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Facebook põe grupos no centro da rede

Mudança de estratégia mostra que Zuckerberg estuda alternativas de expansão já prevendo possível desaceleração da captação de usuário

06/08/2017 | 05h00

  •      

 Por Bruno Capelas e Carolina Ingizza - O Estado de S. Paulo

Grupos são arma de Zuckerberg para reter usuários por mais tempo no site

JIM WILSON | NYT

Grupos são arma de Zuckerberg para reter usuários por mais tempo no site

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O Mark Zuckerberg que criou o Facebook em fevereiro de 2004 é muito diferente do bilionário que comanda um império hoje. A diferença vai além do bolso: o universitário que largou Harvard é hoje pai de família, filantropo e tenta mostrar que está preocupado com o futuro do mundo. Isso ficou claro recentemente, quando ele anunciou a nova missão do Facebook. Agora, a empresa quer “dar poder para as pessoas construírem comunidades”. E, com a mudança, a ferramenta de grupos, que estava meio de lado, ganhou protagonismo na estratégia da maior rede social do mundo, com mais de 2 bilhões de usuários.

“O Facebook foi construído em torno dos perfis dos usuários, das páginas e do que aparecia no feed de notícias de cada pessoa”, diz James Grimmelmann, professor da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. “Mas a rede social é como um parque de diversões: precisa sempre de atrações novas.”

Apesar de a rede social ter lançado os grupos em 2010, números da própria empresa mostram que apenas 100 milhões de pessoas participam do que Zuckerberg chama de “comunidades significativas” – aquelas que são a principal atividade do usuário na rede social e são capazes de transformar seu dia a dia, como comunidades de igrejas, associações de bairro, mas também grupos que discutem maternidade, alimentação saudável, oportunidades de emprego e empreendedorismo.

Com a mudança de foco, o Facebook pretende atrair pelo menos 1 bilhão de pessoas para esse tipo de grupo. Mais do que a preocupação com o mundo, a iniciativa mostra atenção para o futuro da própria companhia.

Saída. Com 3,4 bilhões de pessoas conectadas no planeta, o Facebook vai ter dificuldades em breve para ampliar seu total de usuários – e ampliar receita com publicidade. A rede social até investe em programas para conectar mais pessoas à internet, mas o resultados só vai aparecer no longo prazo. Apostar nos grupos é uma alternativa mais barata: em vez de crescer sua base, a rede tenta manter as pessoas mais tempo no site.

A história do Facebook em 30 fotos

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Prólogo

Foto: Reprodução

Em 28 de outubro de 2003, Mark Zuckerberg lança o Facemash, um predecessor do Facebook. Usando fotos do sistema de alunos de Harvard, o site pedia aos usuários que escolhessem qual era a garota mais ‘atraente’ entre duas opções. 

Início

Foto: Divulgação

Em 4 de fevereiro de 2004, quatro estudantes de Harvard fundam uma rede social voltada para estudantes da universidade, o Thefacebook: Mark Zuckerberg, Chris Hughes, Dustin Moskowitz e o brasileiro Eduardo Saverin. 

Investimentos

Foto: NYT

Em junho de 2004, a rede social já havia se expandido para outras universidades e recebeu seu primeiro investimento, feito pelo investidor Peter Thiel. Além disso, Sean Parker (na foto), co-fundador do Napster, assume a presidência da empresa. 

Plágio

Foto: NYT

Em 2004, os ex-colegas de Mark Zuckerberg em Harvard, os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss entram com uma ação judicial contra o Facebook, alegando que a empresa é o plágio de uma ideia dos gêmeos. A ação continuou na Justiça americana até 2011, quando os gêmeos retiraram o processo. 

1 milhão de amigos

Foto: NYT

Com Sean Parker na presidência, o Facebook conquista 1 milhão de usuários em 30 de dezembro de 2004. Meses depois, a empresa transfere sua sede para um escritório em Palo Alto, na Califórnia – e Zuckerberg abandona de vez os estudos em Harvard. 

'Não, não, não'

Foto: NYT

Em março de 2006, o Yahoo oferece US$ 1 bilhão para comprar o Facebook, mas Mark Zuckerberg rejeita a proposta. 

Feed de notícias

Foto: Reprodução

Em setembro de 2006, o Facebook lança o News Feed (Feed de Notícias, em português): uma página que se atualizava automaticamente através de um algoritmo, mostrando as novidades nas atividades dos amigos do usuário. É um conceito novo para o período – o Twitter, que trabalhava a ideia em tempo real, havia sido lançado apenas há alguns meses. 

Para menores

Foto: Reuters

Inicialmente voltado para universitários de faculdades de renome nos Estados Unidos, o Facebook se abre, em setembro de 2006, para qualquer usuário a partir dos 13 anos de idade – desde que ele tenha uma conta de email. 

