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Entenda quais são os planos do Uber para ir além dos carros

Com bicicletas elétricas, gigante dá primeiro passo em direção a futuro ‘multimodal’, que terá transporte público, carro autônomo e até veículos voadores

24/06/2018 | 05h00

  •      

 Por Bruno Capelas e Claudia Tozetto - O Estado de S. Paulo

Pedalada. Em abril, Uber comprou a startup de bicicletas Jump

Jump Bikes

Pedalada. Em abril, Uber comprou a startup de bicicletas Jump

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Dia de semana, trânsito congestionado, compromisso atrasado: a pessoa sai do metrô e abre o aplicativo Uber. Em vez de pedir um carro, avalia se vale mais a pena sair pedalando de bicicleta elétrica, pegar um ônibus ou até mesmo se arriscar num patinete. Há um ano, quando Travis Kalanick ainda comandava a empresa, a cena acima seria impensável. Hoje, com o iraniano Dara Khosrowshahi na liderança, essa visão é nada menos que o plano de um futuro não muito distante para a segunda startup mais valiosa do mundo: o de virar uma central de mobilidade, na palma da mão do usuário. 

No cargo desde agosto de 2017, Khosrowshahi assumiu o Uber sob pressão. Seu antecessor foi o homem que fez a startup se tornar um império, mas cometeu muitos erros pelo caminho até deixar a empresa em junho de 2017: foi incapaz de evitar assédio sexual e moral na companhia, usou softwares para espionar rivais e autoridades e foi acusado de roubar tecnologias de um de seus maiores rivais, a Waymo, divisão de carros autônomos do Google. Para piorar, ainda encobriu uma falha de segurança que afetou 57 milhões de pessoas.

Em 10 meses, Khosrowshahi arrumou a casa e conseguiu mostrar que há um rumo para o Uber. Ele começou sua jornada com uma volta ao mundo, com paradas no Brasil e na Inglaterra, para mostrar que está disposto a colaborar com governos.

Depois, começou a cortar custos e se livrar de negócios deficitários – entre eles, as operações no Sudeste Asiático e na Rússia. Nas duas regiões, vendeu o negócio para rivais, forjando alianças. “Era uma briga de foice, mas ele conseguiu sair por cima”, diz Paulo Furquim de Azevedo, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper. Além disso, fez a empresa dar lucro pela primeira vez e acertou a rota para o Uber abrir seu capital em 2019.

Amigos e rivais. Para encerrar, trouxe o britânico Barney Harford para o cargo de diretor de operações do Uber – desde dezembro, ele é o número 2 da companhia. Harford e Khosrowshahi trabalharam juntos no site de turismo Expedia, nos anos 2000. Depois, foram rivais, enquanto Harford estava à frente da concorrente Orbitz. Em 2015, a startup foi comprada pela Expedia por US$ 1,6 bilhão e os dois se uniram novamente – quando o iraniano foi para o Uber, o britânico foi junto. “Sou uma pessoa focada nos detalhes sobre como operamos nosso serviço. O Dara é o líder que tem a visão”, disse Harford, em entrevista exclusiva ao Estado. 

Em abril, Khosrowshahi mostrou a sua visão de futuro para o Uber, ao anunciar que o app será uma central de transportes. Além de viagens em carros, será possível requisitar uma bicicleta elétrica, alugar um carro ou comprar uma passagem de metrô, em sistemas integrados com as redes de transporte público de grandes cidades. No futuro, essa estratégia inclui ainda carros autônomos e voadores. “Os carros são para o Uber como os livros são para a Amazon”, explica Harford.

Lembre as recentes polêmicas envolvendo o Uber

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Boicote

Foto: REUTERS/Beck Diefenbach

Em 2016, Travis Kalanick aceitou um cargo na equipe de conselheiro econômicos de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. A decisão gerou retaliação de usuários contrários ao governo, que criaram a campanha #DeleteUber. Em apenas alguns dias, o app foi desinstalado por 200 mil pessoas, o que fez com que Kalanick renunciasse ao cargo. “Não entrei para o grupo para mostrar apoio ao presidente ou suas ações, mas infelizmente isso foi mal interpretado como sendo exatamente isso”, disse o executivo na época.

