Após vazamentos, Facebook quis dividir legisladores para escapar de regulamentação

Estratégia da empresa tentou contrapor alas políticas e desviar foco dos estudos revelados nos Facebook Papers

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Por Redação Link
Atualização:
Mark Zuckerberg tentou desviar a atenção de lesgiladores em relação ao escrutínio no Congresso contra o Facebook Foto: Erin Scott/Reuters

A estratégia do Facebook, após o vazamento de documentos sigilosos da empresa, a partir de setembro deste ano, nunca foi pedir desculpas e, sim, reforçar a marca da empresa como um elo entre pessoas pelas redes sociais. O objetivo de promover união, porém, não se estendeu para o âmbito político dos EUA. Segundo uma reportagem do jornal Wall Street Journal, a empresa de Mark Zuckerberg tentou “turvar a água” na relação entre Democratas e Republicanos

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Diante de discussões que visam, ao mesmo tempo, regulamentar as redes sociais e mexer em uma lei que protege as Big Techs — a Seção 230 —, o Facebook viu membros do partido Democrata e do partido Republicano se unirem no Congresso em vários subcomitês. Entre as discussões, a principal pauta foi o tratamento da empresa a usuários adolescentes, que rendeu depoimentos de Frances Haugen, responsável pelo vazamento de pesquisas da empresa, Antigone Davis, diretora global de segurança do Facebook e Adam Mosseri, presidente do Instagram, nos últimos meses. 

O movimento, nada interessante para a empresa, não passou despercebido — mesmo antes dos Facebook Papers, o Congresso americano já buscava uma maneira de colocar as grandes empresas de tecnologia na “régua”. Quando documentos sigilosos do Facebook vieram à tona pelas mãos de Frances, a companhia rapidamente sugeriu para a ala republicana que a engenheira estava a serviço de interesses do partido Democrata. Depois, lobistas da empresa em Washington sopraram para os democratas que seus opositores estavam se aproveitando da situação para seus próprios interesses. 

“O maior medo deles são os conservadores e liberais se unindo para quebrar sua chamada família de aplicativos, e isso pode muito bem acontecer em breve”, disse David Bozell, presidente da ForAmerica, um grupo conservador que cria conteúdo político nas redes sociais, de acordo com o Wall Street Journal. “Não é todo dia que [republicano] Mike Lee, [democrata] Amy Klobuchar e [republicano] Ken Buck se reúnem e dividem o pão nessas coisas”.

Todo o discurso do Facebook foi acompanhado de uma postura de não se desculpar, em nenhum momento, pelas informações obtidas nos estudos internos.“Quando nosso trabalho está sendo descaracterizado, não vamos nos desculpar”, disse o porta-voz do Facebook Andy Stone. “Vamos nos defender,” disse. 

Em relação à adolescentes, a empresa afirma nos documentos que uma em cada três meninas que se sentem mal consigo mesmas ficam ainda pior ao acessar o Instagram. Em depoimento ao Congresso, Mosseri disse que “não importa a idade, é importante que seja fácil achar novos amigos”, sobre a forma que o Instagram funciona com adolescentes. Achados políticos, como a priorização de publicações com tendência de ódio, também foram encontradas.

Mesmo com os ‘esforços’, o Facebook vai continuar na mira do Congresso americano, seja por parte dos Democratas ou dos Republicanos, por conta dos milhares de documentos que foram disponibilizados por Frances nos últimos meses. “Os documentos falam por si mesmos”, disse o senador Mike Lee, de Utah, o principal republicano no subcomitê antitruste do Senado e membro do subcomitê de proteção ao consumidor.

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