h00
Por Bruna Arimathea - O Estado de S. Paulo
Cerca de 20% dos funcionários devem ser realocados para outras divisões da empresa
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Parte dos funcionários da divisão brasileira do Uber Eats, plataforma focada em entrega de refeições do Uber, foi pega de surpresa nesta quinta-feira, 6, quando a empresa anunciou o encerramento das atividades no País. Segundo apurou o Estadão, a equipe ficou sabendo do desligamento na manhã desta quinta, poucos minutos antes do posicionamento oficial da companhia.
O comunicado foi divulgado por volta das 12h de quinta-feira, informando que as entregas de restaurantes vão estar disponíveis no app apenas até 7 de março, data em que a plataforma vai se transformar em um delivery de supermercado e e de itens de farmácia, papelaria e outros segmentos não perecíveis.
De acordo com a empresa, o movimento é uma estratégia que consiste em focar no serviço de entregas corporativas, o Uber Direct, que tem crescido na plataforma. De acordo com a companhia, a troca de nichos é um negócio mais "assertivo" dentro do que o Uber quer operar no País.
A fonte ouvida pela reportagem afirmou ao Estadão que a notícia não era esperada pelos funcionários, que haviam tido reuniões de planejamento para 2022 há poucas semanas. O Uber teria oferecido um pacote de benefícios por três meses, com salário e plano de saúde, para todos os funcionários desligados. A equipe de delivery era composta por funcionários contratados diretamente e por terceirizados. Da equipe de funcionários, que tinha cerca de 70 pessoas, metade foi desligada da empresa.
Entre os terceirizados, o Estadão identificou, pelo menos, mais oito cortes, mas o número pode ser maior maior. Um ex-funcionário ouvido pela reportagem estima que o número de pessoas desligadas da empresa possa ultrapassar a casa das 100 pessoas. À reportagem, o Uber não apresentou números, mas disse que 20% de toda equipe, contando contratados e terceirizados, foi demitida e 80% foi recolocada.
“Apesar de ser uma boa empresa para se trabalhar, o clima está péssimo, porque todo mundo foi pego de surpresa. Quem foi desligado já não vai mais trabalhar na plataforma”, afirmou um ex-funcionário da divisão, sob a condição de anonimato.
Ainda, de acordo com o ex-funcionário, o que se sabia dentro da empresa era que a concorrência com o iFood pelo mercado de delivery era grande, o que tornou a divisão uma opção não rentável para a empresa, enquanto setores de supermercado, por exemplo, estavam crescendo na plataforma.
App não vai sair do ar
O aplicativo do Uber Eats vai continuar funcionando normalmente, mas não será possível encontrar a opção de restaurantes. Para compras de supermercado, a plataforma vai continuar utilizando a aba da Cornershop que já existe dentro do app. Outras opções de delivery, como lojas especializadas, pet shops, floriculturas, lojas de bebidas e outros artigos, segundo a empresa, continuarão disponíveis para pedidos. Principal aposta no app a partir de agora para consumidores diretos, a Cornershop é uma startup chilena de supermercados, comprada pelo Uber em 2019. Por aqui, as operações começaram em meados de 2020, já em conjunto com a empresa de mobilidade.
A empresa também informou ao Estadão que alguns setores, como de papelaria e objetos em geral, já estão entrando no app, mas que devem aumentar a presença ao longo dos meses. Na prática, é como se o Uber estivesse aproximando o seu serviço de uma operação mais semelhante à colombiana Rappi e se distanciando do iFood. Outros serviços focados em entregas corporativas com o Uber Direct também já têm grande parte das operações da plataforma.
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