Como Elon Musk vai pagar pelo Twitter?
Apesar da fortuna bilionária, caminho para o homem mais rico do mundo adquirir o Twitter pode não ser tão simples
15/04/2022 | 05h00
Por Lauren Hirsch - The New York Times
Na última quinta-feira, 14, Elon Musk ofereceu US$ 43 bilhões para comprar 100% do Twitter
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Com um patrimônio líquido de US$ 270 bilhões, Elon Musk é a pessoa mais rica do mundo. Mas, depois de anunciar uma oferta de US$ 43 bilhões para comprar todas as ações do Twitter, ainda há dúvidas sobre como Musk vai conseguir concretizar a operação.
Mas por que?
A riqueza de Musk está principalmente vinculada às ações da Tesla. Embora ele tenha vendido recentemente bilhões de dólares dessas ações, ele pagou bilhões em impostos sobre essas vendas, e também doou uma grande parte das ações para caridade. Ele pode pegar emprestado as consideráveis ações da Tesla que restam, mas a empresa restringe o quanto seus executivos podem colocar essas ações como garantia, limitando a quantidade de dinheiro que ele poderia levantar dessa maneira.
Musk contratou a Morgan Stanley como consultora para sua oferta no Twitter, de acordo com o que ele mesmo disse em um documento regulatório. Pessoas ou empresas que tentam adquirir outras empresas, muitas vezes recorrem a bancos para financiamento de dívidas, uma perspectiva que os credores geralmente estão ansiosos para oferecer, especialmente quando as taxas de juros estão baixas. O acordo para comprar e tornar o Twitter privado pode exigir de US$ 15 a 20 bilhões em financiamento de dívida, de acordo com a análise de Dan Ives, da Wedbush Securities.
Assim, seria um passo natural para Musk procurar ajuda de um parceiro financeiro, como ele fez em 2018, quando trabalhou com a empresa de capital privado Silver Lake na tentativa de fechar o capital da Tesla, em um acordo de mais de US$ 70 bilhões. Por acaso, a Silver Lake tem um assento no conselho do Twitter, obtido após um investimento de US$ 1 bilhão. Mas a empresa também assinou uma espécie de acordo de suspensão, que aparentemente limita sua capacidade de participar de tal acordo.
Musk tem um histórico conturbado com alguns dos bancos que já trabalharam com ele em grandes negócios antes. No ano passado, o JPMorgan Chase processou Musk em US$ 162 milhões por causa de um tweet que ele postou durante a oferta da Tesla em 2018. Musk alegou ter conseguido financiamento para tornar a Tesla privada, inicialmente fazendo as ações da empresa dispararem, mas os papéis afundaram quando ficou claro que nenhum acordo havia sido alcançado.
Por fim, Elon Musk também já levantou bandeiras vermelhas regulatórias com seu investimento no Twitter. Ele atrasou a divulgação inicial de sua participação para a Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana), e rapidamente mudou a natureza dessa operação, passando de um investimento descrito antes como uma “compra passiva”, para um investimento sugerindo que Musk pretendia ter um papel ativo em influenciar as operações e a estratégia do Twitter.
O Twitter, por sua vez, contratou assessores do Goldman Sachs para ajudar a afastar Musk, disseram pessoas próximas da operação ao The New York Times. A empresa tem um relacionamento de longa data com o banco - o diretor financeiro do Twitter, Ned Segal, era um banqueiro de investimentos no Goldman Sachs. /TRADUÇÃO DE DANIEL TOZZI
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