O WhatsApp está preocupado em interferir negativamente nas eleições do Brasil este ano. Com mais de 120 milhões de usuários no País, a empresa tem lançado estratégias para tentar evitar maiores problemas nos próximos meses. A seguir, confira trechos da entrevista feita pelo Estado Ben Supple, gerente de políticas públicas do WhatsApp.
Estadão: Como os candidatos poderão usar o WhatsApp? Ben Supple: Não vamos liberar a versão corporativa do aplicativo para eles. Seria algo que permitiria conversas em larga escala, com automatização. Entendemos que os políticos usarão o WhatsApp de qualquer forma, seja na versão pessoal ou na de pequenas empresas. Não vamos encorajá-los ou treiná-los, mas explicar qual é o jeito responsável de usar a plataforma (evitando, por exemplo, a proliferação de mensagens indesejadas, ou spam).
Nas eleições no México, há um mês, o que o WhatsApp aprendeu? Vimos a efetividade das iniciativas de checagem de notícias. Criou-se um consórcio com 90 organizações, que chegou a ter 10 mil assinantes na lista de transmissão via WhatsApp. E eles usaram (a ferramenta de mensagens efêmeras) Status para divulgar as notícias que checaram, o que é muito mais efetivo do que divulgar links em grupos e conversas.
O WhatsApp já foi bloqueado três vezes no País. De lá para cá, melhorou o entendimento das autoridades sobre a plataforma? Depois que começamos a ser proativos com as autoridades, sim. Conseguimos explicar o uso de criptografia e quais suas limitações. É importante dialogar. O que não se pode (com os bloqueios) é limitar a comunicação das pessoas.
‘Fake news’ não é só sobre eleições. Que outros temas preocupam? Estamos de olho em conteúdo que pode polarizar as pessoas. Com temas que podem incitar violência e com notícias falsas que afetem as camadas da população, que podem não ter a capacidade de interpretar adequadamente.