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Engenheiro do Google diz que mulheres não viram líderes por 'razões genéticas'

Manifesto anônimo divulgado neste fim de semana disparou contra políticas de diversidade e império do 'politicamente correto' no Google

Por Cleve R. Wootson Jr.
Atualização:
Serviço. Google promete empenho contra anúncio ofensivo Foto: Reuters

Uma nova polêmica tomou conta do Vale do Silício neste final de semana: um engenheiro do Google, divulgou de forma anônima, um manifesto contra as políticas da empresa para aumentar o número de minorias e mulheres em suas posições de liderança. O ensaio foi publicado em um fórum interno do Google é intitulado "A Câmara de Ecos Ideológica do Google". 

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Em seu texto, o autor defende que o Google deve parar suas campanhas para aumentar a diversidade racial e de gênero na empresa, e que tem de focar na diversidade "ideológica". Segundo o engenheiro, a razão pela qual as mulheres não alcançam posições de liderança são "diferenças genéticas" em preferências e habilidades. "Precisamos parar de assumir que diferenças de gênero implicam em sexismo". 

De acordo com o texto, o autor ainda defende que o Google criou uma cultura do "politicamente correto", que "envergonha dissidentes e os força ao silêncio", tornando mais fácil que medidas "extremistas e autoritárias" ganhem espaço. Segundo ele, os programas do Google para aumentar a presença de minorias – como acampamentos que ensinam código a meninas ou parcerias com universidades onde a presença de negros é massiva – geraram "políticas discriminatórias". 

Reações. O texto provocou fortes reações – críticos dizem que suas palavras refletem a cultura corporativa do mercado de tecnologia, muitas vezes hostil a mulheres e minorias. Além disso, muitos temem que as palavras do engenheiro falam por muitos outros funcionários no Vale do Silício, um mercado ainda dominado por homens brancos. Hoje, apenas 1% dos funcionários do Google é negro. 

Procurado para comentários, o Google enviou uma resposta escrita por Danielle Brown, vice-presidente de diversidade, integridade e governança. "A diversidade e a inclusão são parte fundamental dos valores e cultura que cultivamos no Google", disse a executiva, em um comunicado interno também enviado aos funcionários da empresa. No texto, Danielle fala sobre a importância da mudança de valores, mas nada é dito sobre as consequências do manifesto. 

Engenheira do Kickstarter, site de campanhas de financiamento coletivo, Erica Baker disse que os comentários do engenheiro foram chocantes, mas não surpreendentes. "Já vi empregados do Google compartilhando posts em blog sobre suas crenças racistas, questionando 'inocentemente' se pessoas negras não tem maior probabilidade de serem violentas", escreveu em seu blog no sábado. 

Ex-funcionário do Google, Yonatan Zunger, também se posicionou sobre o assunto. "Engenharia é sobre cooperação, colaboração e empatia pelos seus colegas", escreveu Zunger. "Sinto muito se você achou que engenharia era um campo em que não precisava lidar com pessoas e sentimentos", disse ele ao "engenheiro anônimo". / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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