Correios lançam operadora de celular com plano pré-pago de R$ 30

Inspirada em exemplos europeus, estatal vai vender chips e recargas em busca de nova receita; infraestrutura ficará a cargo da EUTV

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Chip da Correios Celular, que será vendido a partir desta segunda-feira, 6, em 12 agências de São Paulo, por R$ 10 Foto: Sérgio Castro/Estadão

Cartas, encomendas, selos, chips e recargas para celular. A partir desta segunda-feira, 6, os Correios lançam sua operação de telefonia móvel, vendendo chips e recarga para planos pré-pagos de celular em 12 agências da cidade de São Paulo. Há quatro anos com prejuízos e após passar recentemente por um programa de demissão voluntárias, a empresa espera encontrar uma nova fonte de receitas com a telefonia móvel, atuando no modelo de operadora virtual, bastante popular na Europa. 

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Para 2017, as expectativas do projeto são conservadoras: faturar 14 milhões, com 500 mil usuários até o final do ano. Em 2018, a meta é de receita de R$ 60 milhões. “Esperamos que, em cinco anos, faturemos R$ 300 milhões e tenhamos 8 milhões de usuários. É uma progressão que pode fazer a diferença para a empresa”, disse Guilherme Campos, presidente dos Correios, durante entrevista coletiva realizada na manhã da segunda-feira, em São Paulo. No ano passado, a estatal registrou prejuízo em torno de R$ 2 bilhões. 

A operação começa nesta segunda com o plano Alô 30: por uma recarga mensal de R$ 30, os usuários terão 100 minutos para qualquer celular e fixo de qualquer DDD, franquia de dados de internet de 1 GB e WhatsApp gratuito, sem cobrança na franquia. Cada chip, por sua vez, vai custar R$ 10. 

Por enquanto, o serviço será vendido apenas em São Paulo – até o final do mês, 164 agências da cidade vão vender chips e recargas. “Começamos por São Paulo para garantir viabilidade comercial. Não estamos fazendo Vale Celular, não há subsídio: quem não puder pagar R$ 30 por mês, não vai poder usar a Correios Celular”, disse Campos. 

Nos próximos meses, a empresa deve começar a oferecer chips em Brasília e Belo Horizonte -- a meta é alcançar todos os Estados do Brasil até o fim do ano, atendendo o público das classes C, D e E. 

Para o analista Pietro Delai, da IDC Brasil, é uma estratégia de diferenciação das operadoras “tradicionais”. “Eles estão mirando em um público desbancarizado, e que gosta de tirar dúvidas presencialmente”, diz. “A dúvida é se vão conseguir atender o que os clientes vão buscar lá”. Em 2018, os Correios vão começar estudos para definir a viabilidade de oferecer planos pós-pagos. 

Virtual. Ter uma operadora é um projeto antigo dos Correios, desde que, em 2010, a Anatel liberou o modelo de operadoras virtuais no País. Nesse sistema, uma empresa ou organização pode vender chips e planos de telefonia móvel, sem precisar se preocupar com a infraestrutura de telecomunicações – tarefa que cabe a uma operadora parceira. É o que vai acontecer na Correios Celular: enquanto os Correios cuidam do atendimento, a infraestrutura será responsabilidade da EUTV, empresa que venceu licitação realizada pela estatal em maio do ano passado. 

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O aspecto curioso do processo é que a EUTV também é uma operadora virtual – só que do tipo autorizada, que tem de investir em infraestrutura e cuida de parte das conexões dos usuários. A EUTV utiliza a rede da TIM, como é o caso de outras operadoras virtuais brasileiras, como a Porto Seguro Conecta. 

“Por enquanto, usamos a cobertura da TIM. Além disso, compramos um espectro da frequência do 4G no último leilão da Anatel em São Paulo e estamos analisando investimentos para ir além da cobertura da TIM no resto do País”, disse Yon Moreira, presidente da EUTV.