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É possível viver sem as maiores empresas de tecnologia?

Gigantes como Amazon e Google se embrenharam em nossas vidas de tal modo que é difícil pensar num cotidiano sem elas

Por Farhad Manjoo
Atualização:
  Foto: DOUG CHAYKA | NYT

Algumas semanas atrás, comprei uma televisão nova. Para isso, lidei com apenas uma companhia: a Amazon. E não foi apenas a TV. À medida que comecei a analisar minhas decisões domésticas, descobri que, em 2016, 10% das minhas transações comerciais foram feitas com a gigante de Seattle.

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Com seus equipamentos Echo e Fire TV, audiolivros, filmes e séries de TV, a Amazon se tornou, para minha família, mais do que uma simples loja.

Pode soar um exagero. Mas e você? Suspeito que, se examinar de perto sua própria vida, há uma grande chance de que outra empresa de tecnologia ocupe o mesmo papel para você que a Amazon ocupa para mim.

Esse é o fato mais gritante e subvalorizado do capitalismo da era da internet: somos escravos de um punhado de empresas americanas que hoje dominam grande parte da economia global. Eu falo das “cinco temíveis”: Amazon, Apple, Facebook, Microsoft e Alphabet, holding do Google.

Elas estão entre as companhias mais valiosas do planeta, valendo trilhões coletivamente. Seu crescimento levou a pedidos para mais regulamentações e intervenções antitruste. Há uma preocupação crescente a respeito de sua influência sobre a cultura e a informação.

Esses são todos tópicos dignos de discussão, mas frios e abstratos. Então, uma maneira melhor de apreciar o poder dessas cinco pode ser analisando o papel que cada uma tem nas suas atividades do dia a dia.

Então, inventei um jogo divertido: se um rei malvado, com fobia de tecnologia, forçasse você a abandonar cada uma das cinco gigantes, em que ordem você o faria e quanto sua vida iria piorar como resultado disso?

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Quando fiz esse jogo imaginária, descobri que deixar de lado duas gigantes tecnológicas era bem fácil – mas depois o processo se tornou cada vez mais insuportável. Eu abandonaria o Facebook, primeiro. Normalmente socializo usando o Twitter, o sistema de mensagem da Apple e o Slack, o aplicativo de conversas do escritório.

A segunda seria a Microsoft, que achei um pouco mais difícil de largar. Normalmente, não uso equipamentos Windows, mas o processador de texto da Microsoft, o Word, é uma ferramenta essencial para mim.

Em terceiro lugar, a Apple. Não há nada que eu use mais do que meu iPhone, seguido de perto por meu MacBook e o iMac 5K. Deixar a Apple causaria rearranjos irritantes na minha vida, incluindo enfrentar o software ruim da Samsung.

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Em quarto lugar viria o Google. Sem o melhor mecanismo de busca, meu trabalho se tornaria quase impossível. Sem o YouTube, seria menos divertido. E sem falar de e-mail, mapas, calendário, software de tradução.

Então deparei-me com o mestre dos meus domínios. Tenho comprado na Amazon desde os anos 1990. À medida que minha vida se tornou mais movimentada e ganhei mais responsabilidades, a Amazon assumiu um papel cada vez mais importante. Poucos anos atrás pensei ter chegado ao limite. Então surgiu o Echo, computador falante da empresa, que se comunica pela “persona” Alexa e que infectou minha família feito um vírus. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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