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Após fracasso de negociações, marcas iniciam boicote ao Facebook

Rede social tentou convencer anunciantes de desistir do boicote, mas conversas não avançaram

Por Redação Link
Atualização:
Negociações fracassam e boicote ao Facebook tem início Foto: Erin Scott/Reuters

A publicidade de mais de 400 marcas, incluindo Coca-Cola e Starbucks, devem desaparecer do Facebook nesta quarta-feira, 1, após o fracasso das negociações de última hora para impedir um boicote ao discurso de ódio dentro da rede social.

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Grupos de direitos civis dos EUA fizeram apelos às empresas multinacionais para ajudar a pressionar o gigante da mídia social a tomar medidas concretas para bloquear o discurso de ódio, principalmente após a morte do americano George Floyd e em meio a um acerto de contas nos Estados Unidos sobre o racismo.

Executivos do Facebook, incluindo Carolyn Everson, vice-presidente de soluções globais de negócios, e Neil Potts, diretor de políticas públicas, realizaram pelo menos duas reuniões com anunciantes na terça-feira, 30, véspera do boicote planejado para um mês, disseram três fontes que participaram das reuniões à Reuters.

Mas os executivos do Facebook não ofereceram novos detalhes sobre como abordariam o discurso de ódio, disseram as fontes. Em vez disso, eles apontaram para comunicados de imprensa recentes, frustrando os anunciantes, que acreditam que esses planos não vão longe o suficiente. "Simplesmente (a empresa) não está se mexendo", disse um executivo de uma grande agência de publicidade em relação às conversas.

O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, concordou em se reunir com os organizadores do boicote, disse uma porta-voz da empresa na terça-feira, 30.

Grupos de direitos civis dos EUA, incluindo a Liga Anti-Difamação, NAACP e Color of Change começaram a campanha "Stop Hate for Profit" após a morte de Floyd, um homem negro que morreu sob o joelho de um policial branco no mês passado.

Os grupos levaram 10 demandas ao Facebook, incluindo permitir que pessoas que sofrem assédio severo falem com um funcionário do Facebook e também o reembolso às marcas cujos anúncios sejam exibidos ao lado de conteúdo ofensivo que será removido posteriormente.

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O Facebook anunciou, no início desta semana, que se submeteria a uma auditoria de seus controles de incitação ao ódio, acrescentando planos para rotular conteúdo digno de notícia que violaria suas políticas, seguindo práticas semelhantes em outras plataformas de mídia social, como o Twitter.

Um representante da agência de publicidade digital que participou de uma reunião online na terça-feira disse que os executivos do Facebook se referiram repetidamente à auditoria, sem oferecer concessões adicionais.

Os diretores do Facebook entraram em contato com executivos, membros do conselho e diretores de marketing dos principais anunciantes para convencê-los do boicote, disseram à Reuters duas pessoas informadas sobre as discussões. Todas as fontes pediram anonimato, porque não estavam autorizadas a falar sobre o assunto.

No começo da tarde desta quarta, 1, o boicote parece não ter abalado os investidores: as ações  da rede social cresciam 4%, recuperando as perdas dos últimos dias. 

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Facebook se pronuncia

Nesta quarta, a rede social se pronunciou por meio de um artigo escrito por Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais e comunicações da companhia, e publicado na revista AdAge. Nele, o executivo afirma que eliminar completamente discursos de ódio na plataforma é como 'encontrar uma agulha em um palheiro' devido ao volume de conteúdo postado. "Tolerância zero não significa zero incidência", afirmou. 

Ele defende as práticas do Facebook, como a contratação de profissionais dedicados à segurança dos serviços - seriam 35 mil pessoas. Disse também que a empresa investe bilhões na área, incluindo o desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial. É o mesmo discurso usado por Mark Zuckerberg desde  2018, quando o executivo foi convidado a depor no congresso dos EUA após o escândalo da Cambridge Analytica. Clegg, porém, citou um relatório da União Europeia que afirmaria que a empresa avalia mais de 95% de conteúdo de ódio em menos de 24 horas. 

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"Tomamos medidas contra 9,6 milhões de conteúdos no primeiro trimestre de 2020 - acima dos 5,7 milhões do trimestre anterior", escreveu. Clegg também falou mudanças na política de remoção de conteúdo - algumas das quais foram reveladas apenas na sexta, 26, após o movimento de boicote já ter sido iniciado. 

Outra parte do texto focou nos aspectos positivos de redes sociais na sociedade. "Claro, focar em discurso de ódio e em outros tipos de conteúdo danosos em redes sociais é necessário, mas é valioso lembrar que a vasta maioria dos bilhões de conversas é positiva", escreveu. "Nunca poderemos evitar completamente que o ódio apareça no Facebook, mas estamos melhorando para pará-lo o tempo todo", concluiu. /COM INFORMAÇÕES DA REUTERS

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