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Fabricantes de tablets miram ‘nichos’

Mercado que já viveu disputa entre mais de dez marcas hoje é controlado por três fabricantes; idosos e crianças são principal público-alvo

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Por Matheus Mans
Atualização:
Crianças se tornam alvo de fabricantes de tablet Foto: Matt Rainey/The New York Times

Já faz sete anos desde o lançamento da primeira versão do iPad, pelas mãos de Steve Jobs. Neste período, o segmento passou por uma ‘montanha-russa’ de emoções: se tornou promessa do mercado, ganhou relevância e, desde o ano passado, amarga um baixo volume de vendas. Os fabricantes, agora, tentam manter a categoria ‘viva’ apostando em nichos.

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De acordo com a consultoria IDC Brasil, foram vendidos apenas 4 milhões de tablets no Brasil em 2016 – uma queda de 32% em relação ao ano anterior. Em 2017, apesar de apontar para uma relativa estabilidade, o setor deverá cair ainda mais: devem ser vendidas 3,7 milhões de unidades, numa queda de 7,5% em relação ao ano passado. “A tela do celular cresceu e acabou tomando espaço dos tablets”, explica o analista da IDC Brasil, Wellington La Falce. “Esse tipo de dispositivo deixou de fazer sentido para a maioria das pessoas e das empresas.”

Segundo apurou o Estado, a falta de interesse dos consumidores espantou as fabricantes: se no auge da categoria, 14 empresas disputavam o mercado no Brasil, atualmente DL, Samsung e Multilaser são responsáveis por 80% das unidades vendidas. O restante está nas mãos de marcas menores, como Philco e Lenoxx. A Positivo, que também tinha uma fatia, decidiu encerrar a produção para o varejo no ano passado. “Com foco em nichos diferentes, essas três empresas estão navegando sozinhas”, disse uma fonte do mercado ao Estado, que preferiu não se identificar. “É um movimento mundial no mercado de tablets, que ‘afunila’ as empresas interessadas no setor.”

Nos tablets mais baratos, as brasileiras DL e Multilaser competem juntas, apostando em aparelhos entre R$ 200 e R$ 300 e que alcança as classes econômicas C e D. As duas empresas dizem não sentir os efeitos da crise que atinge o setor. “A gente dorme, acorda e respira pensando em tablets”, afirma o diretor comercial da DL, Francisco Hagmeyer Júnior.

Segundo ele, 60% do faturamento da empresa está no segmento de tablets. “O setor está mais concentrado. Há três anos, eram mais de 50 empresas fabricando tablets. Hoje, somos apenas três.”

Com 20% de seu faturamento no setor de tablets, a Multilaser espera que as vendas não continuem a cair. “A queda já aconteceu ”, afirma o presidente executivo da Multilaser, Alexandre Ostrowiecki. “Pretendemos aumentar a participação da Multilaser com mais lançamentos em 2017.”

Enquanto isso, a Samsung reina praticamente sozinha no segmento de tablets na faixa intermediária, entre R$ 500 e R$ 800 – há alguns anos, não era possível encontrar tablets da marca com preço inferior a R$ 1 mil. “Há uma necessidade crescente por tablets que com melhor desempenho”, diz o gerente sênior de produtos da área de dispositivos móveis da Samsung Brasil, Renato Citrini. “Continuamos a apostar nesse mercado.”

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Tribos. Além de focarem em faixas de preço diferentes, as fabricantes em todo o mundo também estão tentando criar tablets para públicos como crianças e idosos. <CW-11>Os “pequenos” tem se tornado um dos principais alvos das fabricantes, que licenciam marcas para deixar os dispositivos mais atrativos. “Os pais não querem dar aos filhos um smartphone, por conta da segurança, por isso resolvem comprar um tablet”, afirma La Falce, da IDC Brasil. Quando desconectado da rede Wi-Fi, os dispositivos não permitem acessar redes sociais e fazer ligações, por exemplo.

A DL tem, em sua linha de produtos, tablets de cachorros e até da Hello Kitty. “Vamos focar nas crianças”, diz Hagmeyer. “É nosso público.” 

Já a Positivo, que desistiu do varejo e só fabrica sob demanda para empresas ou governo, já vê um novo horizonte. “O mercado dos tablets está nas escolas”, afirma a gerente de produtos da Positivo, Cinthya Ermoso. “Ele pode deixar a educação muito mais prática.” 

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