EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|EUA preparam leis contra trustes digitais, que devem afetar Amazon, Apple e Google

As companhias perderão a fortuna que hoje ganham de cada compra feita nas lojas de apps

PUBLICIDADE

Por
Atualização:
Senado vota projeto de lei que afeta big techs Foto: Senate Television via AP

Nesta quinta-feira, 20, o Senado americano pôs em debate na última comissão um projeto de lei que proíbe qualquer plataforma digital de favorecer seus produtos e serviços. Outro projeto, que deve ser discutido na próxima semana, quer forçar companhias como Apple e Google a permitir a instalação de aplicativos em celulares sem passar pelas lojas oficiais de apps. Falta pouco para que sejam votados no plenário. Os lobistas do Vale do Silício estão a toda, em Washington. Os dois projetos de lei que serão postos em pauta para o voto são pouco polêmicos entre políticos e angariaram apoio tanto de republicanos quanto de democratas após dois anos de debate intenso. O primeiro é o Ato pela Inovação e Escolha Online e foi posto em discussão ontem, no equivalente ao Comitê de Constituição e Justiça do Senado de lá. O objetivo é tanto simples quanto claro. O Google não pode usar seu mecanismo de busca para apresentar primeiro seus outros serviços. A Amazon não pode listar produtos de sua linha antes de outros. Não importa de que empresa de tecnologia se trate, uma plataforma não poderá fazer uso de sua popularidade para promover seus outros serviços e produtos. A segunda lei é o Ato dos Mercados de App Abertos. Em essência, quebra o monopólio das lojas de apps. Quem tem um iPhone deixa de ter como única fonte para baixar um aplicativo a loja da Apple. Pode baixar de um link da web, não importa. A Apple deixa de ter este poder. Não vale apenas para celulares – vale para consoles de videogames ou o que for. Empresas como Google e Apple, claro, protestaram imediatamente. Seus executivos estão em todos os canais de TV americanos, deram entrevistas a jornais, publicaram artigos. Os lobistas estão percorrendo os corredores do Congresso. Das duas leis, a que mais preocupa as gigantes é a da quebra forçada do monopólio de lojas. As companhias argumentam que, hoje, podem garantir controles de privacidade e segurança dos apps que os usuários baixam. Se perdem a capacidade de filtrar o que é oferecido, nossos gadgets se tornarão infestados de vírus, serão expostos a ataques. É verdade. É verdade, também, que as companhias perderão a fortuna dos porcentuais que hoje ganham de cada compra feita nas app stores. Os dois projetos seguem do debate na comissão para o plenário. Têm de ser aprovados em ambas as Casas, Câmara e Senado, e então vão à sanção presidencial. O presidente Joe Biden já se comprometeu a sancioná-los ambos. A expectativa é de que virem leis ainda neste ano de 2022.

Opinião por undefined
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.