Em meio à pandemia, Amazon tem maior lucro trimestral da história

Companhia gastou US$ 4 bi com medidas de segurança por coronavírus e, ainda assim, conseguiu ganhar US$ 5,2 bi; desde início do ano, empresa se valorizou em mais de 60%, enquanto seu fundador se isolou na lista dos mais ricos do mundo

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Jeff Bezos, presidente executivo da Amazon: rindo à toa Foto: Mike Segar/Reuters

A varejista americana Amazon anunciou nesta quinta-feira, 30, que teve seu maior lucro trimestral da história no intervalo entre abril e junho de 2020. A empresa ganhou US$ 5,2 bilhões no segundo trimestre – é o maior lucro da companhia, fundada há 26 anos por Jeff Bezos em Seattle. O feito demonstra o quanto a empresa está sendo beneficiada pelo período de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, com mais pessoas confiando no comércio eletrônico para comprar produtos sem precisar sair de casa. 

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Enquanto lojas tradicionais tiveram de fechar as portas por conta da quarentena, a empresa contratou cerca de 175 mil pessoas e viu a demanda por seus produtos crescerem. A receita subiu 40% na comparação com o mesmo período de 2019, indo para a casa de US$ 88,9 bilhões. Com os bons números, as ações da Amazon subiram cerca de 5% após o fechamento do mercado nos EUA – com a valorização, a empresa está avaliada em torno de US$ 1,56 trilhão. 

O lucro da empresa surpreende ainda mais porque a companhia havia anunciado que pretendia gastar US$ 4 bilhões com medidas de segurança para seus funcionários e entregas por conta do novo coronavírus. O valor foi gasto na íntegra e ainda assim a empresa conseguiu dobrar seu lucro na comparação com o 2º tri de 2019. Em documento enviado a acionistas, Jeff Bezos, presidente executivo da empresa, disse que este foi "outro trimestre bem pouco usual". 

Ao longo de 2020, as ações da Amazon acumulam alta de mais de 60%, enquanto seu fundador se isolou no topo da lista de homens mais ricos do mundo, com fortuna acima dos US$ 180 bilhões. Outro fator que animou o mercado é a previsão da empresa para sua receita durante o terceiro trimestre. A previsão do mercado é de que a receita esperada para o intervalo entre julho e setembro seria de US$ 86,3 bilhões, mas a Amazon espera faturar algo entre US$ 87 bilhões e US$ 93 bilhões no período. 

Área que também tem forte peso nos negócios da empresa, a divisão de computação em nuvem Amazon Web Services também teve bom desempenho no 2º trimestre, com receita de US$ 10,8 bilhões, em alta de 29%. O segmento foi bastante demandado por companhias que tiveram de mandar seus funcionários trabalharem de casa durante a pandemia. 

Dominância

Analista da Investing.com, Jesse Cohen disse à Reuters que o modelo de negócios da Amazon "posiciona a empresa perfeitamente para expandir ainda mais sua dominância global enquanto a pandemia persiste". 

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É algo que chama a atenção não só do mercado, mas de Washington – ontem, Bezos fez sua estreia em depoimentos no Congresso dos EUA, em sessão que faz parte de investigação da Câmara dos Deputados sobre o poder das gigantes de tecnologia nos EUA. Por diversas vezes, o fato de que as empresas (em grupo que inclui também Google, Facebook e Apple) estão crescendo em meio à pandemia foi citado pelos deputados como um motivo de atenção. 

“Todas essas empresas são muito poderosas. Algumas precisam ser quebradas e outras, melhor reguladas. Seu monopólio deve acabar”, disse o presidente da sessão, o deputado democrata David Cicilline, ao final de quase seis horas de falas. 

Durante a sessão, a Amazon foi acusada de usar dados de parceiros que usam sua plataforma para determinar que tipo de produtos a gigante deve desenvolver. Jeff Bezos disse que a empresa tem uma política para prevenir isso, mas não pode garantir à deputada democrata Pramila Jayapal que “a prática nunca tenha sido violada.” / COM REUTERS

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