Segurança

Foto: Tyrone Siu/Reuters

No Brasil, a empresa está enfrentando graves problemas de segurança. Motoristas reclamam que há pouca fiscalização de usuários quando o pagamento é efetuado em dinheiro — ao contrário do pagamento em cartão de crédito, não é preciso colocar dados pessoais. Com isso, relatos de assalto e sequestros de motorista e passageiros surge de maneira frequente. O Uber diz que faz uma checagem de segurança e, há pouco tempo, passou a exigir CPF dos usuários que pagam em dinheiro.

Verde e Amarelo

Foto: Washington Alves/Estadão

O Uber também sofreu um revés em fevereiro deste ano com a Justiça brasileira: a 33.ª Vara de Justiça do Trabalho de Belo Horizonte reconheceu o vínculo empregatício de um motorista brasileiro com o Uber. De acordo com a decisão, o ex-motorista Rodrigo Leonardo Silva Ferreira, de 39 anos, tem direito a receber aviso prévio indenizado, férias proporcionais e valores correspondentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com multa correspondente a 40% pela demissão.

Assédio

Foto: AP Photo/Eric Risberg

Ex-funcionária do Uber, Susan Fowler denunciou em seu blog que um gerente na empresa usou um software de bate-papo interno para tentar "fazer com que ela fizesse sexo com ele". Como prova, a ex-funcionária ainda fez imagens da tela com as mensagens mostrando o assédio. Em resposta, Travis Kalanick ordenou nesta uma "investigação urgente" sobre as alegações de assédio.

Mais assédio

Foto: Anindito Mukherjee/Reuters

Depois das alegações de Fowler sobre assédio dentro do Uber, o jornal norte-americano The New York Times publicou informações que aumentam o número de acusações sobre a companhia. Segundo o jornal, funcionários usaram cocaína durante uma viagem da empresa e um deles foi demitido após assediar algumas de suas colegas de trabalho. 

Processo

Foto: REUTERS/Brendan McDermid

A Waymo, unidade de carros autônomos da Alphabet -- holding que controla o Google -- está processando o Uber, alegando roubo de tecnologia própria. Segundo o texto do processo, a tecnologia que teria sido roubada é a de sensores capazes de identificar a posição dos carros no espaço e ajudá-los a se locomover sozinhos. "A tecnologia LiDAR da Uber é, na verdade, a tecnologia LiDAR da Waymo", diz a denúncia. O Uber disse em comunicado que o processo da Waymo é uma tentativa sem fundamento de desacelerar um competidor e que, por isso, eles irão se defender vigorosamente das acusações no tribunal.

Assédio novamente

Foto: REUTERS/Stephen Lam

Os problemas do Uber em relação à assédio sexual não terminaram com as acusações de Susan Fowler. Ex-chefe de buscas do Google, Amit Singhal foi contratado pelo Uber em janeiro, como uma grande aposta da empresa para aprimorar seu sistema. Pouco de um mês depois, a empresa o demitiu. O motivo? O Google tinha desligado Singhal de seu quadro de funcionários após o executivo ser investigado por um abuso sexual contra uma funcionária. Procurado pela imprensa, ele desmentiu. 

Discussão

Foto: Matheus Mans/Estadão

Presidente executivo do Uber, Travis Kalanick foi filmado discutindo com um motorista de seu próprio aplicativo. Em cenas gravadas por uma câmera dentro do carro, o executivo troca farpas com o motorista Fawzi Kamel, que reclamou das tarifas cobradas pelo serviço de caronas pagas. Depois de ter as cenas divulgadas na imprensa, Kalanick disse que “precisa crescer” como líder.

