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Desenvolvedores de aplicativos podem ler e-mails de usuários do Gmail, diz jornal

Reportagem do Wall Street Journal mostra que programadores ainda tem acesso a informações como histórico de compras e troca de e-mails

Por Redação Link
Atualização:
Sundar Pichai é o presidente do Google Foto: Stephen Lam/Reuters

O Google ainda permite que os desenvolvedores de software de dentro e fora da empresa leiam os e-mails de milhões de usuários do Gmail, disse uma reportagem do jornal The Wall Street Journal. A notícia surge um ano depois que o Google confirmou que impediria que seus sistemas lessem e analisassem a caixa de entrada de seus serviços de e-mail.

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Segundo a reportagem, o Google tem políticas frouxas de monitoramento dos desenvolvedores que treinam seus sistemas lendo e-mails de usuários. Com acesso a leitura de e-mails dos usuários os desenvolvedores têm acesso a dados como histórico de compras, itinerários de viagens, registros financeiros e comunicações pessoais.

As informações são coletadas principalmente, diz a reportagem, quando usuários se inscrevem em aplicativos gratuitos usando um e-mail do Gmail.

É o caso da Retur Path, uma empresa que coleta dados para campanhas de marketing examinando a caixa de entrada de mais de 2 milhões de usuários. Nesse caso, diz o jornal, os computadores analisam cerca de 100 milhões de e-mails por dia. Assim, em dois anos, os funcionários da empresa leram aproximadamente 8 mil e-mails para treinar o seu próprio software.

Google justifica que só fornece dados para desenvolvedores externos poucos e examinados e para quem recebeu permissão dos usuários para acessar e-mails. A empresa disse ainda que os próprios funcionários do Google só leem e-mails “em casos muito específicos” em que usuários dão consentimento ou para investigação de falhas no sistema ou de casos de abuso.

Impacto. O Gmail tem mais de 1,4 bilhão de usuários e é considerado o maior serviço de e-mails do mundo. A estimativa é que a empresa tenha dois terços de todos os usuários de e-mail ativos em todo mundo e o Gmail tenha mais usuários que os outros 25 maiores provedores de correio eletrônico do mundo.

A empresa já foi processada pelo menos três vezes por usuários. Os processos indicam que a empresa violou leis federais dos Estados Unidos de interceptação de informações no telefone. O Google justificou que nenhum humano lê e-mails para segmentar anúncios ou informações pessoais sem o consentimento dos usuários e ganhou uma das ações. Os outros dos processos foram arquivados.

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Em 2014, a gigante de tecnologia disse que não iria mais verificar a caixa de entrada de usuários do Gmail. E em junho do ano passado, a empresa disse que não permitiria mais a varredura de e-mails para usar as informações em anúncios.

Reação. Nesta quarta-feira, 4, o Google publicou um post em seu blog oficial explicando como dá acesso ao Gmail para desenvolvedores. De acordo com a empresa, antes de esses aplicativos terem acesso às informações, eles passam por um processo de revisão feito pelo Google para garantir que se trata de um aplicativo legítimo.

A empresa também afirma que os usuários podem revisar que tipo de dados esses aplicativos terão acesso, no momento em que permitem que eles se conectem à conta do Gmail. "Antes de um aplicativo que não é do Google ter acesso aos seus dados, nós mostramos uma tela de permissões que claramente mostra os tipos de dados que eles terão acesso, além de como podem usar seus dados", afirma .

O Google reforçou que não lê os e-mails dos usuários, mas faz o processamento automático das informações para oferecer recursos como as respostas rápidas do Gmail, que sugerem respostas pré-configuradas para e-mails. A empresa nega que use essas informações para exibir publicidade para usuários do serviço.

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