Facebook lança plataforma de vídeos Watch no mundo todo

Até então, desde o ano passado, o Facebook Watch estava disponível nos Estados Unidos; serviço é considerado por analistas como um possível rival para o YouTube

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Por Giovanna Wolf Tadini
Atualização:
Facebook Watch estará disponível no Brasil a partir desta quarta-feira, 29 Foto: Facebook

O Facebook lançou globalmente nesta quarta-feira, 29, sua plataforma de vídeos, o Facebook Watch. O serviço já operava há um ano nos Estados Unidos e está sendo liberado de forma gradativa no mundo todo, inclusive no Brasil. De acordo com a empresa, o Watch é um espaço dentro da rede social no qual criadores de conteúdo podem publicar vídeos; para o mercado, o serviço é tido como um desafiante para o YouTube, do Google, que hoje domina o vídeo na internet. 

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Dentro da plataforma, também será possível assistir a programas de TV e shows, além de partidas de futebol – nas últimas semanas, o Facebook fechou diversos contratos para exibir partidas de futebol internacional na rede. 

Para o Facebook, o principal diferencial de seu serviço, em relação a outras plataformas de vídeos que já existem, é o fato do Watch já estar dentro de uma rede social. “O Watch não é só um lugar para consumir vídeos passivamente, é um jeito de as pessoas interagirem e se conectarem em torno dos conteúdos”, afirmou Fidji Simo, vice-presidente de vídeo do Facebook, em entrevista ao Estado. “É também um lugar para interagir com os próprios criadores de conteúdo”. 

Segundo dados do Facebook, todo mês, mais de 50 milhões de pessoas nos Estados Unidos assistem a vídeos de pelo menos um minuto no Facebook Watch. Além disso, o total de tempo assistido no Watch cresceu em 14 vezes no país, desde o começo de 2018. 

Os esforços do Facebook nos últimos meses, tendo como experiência o uso do Watch nos Estados Unidos, foram justamente atualizações para tornar a plataforma mais social, como, por exemplo, deixar mais fácil para o usuário ver quais vídeos seus amigos curtiram ou compartilharam. 

Na visão de Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio) , o Watch é de fato um produto diferente no mercado, por exemplo, do YouTube ou da Netflix. "A ideia do Watch não é que você assista lá a nova série de sucesso", afirma Steibel, que também é professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ). "Está fazendo sucesso no Watch, nos EUA, por exemplo, uma série norueguesa para adolescentes chamada Skam Austin, que tem um conceito diferente de como produzir série: ela foi feita a partir das redes sociais, o conteúdo audiovisual tem muita conexão com os jovens e os personagens até têm contas no Instagram.”

Quando questionada sobre parcerias com produtores de conteúdo locais, a vice-presidente de vídeo do Facebook afirmou que a empresa está trabalhando em conjunto com várias empresas de mídia e também com criadores de conteúdo individuais, em todos os países, para eles desenvolverem suas estratégias dentro do Facebook.

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Anúncios. O Watch também oferecerá uma forma de empresas de mídia e criadores de conteúdos monetizarem seus vídeos – e de um jeito bastante tradicional: intervalos comerciais. No Watch, eles são chamados de Ad Breaks e serão testados a partir desta quarta-feira, 29, em cinco países – Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Nova Zelândia e Austrália. Até então, os Ad Breaks estavam apenas em fase de testes nos EUA. O recurso será expandido para outros países nos próximos meses, mas ainda não há data de lançamento no Brasil. 

De acordo com o Facebook, a receita dos anúncios será dividida em 55% para o criador do conteúdo e 45% para o Facebook – proporção que já existia na fase de testes nos Estados Unidos. Para participar do Ad Breaks, os produtores de conteúdo precisam ter vídeos de cerca de 3 minutos que tenham gerado mais de 30 mil visualizações de pelo menos um minuto nos últimos dois meses, e precisam também ter 10 mil seguidores na rede social. 

Para o diretor executivo do ITS, a plataforma tem potencial para se dar bem com propagandas. "O Watch tem todos os dados do comportamento e dos interesses dos usuários, isso cria uma vantagem para fazer anúncio", afirma. 

Essa não é a única iniciativa do Facebook para competir no mercado audiovisual – a empresa também tem o IGTV, a TV do Instagram, lançado em junho deste ano. Quanto à integração entre as duas plataformas, o Facebook enxerga que os serviços são diferentes, e pretende facilitar para o criador de conteúdo postar nas duas redes sociais ao mesmo tempo. “Nós percebemos que os criadores de conteúdo querem atingir o maior público possível”, diz Fidji Simo. Durante o lançamento do IGTV, vale lembrar, o cofundador brasileiro do Instagram, Mike Krieger, ressaltou que os serviços estarão integrados. 

Resta esperar para ver como o mercado brasileiro vai absorver a nova plataforma. “O audiovisual do Brasil é muito desenvolvido, mas muito concentrado com empresas fortes controlando grande parte do mercado, como a Globo e as ligas de esporte”, diz Steibel. “Parece que o mercado de conteúdo brasileiro já deu a entender que ele não está disposto a passar o seu conteúdo no Facebook porque ele não vê o retorno disso”. 

*é estagiária, sob a supervisão do editor Bruno Capelas

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