Proteção

Foto: Danish Siddiqui/Reuters

De acordo com reportagem do The New York Times, o Uber usou um software para enganar autoridades e escapar de fiscalização em cidades onde está ou esteve ilegal. Para isso, eles coletam ilegalmente dados de usuários do aplicativo para identificar os fiscais e autoridades governamentais, como forma de se prevenir de penas ou sanções. O Uber disse que a plataforma foi usada para evitar “usuários que usam o serviço de maneira inapropriada”.

'London Has Fallen'

Foto: ?REUTERS/Lucy Nicholson

Em 2016, o órgão público que regula transporte em Londres, no Reino Unido, definiu que condutores de empresas privadas de transporte têm que provar a capacidade de domínio da língua inglesa de seus motoristas. Para tentar reverter a situação, o Uber entrou com uma ação. No entanto, a empresa perdeu o processo e agora precisa comprovar que seus motoristas falam inglês perfeitamente. O Uber disse que tal medida faria com que 33 mil condutores perdessem as suas licenças para operar na capital.

Problemas na Ásia

Foto: Tyrone Siu/Reuters

O Uber vem enfrentando problemas de regulação no continente asiático. Em fevereiro, a companhia parou de operar em Taiwan por causa de uma multa milionária implantada pelo governo local por operar ilegalmente no território. Em março, a empresa sofreu outro revés quando um juiz de Hong Kong condenou cinco de seus motoristas por usaram o aplicativo. A punição desmotiva o uso do serviço na região pelo medo que os motoristas têm de ganharem sanções parecidas. 

Presidente deixa o Uber

Foto: Andy Kropa/AP

No dia 19 de março, Jeff Jones, presidente do Uber, renunciou ao cargo após seis meses depois de o ter assumido. Dentro da empresa, ocupava a segunda posição mais importante, logo abaixo de Travis Kalanick. Jones alegou que estava deixando a companhia por incompatibilidade de valores. No começo de março, Ed Baker, vice-presidente de produtos e desenvolvimento do Uber, e Charlie Miller, principal investigador de segurança, também deixaram a empresa.

Prostituição em Seul

Foto: Udit Kulshrestha/Bloomberg

O site norte-americano The Information divulgou que, em 2014, uma equipe do Uber visitou uma casa de prostituição em Seul, capital da Coreia do Sul. De acordo com a publicação, os quatro gestores da companhia escolhiam mulheres da casa, chamando-as por números, para sentar-se com eles. Depois dessa noite, uma funcionária do Uber reportou ao RH da empresa que a viagem a deixou desconfortável. 

Uber

Foto: Fresco News/Mark Beach/Reuters

Na segunda feira, 27, o Uber voltou a colocar seus carros autônomos na rua. Na última sexta-feira, 24, a empresa havia suspendido o projeto após um de seus protótipos capotar ao colidir com outro veículo no estado norte-americano do Arizona. Depois do acidente, uma investigação foi conduzida e a empresa decidiu liberar seus carros para rodarem nas três cidades onde testa o projeto — Tempe, no Arizona, São Francisco e Pittsburgh. Segundo a polícia local, o carro pilotado por humano foi o responsável pelo acidente com o carro autônomo do Uber.

Saída da Dinamarca

Foto: Nikolai Linares/EFE

O Uber anunciou em 28 de março que deixará de funcionar na Dinamarca a partir de abril deste ano. Uma nova legislação local obriga que todos os motoristas a utilizem taxímetro, o que inviabiliza o serviço. Desde 2014, a companhia sofre dificuldades no país, que encara o Uber como uma concorrência injusta aos táxis.

