Compra do Twitter: de onde vem a riqueza de Elon Musk?

Homem mais rico do mundo, Musk aumentou seu patrimônio em quase dez vezes nos últimos dois anos

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Por Daniel Tozzi
Atualização:
Fortuna do homem mais rico do mundo é estimada em US$ 220 milhões Foto: Michele Tantussi/Reuters

Elon Musk, o homem mais rico do mundo, comprou o Twitter na segunda-feira, 25, por US$ 44 bilhões, no maior negócio da história envolvendo redes sociais. Para concretizar a transação, Musk vai usar cerca de US$ 21 bilhões do próprio bolso, o que faz da compra do Twitter a maior transação já realizada por uma única pessoa. Tudo isso, claro, levanta a questão: de onde vem tanto dinheiro? 

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Com uma fortuna avaliada em aproximadamente US$ 220 bilhões, a maior parte do império está ancorado nas participações na Tesla, montadora de carros elétricos (que, em outubro de 2021, alcançou o valor de mercado de US$ 1 trilhão), e na SpaceX, empresa de foguetes e voos espaciais comerciais, avaliada em pouco mais de US$ 100 bilhões. 

A participação do executivo na montadora é estimada em 20% das ações. Isso significa que Musk enriquece conforme a Tesla se valoriza, algo que vem acontecendo em ritmo constante. Nos últimos dois anos, a companhia valorizou mais de 540%. O salto é tão grande que Musk era dono de um patrimônio de “meros” US$ 24,6 bilhões na edição de 2020 do ranking de bilionários da Forbes

Em relação à SpaceX, é mais difícil precisar quanto ela compõe a fortuna do bilionário - a empresa tem capital fechado, ou seja,não comercializa ações na bolsa de valores, o que torna mais difícil apurar qual porcentagem pertence a Musk. Algumas estimativas apontam, por exemplo, que ele é dono de metade da companhia em valores societários, embora exerça controle total sobre os rumos da empresa.

Porém, a companhia é uma das empresas de capital fechado mais valiosas do mundo. Segundo ranking da consultoria CB Insights, a SpaceX é a segunda startup mais valiosa do mundo , atrás apenas da chinesa ByteDance (US$ 140 bilhões), dona do TikTok.

Como ele chegou lá 

Nascido em Pretória, na África do Sul, em 1971, Musk é filho do engenheiro e empresário Errol Musk e da modelo e nutricionista Maye Musk. Há bastante controvérsia a respeito de como era a condição financeira de sua família. 

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Em 2018, por exemplo, uma reportagem da versão sul-africana do site Business Insider afirmou que o pai de Elon Musk teria sido dono de uma mina de diamantes na Zâmbia, o que teria impulsionado o enriquecimento da família na África do Sul durante o período do regime segregacionista do apartheid. Musk nega as informações e, em um post no Twitter, chegou a afirmar que seu pai e sua família foram financeiramente dependentes dele por mais de 20 anos. 

Desde criança interessado em games e computadores, Musk aprendeu programação sozinho e, com 12 anos, desenvolveu o seu próprio game para computador, o “Balstar”, vendido a uma revista especializada por US$ 500, ainda na África do Sul. 

Aos 17, Musk mudou-se para o Canadá e depois para os Estados Unidos, onde concluiu a graduação em Física e Economia na Universidade da Pensilvânia, na cidade da Filadélfia.

É nesse momento que sua carreira de empresário ganha força. Já no Vale do Silício, em 1995, ao lado do irmão Kinbal Musk, Elon criou um software chamado “Zip2”, que consistia em uma espécie de plataforma para reunir informações sobre empresas no ambiente digital e conectá-las aos consumidores.

Considerada inovadora para a época, a Zip2 atraiu o interesse de investidores maiores e, em 1999, foi vendida por US$ 307 milhões. Desse valor, Musk teria ficado com aproximadamente US$ 22 milhões. 

PayPal e o salto rumo ao clube dos bilionários

Com os ganhos obtidos a partir da venda da Zip2, Musk investiu no negócio que mudaria o patamar de sua carreira: a criação do sistema de pagamentos online X.com. Pouco tempo depois, a X.com se uniu ao banco online Confinty, fusão que deu origem ao PayPal, ainda hoje uma gigante do setor de pagamentos online. 

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Então dono da maior parte das ações da empresa recém-formada, Musk ganhou aproximadamente US$ 165 milhões com a venda do PayPal para o eBay, em outubro de 2002. Foi também nesse ano que Musk utilizou boa parte de seus rendimentos para fundar a Space Exploration Technologies, a SpaceX, seu sonho de infância. 

Dois anos depois, em 2004, Musk investiu pouco mais de US$ 7 milhões na recém-criada Tesla, fundada pelos engenheiros Martin Eberhard e Marc Tarpenning. Desde então, Musk sempre esteve envolvido com a companhia, até se tornar CEO em 2008. Em 2010, a empresa abriu capital na Bolsa de Valores e, em 2012, com o sucesso do empreendimento, Musk apareceu pela primeira vez na lista de bilionários da Forbes. 

Diversificaçãoe a compra do Twitter 

Nos últimos dez anos, Musk encarregou-se não apenas de administrar seus negócios, mas também de fazer novas apostas. 

Além da Tesla e da SpaceX, fazem parte do império de Elon Musk hoje a SolarCity, ligada à geração de energia solar, a NeuraLink, que desenvolve chips cerebrais, e a The Boring Company, empresa de infraestrutura dedicada à escavação de túneis para trens de alta velocidade. 

Todas elas se juntam ao Twitter na lista de propriedades do homem mais rico do mundo, posição que ocupa desde setembro de 2021, quando ultrapassou Jeff Bezos, fundador da Amazon. 

Criptomoedas

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Excêntrico, Elon Musk também ganhou destaque nos últimos anos por sua relação muitas vezes ambígua com o investimento em criptomoedas. Embora já tenha feito críticas, por exemplo, à mineração das moedas digitais, Musk revelou que investe parte de sua fortuna nas criptomoedas Bitcoin, Ether e Dogecoin, e que aguarda retorno de “longo prazo” dessas aplicações — mas nunca revelou valores exatos dos investimentos nesses ativos. 

Em outra oportunidade, quando interagia com um usuário no Twitter, Musk ressaltou que, embora invista nos ativos digitais, não é correto “apostar tudo em criptomoedas”. “O verdadeiro valor está em construir produtos e fornecer serviços aos seus semelhantes, e não fazer dinheiro de qualquer forma”, acrescentou. 

O primeiro trilionário 

Previsões apontam que Elon Musk pode se tornar o primeiro trilionário da história do mundo, em 2024. Isso porque a expectativa é que seus dois principais empreendimentos, Tesla e SpaceX, em especial esta última, continuem se valorizando no mercado. 

Ambas empresas trabalham com setores estratégicos, principalmente sob o ponto de vista do futuro da economia. A Tesla se consolidou como a principal referência no setor de carros elétricos e lidera a ideia da transição mundial para o uso de energias sustentáveis no transporte rodoviário. O sucesso da empresa é tão grande que seu valor de mercado já é o maior entre todas as montadoras de veículos do mundo. 

Já a SpaceX, que no início do ano completou 20 anos de fundação, vive o que pode ser considerada a sua fase de ouro, batendo recordes de viagens ao espaço e se tornado responsável pela maior parte dos lançamentos de foguetes nos EUA. Não à toa, ao longo de toda sua trajetória, a SpaceX coleciona contratos milionários com a Nasa (agência espacial dos EUA). E, a depender de Musk, ainda vai ser a responsável por levar o homem à Marte.  

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