Apesar de crescimento no número de dispositivos, velocidade do 4G no Brasil fica estável

Segundo estudo da OpenSignal, consultoria que mede qualidade de internet móvel, aumento de 6,8 milhões de linhas teve pouco impacto na conexão móvel do País

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Por Bruno Capelas
Atualização:
 Foto: Reuters

A velocidade média das conexões 4G no Brasil ficou estável nos últimos meses, mesmo com o crescimento desenfreado de acessos – é pelo menos o que mostra um novo estudo, desenvolvido pela consultoria Open Signal, responsável pelo app de mesmo nome que mede a qualidade da internet móvel.

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Lançado nesta terça-feira, 26, o relatório mostra que a velocidade média do 4G no Brasil ficou em 12.39 Mbps (megabits por segundo) no final de abril, contra 12,22 Mbps em janeiro deste ano – segundo dados da Anatel, os acessos 4G cresceram 24% no período, saltando de 28 milhões em janeiro para 34,8 milhões de linhas em abril.

Individualmente, no entanto, as operadoras brasileiras não mostram um desempenho tão bom: líder em velocidade no 4G, a Vivo foi a única que melhorou na média do download, indo de 15,3 Mbps para 18,6 Mbps. A operadora também foi a vencedora quando o assunto foi a velocidade média de conexão considerando as redes 3G e 4G.

No 4G, A Claro e a Oi se mantiveram estáveis, na casa dos 11,5 Mbps por segundo, enquanto a TIM teve uma queda considerável, caindo de 10,28 Mbps para 8 Mbps. “É algo comum no mundo: quando as operadoras ganham clientes, o tráfego aumenta e a velocidade média cai”, diz Kevin Fitchard, analista da Open Signal, em entrevista ao Estado. “A Vivo, no entanto, conseguiu se manter à frente dessa tendência.”

A pesquisa da Open Signal foi baseada em 85 milhões de medições, realizadas em aparelhos de 45 mil usuários em todo o Brasil.

Foco nas Olimpíadas. De acordo com o estudo da OpenSignal, há um quesito em que o 4G brasileiro evoluiu muito pouco: a disponibilidade. “Desde nosso primeiro relatório, publicado em agosto de 2015, a disponibilidade do 4G cresceu apenas em um ritmo moderado”, diz o texto, informando que a disponibilidade do serviço é de 53% no País. A medida indica qual a chance do usuário, ao usar um chip habilitado com 4G, conseguir conexão com uma rede com a tecnologia.

“No entanto, o Brasil é um dos países com menor disponibilidade da América Latina quando o assunto é 4G.”. Os vizinhos Uruguai e Peru, por exemplo, aparecem bem à frente do Brasil – com 82% e 66%, respectivamente. O líder mundial, segundo a consultoria, é a Coreia do Sul, com 97% de disponibilidade.

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Para Kevin Fitchard, há uma explicação para o pouco avanço: as Olimpíadas do Rio. “É um evento excepcional: são três semanas de eventos contínuos concentrados em uma única cidade. É uma pressão muito grande para a rede, e nenhuma cidade do mundo poderia lidar com essa demanda sem ter impacto”, avalia o analista, que vê as operadoras focadas no evento.

Segundo ele, a qualidade da conexão móvel brasileira, em geral, poderá melhorar depois que a onda olímpica passar – em especial, Fitchard avalia que, apesar de manter uma boa velocidade média, a conexão brasileira de 4G ainda é inconstante. “As operadoras conseguem entregar velocidades em torno de 10 Mbps, mas falham em oferecer essa velocidade durante metade do tempo, conectando seus usuários em redes 3G ou até mesmo 2G.”

Para Fitchard, o cenário deve melhorar quando a Anatel disponibilizar para as operadoras brasileiras a frequência dos 700 MHz, hoje utilizada em boa parte do País pela TV aberta. “Com a baixa frequência, o sinal conseguirá penetrar melhor em prédios e áreas rurais, além de adicionar capacidade às redes das operadoras, podendo atender mais clientes com menor investimento”, diz.

No entanto, vale o aviso: com o desligamento do sinal previsto para 2017 em capitais como São Paulo e Rio, ainda vai levar um tempo para que a melhora esperada seja sentida pelo seu smartphone.

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