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Em meio a escândalo, Facebook alcança 2,20 bilhões de usuários

Empresa revelou dados de resultados financeiros do primeiro trimestre de 2018 nesta quarta-feira; ritmo de crescimento de contas ainda não mostra impacto por uso ilícito de dados por consultoria

Por Bruno Capelas
Atualização:
Facebook recentemente fez mudança em algoritmo que priorizou postagens de amigos e família em vez de notícias e outros conteúdos Foto: Reuters

O Facebook anunciou nesta quarta-feira, 25, que chegou a 2,20 bilhões de usuários ativos mensalmente em 31 de março de 2018, em crescimento de 13% na comparação com a mesma data do ano passado. Os dados fazem parte do balanço financeiro da empresa para o período entre janeiro e março de 2018 – é o primeiro anúncio de resultados após a revelação do escândalo do uso ilícito de dados de 87 milhões de usuários da rede social pela consultoria Cambridge Analytica. 

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O ritmo de crescimento de usuários registrado neste trimestre foi praticamente o mesmo de períodos anteriores – no balanço anterior, divulgado em janeiro, a empresa registrou crescimento de 14% em usuários na comparação anual, para 2,13 bilhões de usuários. O crescimento de usuários ativos diariamente (DAU, na sigla em inglês) também se manteve na faixa dos 13% no primeiro trimestre de 2018 – em 31 de março, a empresa tinha 1,45 bilhão de usuários que acessavam a rede todos os dias. 

Na carta enviada aos acionistas, o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, repetiu o discurso que apresentou nas últimas semanas, seja em entrevistas à imprensa ou nas dez horas de depoimentos no Congresso americano: pediu desculpas e assumiu a responsabilidade pelo dano causado aos usuários. "Estamos realizando investigações para ter certeza de que nossos serviços são usados para o bem", disse o presidente executivo e fundador da rede social.

Zuckerberg, porém, não se privou de comemorar o bom resultado e enfatizar a necessidade de, segundo ele, seguir em frente. "Precisamos continuar construindo novas ferramentas para ajudar as pessoas a se conectarem, fortalecer nossas comunidades e deixar o mundo mais próximo e unido."

Na conferência aos investidores realizada após a divulgação dos resultados, Mark Zuckerberg também reafirmou as ações que a empresa tem feito nas últimas semanas para conter o receio de investidores, usuários e reguladores – como alterar termos de uso, políticas de privacidade e criar ferramentas para tornar propagandas (comerciais ou políticas) mais transparentes. Ele voltou a citar as eleições do Brasil como uma das prioridades de sua plataforma em 2018. 

Números. Financeiramente, a empresa também deu sinais de vigor neste balanço. No primeiro trimestre deste ano, o Facebook teve receita de US$ 11,97 bilhões, em crescimento de 50% na comparação com o mesmo período do ano ano passado. A empresa também teve um salto relevante em seus lucros, com alta de 63% – ao todo, colocou em seus cofres US$ 4,99 bilhões nos três primeiros meses de 2018. Os dois resultados superaram as expectativas divulgadas por analistas em Wall Street, que esperavam crescimentos menores.

É cedo para dizer, porém, qual o verdadeiro impacto da polêmica e do movimento #deleteFacebook, surgido após o início do escândalo nos resultados do Facebook – afinal, a prática da Cambridge Analytica, associada ao pesquisador Aleksandr Kogan, da Universidade de Cambridge, foi revelada em 17 de março pelos jornais The Observer The New York Times. É bastante provável que um cenário mais detalhado apareça apenas no próximo balanço trimestral da empresa, que compreenderá o período entre abril e junho de 2018.

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Além disso, as mudanças realizadas pela empresa nas últimas semanas tem potencial de influenciar o desempenho da rede social, seja por dar mais controle de privacidade aos usuários, fechar a porta para desenvolvedores (que criam aplicativos que mantém os usuários na plataforma) ou reduzir o potencial de impacto que uma propaganda pode ter, afugentando anunciantes. 

Outro fator que poderá impactar a atividade da empresa nos próximos três meses é a implementação da nova lei de proteção de dados europeia (GDPR, na sigla em inglês), que entrará em vigor em 25 de maio. O Facebook já se adiantou às mudanças da regulação, que dá mais controle aos usuários pela forma como seus dados são utilizados por anunciantes e empresas na internet – segundo a empresa, esse controle estará disponível para todos os usuários no mundo. Nesta quarta-feira, na conferência com investidores, o diretor financeiro da empresa, David Wehner, alegou que o GDPR pode impactar as receitas da empresa. "Qualquer atividade que promova mudanças na forma como anunciantes usam dados pode nos afetar", declarou o executivo. 

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