PUBLICIDADE

Após Apple, Google também quer lançar serviço de antirrastreamento de anúncios no Android

Ferramenta de privacidade da fabricante de iPhones incomoda o mercado publicitário e o Facebook

Foto do author Guilherme Guerra
Por Guilherme Guerra
Atualização:
Alternativa antirrastreamento para Android pode ser menos rigorosa que a do iOS Foto: Laura Morton/The New York Times

O Google explora a possibilidade de ter uma solução similar ao serviço de antirrastreamento da Apple, que vai ser lançado na próxima versão dos sistemas operacionais da fabricante (iOS, iPadOS e macOS) com o intuito de permitir ao usuário escolher como os aplicativos coletam seus dados. As informações são da Bloomberg, que afirma ter conversado com fontes familiarizadas com o assunto.

PUBLICIDADE

O serviço de antirrastreamento da Apple irá emitir um alerta quando um aplicativo for aberto pela primeira vez. O texto irá perguntar se é permitido o uso de rastreadores, responsáveis por “monitorar” os hábitos do usuário não só no próprio aplicativo, mas também em terceiros — é o tal do rastreamento cruzado, que já funciona hoje sem limites tanto em termos de legislação quanto nas regras nas próprias empresas de tecnologia. Se o usuário recusar, os desenvolvedores não conseguirão fazer a coleta de dados. O recurso, chamado de Aplicativo de Transparência de Rastreamento (ATT, na sigla em inglês), foi anunciado pela empresa em junho de 2020 e deve ser implementado nas próximas semanas.

A ferramenta de antirrastreamento para Android parece ser menos rigorosa que a da rival e não irá exigir que o usuário tome uma decisão, informa a Bloomberg. De acordo com o veículo, a intenção do Google é conciliar os interesses dos usuários, que querem mais proteção, aos do meio publicitário, que precisa de grandes volumes de informações para gerar anúncios mais eficientes na internet.

As mudanças do Google podem ser similares ao que a empresa já implementa atualmente, segundo a Bloomberg. Em vez de alcançar pessoas individualmente, a plataforma está transicionando para um modelo em que anunciantes direcionam anúncios a grupos com gostos similares. Outra possibilidade é banir no Android o uso de cookies de terceiros, que coletam as informações do usuário a partir de sites que acessou.

Desde que a Apple anunciou a ferramenta antirrastreamento, o setor de publicidade manifesta-se contra, dizendo que as perdas de receita seriam sentidas em todo o segmento. Marcando posição em prol do setor, o Facebook, na figura de Mark Zuckerberg, vocalizou as críticas e disse que a empresa se posiciona a favor das pequenas e médias empresas, que supostamente seriam as mais afetadas por não poderem ser mais eficientes ao alcançar novos públicos com os anúncios limitados. 

Em dezembro de 2020, a rede social, que também é dona dos aplicativos Instagram e WhatsApp, chegou a publicar um anúncio de uma página inteira em jornais americanos, criticando a decisão. O Facebook, inclusive, prepara enquadrar a Apple na Justiça sob a lei antitruste americana, conforme publicou o veículo The Information no final de janeiro.

Modelo de negócios

Publicidade

Enquanto a Apple tem a maior parte do faturamento baseada em hardware e serviços para o consumidor final, o Google e, principalmente, o Facebook, lucram com a coleta de dados dos usuários, utilizada pelo mercado publicitário para atingir um público maior e mais específico de pessoas com menor custo. Quanto mais dados, mais anunciantes, que geram receita publicitária para essas empresas.

A Apple, por sua vez, tem se posicionado a favor da privacidade e abraçou a importância do tema, dedicando estratégias de marketing ao assunto. Em 28 de janeiro, durante a conferência de Computadores, Privacidade e Proteção de Dados, o CEO da empresa, Tim Cook, reforçou a visão: “A tecnologia não precisa de vasta tropa de dados pessoais, costurados por meio de dúzias de sites e aplicativos, para ter sucesso. A publicidade já existia antes disso e ia bem por décadas”, falou ele. 

“Se um serviço é criado sobre uma base para enganar os usuários, para explorar os dados, para levar a escolhas que não são escolhas, então ele não merece nossa atenção. Merece reforma”, acrescentou.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.