Com serviços de games e vídeo a R$ 10 por mês, Apple faz aposta ousada

Apple Arcade e Apple TV+, que rivalizará com Netflix, chegam ao Brasil até o final do ano e são tática da empresa para reduzir dependência de receitas com iPhone

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Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Capelas , Bruno Romani e Giovanna Wolf
Atualização:
Serviço Arcade custará US$ 4,99 Foto: Giovanna Wolf/Estadão

Para reduzir sua dependência do iPhone, a Apple tem uma estratégia muito bem desenhada: investir na oferta de serviços a seus usuários. Ontem, a empresa deu dois passos importantes nessa tática ao divulgar detalhes sobre o Apple Arcade – biblioteca de jogos exclusivos que poderão ser jogados não só no iPhone, mas também no computador ou na TV – e o Apple TV+, serviço de streaming de vídeo que pretende rivalizar com Netflix, Disney e Amazon. 

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As duas plataformas estarão disponíveis no Brasil em breve, com assinaturas mensais de R$ 9,90. O Apple Arcade chegará em 19 de setembro, enquanto o Apple TV+ será lançado em 1.º de novembro. Os dois lançamentos ocorrerão junto com as estreias no resto do mundo – os planos da Apple são de levar ambos os serviços a mais de cem países de uma tacada só. Para fazê-los deslanchar, a Apple está investindo pesado: segundo o jornal Financial Times, a empresa investirá US$ 6 bilhões para produzir séries e filmes para o serviço. 

Entre elas, há produções de pesos pesados, incluindo The Morning Show, série de comédia que será estrelada pelo trio Reese Witherspoon, Jennifer Aniston e Steve Carell e tem custo de produção estimado em US$ 300 milhões para sua primeira temporada – os três atores ganharão US$ 1,25 milhão a cada episódio da série, que terá dez capítulos. 

Há ainda produções lideradas por Steven Spielberg e Oprah Winfrey. Nesta terça-feira, 10, o presidente executivo da Apple, Tim Cook revelou mais um projeto: See, série que se passa em um universo pós-apocalíptico e é estrelada pelo ator Jason Momoa (Aquaman, Game of Thrones). 

Para assistir ao serviço, será preciso ter um dispositivo da Apple – como iPhone, Mac, iPad ou Apple TV. Quem comprar um modelo novo de algum desses quatro aparelhos da Apple nos próximos meses vai ganhar uma assinatura gratuita do serviço por um ano.

Haverá ainda compatibilidade da plataforma de streaming com alguns dispositivos específicos, como TVs da Samsung, mas não para smartphones Android. Quem quiser também poderá assistir ao serviço em qualquer computador, no endereço "tv.apple.com". “A Apple pretende que a base instalada de iPhones e outros produtos impulsione o consumo desse serviço”, diz o professor da PUC-RS, Eduardo Pellanda. 

O preço é bastante competitivo: aqui no Brasil, uma assinatura da Netflix sai entre R$ 21,90 e R$ 45,90, enquanto serviços como a HBO Go saem por R$ 34,90 ao mês. 

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O único streaming mais barato que o Apple TV+ no País será o Amazon Prime Video, que também custa R$ 9,90, mas vem ainda com um pacote que inclui benefícios como frete grátis nas compras feitas com a varejista americana, biblioteca de livros e serviço de streaming de música. 

Na visão de Pellanda, o fato de a Apple não precisar desesperadamente mudar o foco de sua receita, mas sim poder fazer uma transição calma, ajuda a companhia a oferecer planos atraentes para o consumidor. 

Serviço de games pode aumentar número de jogadores

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Anunciado em março, o Apple Arcade será uma espécie de “Netflix dos games”. Terá uma biblioteca de mais de cem jogos exclusivos, com parceiros que vão de grandes estúdios, como Capcom e Konami, a produtoras independentes – caso da brasileira Aquiris, cujo logotipo apareceu na apresentação do serviço, e da Annapurna Interactive, responsável pelo hit Florence.

Na visão de Renato Franzin, professor da USP, plataformas como essa podem ajudar a revolucionar o mercado de games, que ainda é bastante pulverizado. “É um preço convidativo, especialmente para pessoas que não se sentem confortáveis em comprar um jogo de R$ 200 ou um console”, explica. “Vai reduzir bastante a barreira de entrada para o mercado dos jogos.”

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