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Dona da 99 versus China: entenda tudo sobre o caso

A Didi Chuxing, empresa dona do app 99, está sofrendo repressões do governo Chinês

Por Rafaela Barbosa
Atualização:
A chinesa Didi comprou o aplicativo brasileiro de mobilidade 99 Táxis em 2018 Foto: Carlos Jasso/Reuters

A disputa que envolve a Didi, empresa dona da 99, contra o governo chinês ganhou um novo capítulo nesta semana. A China, por meio da Administração do Ciberespaço da China (CAC, na sigla em inglês), derrubou os aplicativos da empresa nas lojas de apps que operam no país, alegando motivos de segurança nacional e interesse público na segunda-feira, 12. 

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A Didi vem sofrendo com revéses desde que anunciou a abertura de oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) em solo americano. Veja tudo o que sabemos até o momento. 

Quem é a Didi?

A Didi se apresenta como uma “plataforma de tecnologia de mobilidade líder mundial”. Na China, a empresa opera com o nome de Didi Chuxing e funciona como outros serviços de transporte como o Uber. A Didi comprou a 99 Táxis em 2018, passando a operar no Brasil desde então. Durante o ano de 2020, foram mais de 1 bilhão de corridas fora da China, segundo levantamento da própria empresa. A Didi está presente na Ásia, América Latina, África, e Europa.  

Por que a China decidiu investigar a Didi?

A China diz que a empresa coletou ilegalmente dados pessoais dos usuários, mas não especificou a natureza da violação da empresa. A Didi respondeu dizendo que havia parado de registrar novos usuários e removeria seu aplicativo das lojas online. A empresa, que coleta uma grande quantidade de dados de mobilidade para pesquisa de tecnologia e análise de tráfego, também afirmou que se esforçará para corrigir quaisquer problemas para proteger a privacidade dos usuários.

A Didi também está enfrentando uma investigação antitruste, revelada pela Reuters em junho, para verificar se a empresa usou comportamentos anticompetitivos para afastar rivais menores do mercado. A companhia afirmou na época que não comentaria sobre "especulações infundadas de fontes não identificadas". 

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A ação do país, porém, ocorreu em meio a um aperto regulatório generalizado sobre as empresas de tecnologia chinesas, que começou com o cancelamento do IPO de US$ 37 bilhões planejado pela fintech Ant Group, afiliada da Alibaba (dona da AliExpress), no final do ano passado.

Grande parte da pressão regulatória da China tem sido feita por seu órgão antitruste e a ordem contra a Didi representa uma das ações mais importantes da agência desde sua fundação em 2014, sugerindo uma ênfase crescente na segurança de dados para empresas listadas nos EUA.

Qual a ligação da abertura de capital com a disputa?

Embora as partes não confirmem, o processo de abertura de capital parece ter desagrado Pequim. O IPO foi anunciada em março de 2021. Para a surpresa de alguns, a Didi não pretendia fazer a oferta pública inicial na bolsa de valores de Hong Kong. O objetivo era levar essa trama para terras americanas e fazer a oferta em Nova York. A preferência era por conta de alguns entraves da Didi Chuxing com o governo chinês relacionados a carros não licenciados. 

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A meta de avaliação era de US$ 100 bilhões na época, que poderia arrecadar cerca de US$ 10 bilhões se vendesse 10% das ações. A abertura foi feita em Nova York, mas foi menor do que o esperado: a avaliação de US$ 73 bilhões. A empresa levantou US$ 4,4 bilhões, menos da metade do esperado. 

Segundo a agência de notícias Reuters, a meta não foi alcançada porque os investidores temiam que as leis regulatórias dos países pudessem afetar o desenvolvimento da marca. A Didi já havia sofrido com esse problema na China e os episódios poderiam se repetir nos outros países onde opera. 

Dois dias após a abertura em Nova York, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) deu início a investigações sobre a Didi Chuxing. A empresa está impedida de registrar novos usuários enquanto as operações estiverem em curso.

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O que a China fez após a investigação?  

Na segunda, 12, a empresa foi obrigada a remover das lojas da China todos os aplicativos que possuía. Ao todo, são mais de 25 apps que não podem mais ser baixados. Os usuários que já possuem os apps nos smartphones ainda conseguem acessá-los. O impacto deve ser observado na receita da empresa nas próximas semanas. 

“A CAC notificou as lojas de aplicativos para retirarem os apps de suas plataformas e exigiu que a companhia cumpra estritamente com regras e legislações, e retifique o problema para garantir a segurança das informações pessoais dos usuários", informou a Didi em comunicado. 

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