Apple remove aplicativos de VPN da App Store na China

Desenvolvedores reclamam que aplicativos sumiram das buscas na loja virtual da marca no país; pressão do governo está por trás de medida

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Por Agências
Atualização:
As redes privadas virtuais (VPN, em inglês) permitem que um dispositivo se conecte a um determinado servidor ou outro dispositivo de maneira privada Foto: Reuters

A Apple está começando a remover de sua loja de apps, a App Store, aplicativos que permitem a usuários chineses contornar o "Grande Firewall", sistema de filtros que não permite que os habitantes do país asiático acessem sites bloqueados como Google e Facebook, de acordo com os desenvolvedores desses aplicativos. 

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Diversos aplicativos populares, que dão aos usuários acesso a redes virtuais privadas (VPN, na sigla em inglês), desapareceram da versão chinesa da App Store no último sábado. Uma das companhias, a ExpressVPN, afirmou que a Apple havia notificado que seu aplicativo havia sido removido da App Store chinesa por ter conteúdo ilegal em solo chinês.

Outra empresa, a Star VPN, informou, em seu perfil no Twitter, que também recebeu o aviso. Pesquisas na China App Store para uma série de aplicativos VPN populares não apresentavam resultados nas buscas desde a noite de sábado.

“Estamos decepcionados com essa decisão, porque representa a medida mais drástica que o governo chinês tomou para bloquear o uso das VPN até o momento, e estamos preocupados ao ver a Apple ajudar os esforços de censura de Pequim”, comentou a ExpressVPN.

As redes privadas virtuais (VPN, em inglês) permitem que um dispositivo se conecte a um determinado servidor ou outro dispositivo de maneira privada, usando a infraestrutura pública da internet. 

Na prática, esses aplicativos criam um “túnel” para que as informações sejam transmitidas sem que terceiros possam acessá-las. Eles tem sido usados pelos chineses para acessar informações na internet sem o bloqueio do governo e acessar sites proibidos no país, como Facebook e Google.

A Apple confirmou as remoções em uma declaração e divulgou novas regras para esses desenvolvedores, que incluem a obtenção de uma licença dos órgãos reguladores chineses. “Nós precisamos remover alguns aplicativos de VPN na China, que não atendem aos regulamentos. Esses aplicativos permanecem disponíveis em todos os outros mercados”, justificou a Apple.

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Reguladores de internet da China não responderam a múltiplos pedidos de comentários sobre o assunto.

Pressão. O movimento da Apple tem como objetivo ajudar a empresa a manter o lado seguro de uma série de novos e difíceis regulamentos de segurança cibernética projetados para solidificar o controle de Pequim na internet chinesa. 

No início deste mês, a gigante de tecnologia anunciou que, devido às novas regras, vai armazenar os dados de clientes chineses em servidores operados por uma empresa controlada pelo governo.

Os aplicativos de VPN são um alvo antigo do governo chinês, já que são usados por boa parte da população para fugir da censura. Contudo, até agora, a Apple havia interferido pouco.

No passado, a Apple removeu aplicativos individuais da App Store chinesa, que operavam contra os censores da China. Mas é raro que a empresa elimine diversos programas de uma só vez.

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