Como foi entrevistar Mark Zuckerberg para o ‘Estado’

Em entrevista na qual era proibido filmar ou fotografar, o presidente executivo do Facebook se comporta como um chefe de Estado, mas é humano – fica ansioso, impaciente e fala com carinho da família

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Era proibido fotografar dentro da sede do Facebook Foto: Elijah Nouvelage/Reuters

Mark Zuckerberg tem um aperto de mão firme. É a primeira coisa que penso quando o cumprimento em sua sala na sede do Facebook, em Menlo Park (EUA), uma das várias cidades que compõem o Vale do Silício. Ele se comporta como um chefe de Estado, até porque talvez seja mesmo um – afinal, um quarto da Terra usa diariamente seus serviços.

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Surpreendentemente, não preciso passar por nenhum tipo de esquema de segurança avançado até chegar em sua sala. Ao contrário do que poderia imaginar, o espaço está longe de ser um bunker. É uma sala toda envidraçada, com poltronas, um sofá e uma mesa de madeira – por um instante, quase me sinto em uma sala de estar. A palavra-chave aqui parece ser “transparência”. Mas é preciso dizer: até chegar àquele aperto de mão, tudo é rigorosamente cronometrado.

A assessora de imprensa que me acompanha me avisa de cada passo, em meio a salas com nomes engraçadinhos – como RuPaul McCartney ou Exodia, uma homenagem à criatura fantástica do jogo Yu-Gi-Oh, popular nos anos 2000. Entre cafés e salgadinhos, ela recebe uma mensagem em seu celular avisando que precisamos começar a andar para chegar até o local da entrevista. Zuckerberg não pode desperdiçar nem um segundo sequer. 

Tampouco há espaço para arroubos multimídia: eu não podia fotografar nada dentro da sede do Facebook – a não ser da demonstração da nova tecnologia de realidade virtual que a empresa anunciou esta semana. Também é praticamente proibido filmar. Quanto à entrevista, só poderia utilizar o áudio para minhas próprias anotações. 

Daquele aperto de mão, uma contagem regressiva de 30 minutos, mas eu só teria uma parte deles para perguntar o que quisesse – a parte inicial estava dedicada para a realidade virtual. Ele me cumprimenta e já sentamos de frente um para o outro. Primeiro, falamos dos planos para criar o que ele chama de “uma nova plataforma de computação”. Enquanto fala, seus olhos cintilam, em um azul profundo. É de longe a característica mais marcante de seu rosto. 

Talvez o aspecto mais curioso foi confirmar que, sim, Zuckerberg é um humano comum. Temos praticamente a mesma altura. Ele reage às minhas perguntas como um entrevistado normal. Dá um sorriso amarelo em resposta a piada ruim. Mostra um tom de ternura quando fala das filhas. Fica ansioso e relutante, procurando escolher sempre a palavra correta. E claro, fica impaciente quando tento a última pergunta. 

É tudo muito rápido: mal ele acaba de responder à última questão e já está de pé. “Bom te ver”, diz oferecendo seu aperto de mão pela segunda vez, e sai andando com pressa. Meu último relance na presença de Zuckerberg foi ver que ele checava notificações em seu celular. Qual terá sido o primeiro meme no zap que ele respondeu depois da entrevista? 

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Confira a entrevista do 'Estado' com Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook

*O jornalista viajou a Menlo Park (EUA) a convite do Facebook

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