O Facebook realiza nesta semana, em San José, na Califórnia, seu primeiro grande evento após a revelação do escândalo da Cambridge Analytica, consultoria que teria obtido acesso ilícito a dados de 87 milhões de usuários da rede social. Entre os dias 1 e 2 de maio, a empresa comanda mais uma edição da F8, sua tradicional conferência de desenvolvedores.
A expectativa é saber como, depois de inúmeras entrevistas e horas de depoimento no Congresso americano, a empresa vai se posicionar sobre o "elefante na sala". Para adicionar um tempero a mais ao evento, será interessante acompanhar também qual será a repercussão da saída de Jan Koum, cofundador do Whatsapp, que decidiu deixar a companhia nesta segunda-feira, 30.
Tradicionalmente, a F8 começa com uma palestra de abertura, na qual o presidente executivo e fundador Mark Zuckerberg, bem como outros executivos do Facebook, falam sobre o momento da empresa e mostram visões para os próximos anos. No ano passado, um dos destaques foi a discussão sobre realidade aumentada e filtros para câmeras, tendência que acabou se revelando um sucesso no Instagram.
A conferência normalmente é destinada a novidades e previsões do Facebook para a comunidade de criadores de aplicativos e jogos que usam suas bases de dados. Este ano, porém, com a polêmica, o clima é diferente. Ao menos na programação oficial, composta de mais de 50 palestras e sessões de demonstração nos dois dias, não há menções diretas ao caso da Cambridge Analytica.
Outros temas polêmicos da rede social, como a relação com veículos de imprensa e a disseminação de notícias falsas, terão espaço, bem como incipientes áreas e serviços da empresa -- em especial, a rede social profissional Workplace e o uso de bots e inteligência artificial no Facebook Messenger.
Mas o maior destaque mesmo desta edição, ao menos pelo que prevê a agenda, está em temas como realidade virtual e realidade aumentada, seja pelo uso de filtros nas redes sociais ou na aposta da popularização do Oculus Rift, dispositivo lançado pela empresa em 2016 e que ainda não empolgou o mercado. Seja como for, a aposta é de a empresa vai olhar para o futuro para evitar falar, ao menos por alguns dias, dos problemas do presente. Se vai dar certo, porém, é outra história.
*O repórter viajou a convite do Facebook