Vice-presidente deixa o cargo

Foto: David Paul Morris/Bloomberg, Getty Images

Emil Michael, vice-presidente sênior de negócios e segundo na linha de comando do Uber, deixou a empresa após o conselho administrativo afirmar que vai acatar os conselhos registrados no relatório final da investigação de assédio sexual. "Entrei na empresa há quase quatro anos e vivi uma experiência completa ao ajudar o Uber a se tornar a empresa de mais rápido crescimento de todos os tempos", amenizou o executivo. Não ficou claro, porém, se Michael foi demitido ou se ele próprio renunciou ao cargo.

Travis Kalanick é afastado

Foto: REUTERS/Adnan Abidi

O cofundador e presidente executivo do Uber, Travis Kalanick, anunciou uma licença da empresa por tempo indeterminado no meio de junho. A saída do executivo foi anunciada em um e-mail para os funcionários e faz parte de uma série de recomendações feitas ao conselho após a investigação que começou por denúncias de assédio sexual na empresa. Kalanick disse que deixa a empresa para atravessar o período de luto após a morte de sua mãe em um acidente de barco e que usará a licença para "refletir, trabalhar em si mesmo e construir um time de liderança de classe mundial".

Geolocalização. A ideia é aproveitar a base de usuários que o Uber já tem e faturar com outros modelos de negócios, num momento em que a competição no mercado de caronas pagas se acirra. “Eles têm uma plataforma com GPS que está no bolso de milhões de pessoas. Onde for possível gerar valor com isso, eles vão estar”, diz Furquim. 

Para Michael Ramsey, diretor de pesquisas da consultoria Gartner, a inspiração é evidente. “No Expedia, o usuário pode reservar todas as partes de uma viagem. Dara quer fazer a mesma coisa com o Uber.”

Oferecer novos serviços vai aumentar a complexidade da operação do Uber – hoje, a empresa promove, todos os dias, 15 milhões de “encontros” entre motoristas e passageiros. Agora, imagine a dificuldade de calcular o mesmo problema (o deslocamento), só que com diferentes variáveis, como metrô, ônibus ou bicicletas – e tudo integrado num único aplicativo. 

Nos carros, o Uber teve a vantagem de ser pioneiro. Na nova fase, porém, terá de entrar em mercados nos quais já há competidores bem estabelecidos. “Quem usa o Uber e quer uma bicicleta estará melhor atendido do que quem usa um app de bikes e busca um carro”, avalia Ramsay. “No fim das contas, cada novo modal é só um serviço extra.”

O analista da Gartner, porém, tem dúvidas se a empresa terá sucesso caso ofereça apenas os próprios serviços ao tentar agir como um agregador de transportes. “Para o usuário, importa mesmo o tempo de deslocamento e o preço, não a marca”, diz. Assim, a empresa pode se beneficiar caso também ofereça seus serviços com outros integradores de transportes – algo que já acontece, por exemplo, com o israelense Moovit. “Ela terá menor participação na corrida, mas também menor esforço para conquistar viagens.”

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Entenda quais são os planos do Uber para ir além dos carros

Terra sem lei. Em longo prazo, o Uber pode mudar radicalmente, graças aos carros autônomos e voadores. Sem motoristas, ambos “têm o potencial de reduzir o custo operacional de cada quilômetro viajado, aumentando a receita da empresa”, como explica a professora da Universidade de Berkeley, Susan Shaheen.

No entanto, são tecnologias que ainda não estão prontas e precisam ser regulamentadas. Não à toa, o Uber decidiu iniciar testes do carro voador, a partir de 2020, em Dallas, onde estão as principais autoridades regulatórias de aviação dos EUA. A operação comercial está programada para 2023. O carro autônomo, por sua vez, dificilmente estará nas ruas antes de 2020, por conta da pausa no projeto após um acidente fatal no Arizona. 

Até lá, Khosrowshahi vai ter de tomar outra decisão: ter a propriedade ou não dos veículos que o Uber compartilha. “Hoje, o Uber usa ativos de outras pessoas”, diz Ramsay. “Se tiverem os veículos, terão o controle da própria tecnologia, mas também os custos atrelados à operação desses veículos.”

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