O investimento de US$ 1 bilhão da Apple numa companhia que produz um aplicativo de táxi chinês parece um erro da gigante do Vale do Silício, que gera cerca de US$ 4 bilhões de lucro todo mês e tem US$ 233 bilhões em dinheiro e títulos no banco. Mas o surpreendente interesse da Apple na Didi Chuxing revela seu esforço para mostrar ao governo chinês que está disposta a apoiar as empresas locais.
Mais do que qualquer outra grande empresa de tecnologia americana, a Apple vem tendo um enorme sucesso na China. No último ano fiscal, os consumidores chineses gastaram US$ 59 bilhões em produtos da empresa americana. Com tanto sucesso, veio um risco equivalente. Nos últimos anos, Pequim tornou-se mais agressiva ao promover um programa de expansão das empresas de tecnologia locais, obrigando as multinacionais a jogar de acordo com as regras da China se quiserem atuar no mercado. A Apple recentemente foi alvo de uma maior fiscalização pelas autoridades reguladoras chinesas que fecharam suas lojas de iBooks e iTunes.
“A Apple precisa demonstrar que é cada vez mais sensível à necessidade de melhorar suas relações com o governo e de estabelecer uma posição mais firme no mercado chinês”, disse Mark Natkin, diretor gerente da empresa de pesquisa de tecnologia da Marbridge Consulting, da China. “Portanto, um considerável investimento numa das principais companhias de tecnologia chinesas despertará considerável boa vontade”.
A Apple terá de fazer outras parcerias na China se pretende continuar nas boas graças de Pequim. O novo investimento contribuirá também para a Apple mostrar ao governo chinês que o sistema operacional iOS e o iPhone estão estreitamente vinculados ao desenvolvimento de aplicativos na China; o app da Didi, por exemplo, é o software mais baixado de sua categoria no país. “A Didi exemplifica a inovação que está ocorrendo na comunidade de desenvolvedores chineses”, disse Tim Cook, principal executivo da Apple, em nota. “Estamos absolutamente impressionados com o negócio que eles criaram e com sua equipe de direção”.
Para a Didi, o negócio contribui para fortalecer sua base tecnológica. A companhia chinesa atende a cerca de 300 milhões de usuários em mais de 400 cidades chinesas, mas é fraca em tecnologia, segundo analistas.
“A Apple está firmemente comprometida com o mercado chinês”, disse Brian Blau, analista da consultoria Gartner. “Ela vai procurar muitas outras oportunidades”.
/TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA