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Elon Musk vai ao tribunal para defender aquisição da SolarCity pela Tesla

Acordo de US$ 2,6 bilhões, feito em 2016, é questionado por acionistas da empresa; a fabricante de painéis solares SolarCity pertencia aos primos de Musk e estava com dificuldades financeiras

Por Agências
Atualização:
Elon Musk, presidente executivo da Tesla Foto: Andrew Harrer/Bloomberg

Elon Musk depôs nesta segunda-feira, 12, para defender a aquisição da empresa de painéis solares SolarCity feita pela Tesla em 2016 – à época, o acordo custou US$ 2,6 bilhões. Acionistas questionam a compra da fabricante, que pertencia aos primos de Musk e estava com dificuldades financeiras. 

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Pouco depois de depor, Musk negou que o acordo foi um resgate à SolarCity, como os acionistas da Tesla haviam alegado. "Como foi uma transação ação-por-ação e eu possuía quase exatamente a mesma porcentagem das duas, não houve ganhos financeiros", disse, respondendo a perguntas de seu advogado. O presidente executivo da Tesla possuía 22% de participação na SolarCity. 

O depoimento de Musk é o pontapé inicial de um julgamento de duas semanas na cidade de Wilmington (Delaware), nos Estados Unidos, diante do vice-chanceler Joseph Slights, que decidirá se o acordo com a SolarCity foi justo aos acionistas da Tesla.

O processo do sindicato de fundos de pensão e gerentes de ativos alega que o presidente executivo da Tesla forçou o conselho a comprar a SolarCity no momento em que a empresa estava prestes a ficar sem dinheiro.

Os acionistas pediram que o tribunal ordenasse que Musk, uma das pessoas mais ricas do mundo, reembolsasse a Tesla pelo que foi gasto no acordo, o que representaria uma das maiores decisões judiciais da história contra um indivíduo. No entanto, mesmo se o juiz considerar o acordo injusto, ele pode decidir por uma quantidade muito menor em danos.

Defesa

Musk, usando um terno escuro, camisa branca e gravata escura, disse ao tribunal que via a empresa de painéis solares como uma parte natural da transição para energia sustentável antes mesmo do acordo com a SolarCity. Ele considerou o acordo na época como central ao seu “Plano Diretor, Parte Dois”, que busca remodelar o transporte pelo uso de energia sustentável para abastecer uma frota de veículos elétricos autônomos.

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Musk disse nesta segunda que não controlava a nomeação de membros do conselho ou as suas remunerações e que eles negociaram o acordo com a SolarCity e seus termos econômicos sem a sua influência.

Questionado pelo seu advogado, Evan Chesler, para descrever sua relação com o conselho de diretores, Musk disse: "Eu diria que é boa. Eles trabalham duro e são competentes. Fornecem bons conselhos e são rigorosos nas suas ações em nome dos acionistas".

O advogado dos acionistas, Randall Baron, alertou Musk que "planejamos passar muito tempo com você. Será uma maratona". Em resposta, Musk fez uma careta, cutucou uma pasta de 15 centímetros de espessura e respondeu: "olhando para a pasta, eu notei".

Especialistas disseram que o juiz buscará evidências de que Musk ameaçou membros do conselho ou que diretores sentiram que não poderiam questioná-lo.

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O processo dos acionistas acusa Musk de dominar as discussões do negócio, levando a Tesla a pagar mais pela SolarCity, e também de ter enganado os acionistas sobre a deterioração da saúde financeira da fabricante de painéis solares.

As acusações de que Musk, com 22% das ações da Tesla na época do acordo, era acionista majoritário, serão centrais para o caso. Se era, um padrão legal mais rígido será imposto, aumentando a probabilidade de que o acordo foi injusto aos acionistas.

"Seria uma surpresa para muitos se o tribunal dissesse que ele não tem controle", afirmou Brian Quinn, professor da Escola de Direito da Universidade de Boston. "Porque ele certamente age como se tivesse.”

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Os diretores da Tesla chegaram um acordo para encerrar acusações do mesmo processo ano passado por US$ 60 milhões pagos pela seguradora, sem admissão de culpa.

A decisão do caso provavelmente levará meses.

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