Apple vai investir US$ 1 bilhão para criar empregos em manufatura nos EUA

Fabricante do iPhone ainda não revelou de que maneira vai empregar o dinheiro

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Por Katie Benner e Nelson D. Schwartz
Atualização:
Tim Cook anunciou o novo fundo de US$ 1 bilhão para investimentos em manufatura. Foto: Josh Edelson/AFP Photo

Durante sua campanha no ano passado, o presidente americano Donald Trump lamentou a perda de empregos em fábricas nos Estados Unidos e mirou empresas como a Apple para remediar o problema. “Eu vou fazer a Apple começar a fabricar seus computadores e iPhones em nosso país, não na China”, disse Trump. Com um anúncio na última quarta-feira, a Apple parece ter andado meio caminho na direção de Trump.

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A companhia, a mais valiosa de capital aberto do mundo, não anunciou a construção de uma fábrica nos EUA. Porém, vai se dedicar à criação de empregos para americanos em linhas de produção. A empresa anunciou a criação de um fundo de US$ 1 bilhão para manufatura avançada nos Estados Unidos e vai tornar público o primeiro investimento do fundo até o final de maio.

“Os empregos na manufatura criam outros postos em torno deles, porque você tem uma indústria de serviços”, disse o presidente da Apple, Tim Cook, durante entrevista à rede de TV norte-americana CNBC.

Com o anúncio do fundo, a Apple torna-se mais uma empresa que, nos últimos meses, anunciaram que iriam ajudar a criar novas vagas de trabalho nos Estados Unidos, como Carrier, SoftBank e Infosys.

Alguns críticos dizem que a administração de Trump está muito focada na manufatura, em vez de promover ocupações em áreas de serviços, como lazer e hospitalidade. Para dois terços dos americanos que não completaram o ensino superior, porém, os empregos em fábricas são a saída para se manterem na classe média. De acordo com o Bureau of Labor Statistics, um trabalhador da indústria tipicamente recebe US$ 26 por hora, enquanto um profissional que atua em serviços de hotelaria ou em restaurantes recebe US$ 14.

Habilidades. Ainda que mais empregos na área de manufatura sejam criados, poucos americanos têm as habilidades necessárias para ocupar essas vagas. Em seu mais recente relatório sobre o tema, a rede social profissional LinkedIn afirma que não existem candidatos preparados para trabalhar na indústria em regiões próximas às cidades de Nova York, Los Angeles e Denver, que não têm a mesma base de cidades industriais, como Cleveland e Detroit.

Nessas áreas, muitos estudantes de Ensino Médio evitam seguir carreiras nessa área, o que provocou um “apagão” de profissionais, já que os mais velhos estão se aposentando.

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Com o novo fundo, o foco da Apple é uma área da indústria chamada de manufatura avançada, que envolve a produção de produtos de alto valor em áreas como tecnologia, aviação, automóveis, energias renováveis e equipamentos médicos. Isso envolve a produção de pequenos lotes, em vez de produção em massa, com o uso de robôs e impressão 3D.

Sobre a influência de Trump na criação do fundo, Cook não comentou. Quando perguntado sobre como era trabalhar com o presidente, o executivo se limitou a dizer que sempre existem pontos de concordância e discordância, em qualquer governo, de qualquer país. “Temos que achar pontos em comum e tentar influenciar aqueles que não concordamos.”

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