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Embraer revela carro voador 'para as massas'

Brasileira apresentou ontem conceito de veículo aéreo com cara de utilitário esportivo; projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Uber

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz e enviada a Washington (EUA)
Atualização:
Protótipo de carro voador da Embraer é exibido durante o Uber Elevate Summit, realizado nesta semana em Washington Foto: Tasos Katopodis/Getty Images for Uber Elevate

O “carro voador” desenvolvido pela Embraer X, subsidiária da Embraer para negócios disruptivos, será uma aeronave para “as massas”, que lembrará um SUV (utilitário esportivo) por dentro. Por fora, terá duas espécies de asas, que darão a sustentação, e dez rotores – oito para o deslocamento vertical da aeronave e dois para a parte horizontal. O modelo foi divulgado nesta terça-feira, 11, pela companhia em Washington, nos Estados Unidos, em evento do Uber sobre transporte aéreo. 

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As duas empresas trabalham em parceria para desenvolver projetos na área. Ainda não há um cronograma público para a apresentação da aeronave da Embraer e, portanto, não se sabe se a empresa brasileira participará dos primeiros testes planejados pelo Uber já no ano que vem – nesta terça-feira, a startup americana revelou que fará pilotos com os veículos em Dallas e Los Angeles, nos EUA, bem como em Melbourne, na Austrália. Além da Embraer, o Uber trabalha com companhias como Boeing e Bell Labs para criar a nova forma de transporte, com previsão de uso comercial a partir de 2023. 

O presidente da Embraer X, Antonio Campello, frisou que o projeto está em fase “preliminar” – mas pretende que não levará uma década para que a aeronave, chamada tecnicamente de Evtol (veículo elétrico para pouso e decolagem verticais) esteja em utilização. Segundo o executivo, a ideia de criá-la semelhante a um SUV teve a intenção de transmitir familiaridade e segurança aos usuários. “A gente precisa ser seguro e fazer com que o passageiro se sinta seguro. O SUV é um símbolo de segurança”, disse. 

Como o veículo será elétrico e usará bateria recarregável, o custo de decolagem e aterrisagem deverá ser inferior ao de um helicóptero comum – a empresa não divulga valores. O design simples da aeronave, com peças fixas, também deverá tornar sua manutenção mais barata. 

“Se você coloca muitas peças móveis, tem maior probabilidade de haver falhas. Quanto mais mecanismo, mais complexa fica a aeronave”, disse Campello. “Estamos fazendo essa aeronave para muitas pessoas usarem. Não é uma aeronave VIP, exclusiva, é para a massa realmente fazer as viagens. Vamos transportar milhares de pessoas”, acrescentou.

O carro voador da Embraer deverá ser de fácil acesso e fazer o menor ruído possível, já que a ideia é que ele voe mais baixo que os helicópteros. “Entrar a bordo de um helicóptero pode ser complexo. Sentar e coloca o cinto de cinco pontas é complicado. Não adianta voar sobre o trânsito, mas demorar 15 minutos para entrar a bordo”, disse o diretor de estratégia da Embraer X, André Stein.

Segundo Campello, grande parte do projeto está sendo criado pelos engenheiros da empresa no Brasil. A EmbraerX não foi incluída na venda de 80% da área comercial da empresa para a Boeing e os desenvolvimentos de produto da companhia continuam de forma independente.

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São Paulo é preterida para testes

São Paulo estava na lista das cidades finalistas para receber os testes, ao lado de Paris, Mumbai e Tóquio e da vencedora Melbourne. O governador do Estado, João Doria (PSDB), havia recebido a equipe do Uber em janeiro deste ano para conversar sobre o assunto.

Um dos pontos que favoreciam a cidade brasileira é o tamanho do mercado. Hoje, São Paulo é a cidade que tem o maior número de viagens realizadas no mundo por meio do aplicativo de transporte. Além disso, é um dos maiores mercados de helicópteros do planeta. 

Além do mercado, a Uber também levou em consideração aspectos climáticos, regulatórios, de infraestrutura e de estratégia para definir a cidade onde ocorrerão os testes.

*A jornalista viajou a convite do Uber

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