Abertura

Foto: Reuters

Em 2007, buscando superar rivais como o MySpace, o Facebook abre sua plataforma de dados (API, na sigla em inglês) para desenvolvedores criarem aplicações que usem a rede social como base. Graças a isso, é possível se cadastrar em inúmeros aplicativos usando os dados de perfil do Facebook – e até mesmo jogar Candy Crush.

Microsoft

Foto: Reuters

Em outubro de 2007, a Microsoft adquire 1,4% das ações do Facebook, o que faz a empresa ser avaliada em US$ 15 bilhões. 

100 milhões de amigos

Foto: Reuters

Em agosto de 2008, o Facebook ultrapassa a marca de 100 milhões de usuários em todo o mundo. 

Tchau, Myspace

Foto: Estadão

Maior rede social do mundo até 2009, o MySpace é destronado da liderança pelo Facebook em maio daquele ano: segundo números da ComScore, a rede social atingiu 70 milhões de usuários ativos mensalmente no período, superando o antigo líder. Enquanto isso, no Brasil só se falava de Orkut. 

Fazenda Feliz

Foto: Reprodução

Lançado pela Zynga em 2010, FarmVille se torna o primeiro grande game a ser jogado dentro do Facebook. O jogo tinha um objetivo simples: o usuário assumia o papel de um fazendeiro, e tinha que gerar a maior produção possível de sua fazenda, fazendo dinheiro e amizades. 

Curtida

Foto: Reuters

Em junho de 2010, a empresa lança uma de suas marcas registradas: o botão de "Like" – aqui no Brasil, o like é chamado de curtida. Em Portugal, ele é um "gostei", e se você por acaso usa o Facebook em inglês pirata, um 'like' é simplesmente um grito de 'arrrr!', como faria o Capitão Gancho. 

A Rede Social

Foto: Reprodução

Estreia em outubro de 2010 o filme A Rede Social, que conta a história dos primeiros anos do Facebook. O filme, dirigido por David Fincher (Seven) e com roteiro de Aaron Sorkin (da série West Wing), é baseado no livro Bilionários por Acaso, do jornalista americano Ben Mezrich. O filme venceu três Oscars em 2011: melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor trilha sonora. Mark Zuckerberg era interpretado pelo ator americano Jesse Eisenberg. 

Avante

Foto: Reuters

Em janeiro de 2011, uma rodada de investimentos liderada pelo banco Goldman Sachs adquire 1% das ações do Facebook e avalia a empresa em US$ 50 bilhões. 

Mensageiro

Foto: Reuters

Em 9 de agosto de 2011, o Facebook lança o Facebook Messenger: inicialmente um substituto para o chat interno que havia na rede social, o Messenger se torna, nos anos seguintes, um dos principais aplicativos de troca de mensagens do mundo. Em janeiro de 2016, o aplicativo anunciou que tinha 800 milhões de usuários mensalmente ativos. 

Linha do tempo

Foto: Reprodução

Em setembro de 2011, o Facebook introduz a Linha do Tempo (Timeline), uma função que alterava os perfis dos usuários: no lugar de informações detalhadas sobre sua vida, o perfil passava a ser uma grande cronologia dos eventos e atividades deles na rede social. 

Abertura de capital

Foto: Reuters

Em 18 de maio de 2012, o Facebook realiza sua abertura de capital na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York: com preços iniciais de US$ 38, as ações da empresa renderam a ela uma avaliação de US$ 104 bilhões, na terceira maior oferta inicial de ações da história dos Estados Unidos. 

'Bota no Insta'

Foto: NYT

Criado pelo americano Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger, a rede social de fotografias Instagram é comprada pelo Facebook por US$ 1 bilhão em abril de 2012. 

1 bilhão de amigos

Foto: Reuters

Em outubro de 2012, a base de usuários do Facebook atinge 1 bilhão de usuários. 

Internet.org

Foto: Reuters

Em parceria com seis empresas (Samsung, Ericsson, MediaTek, Nokia, Opera e Qualcomm), Mark Zuckerberg lança o Internet.org em agosto de 2013. A intenção da organização é de trazer internet acessível para qualquer pessoa no mundo todo – no entanto, seus métodos tem sido criticados por infringir regras de neutralidade de rede em muitos países. Entenda a questão. 

Zap Zap

Foto: Reuters

Em fevereiro de 2014, o Facebook anunciou a aquisição do WhatsApp, um dos principais aplicativos de mensagem da atualidade, por US$ 21,8 bilhões (em valores atualizados). Recentemente, o aplicativo de mensagens se tornou o segundo serviço da empresa a alcançar 1 bilhão de usuários. Na foto, Jan Koum, cofundador do WhatsApp. 

Realidade virtual

Foto: Reuters

Em março de 2014, o Facebook expande seu foco de atividades ao comprar a startup Oculus, dona dos óculos de realidade virtual Oculus Rift, por US$ 2 bilhões. Em breve, o Oculus deverá ter seu lançamento comercial, e vai custar US$ 600. 

Fundação Zuckerberg

Foto: Facebook

Zuckerberg e Priscilla Chan durante o anúncio da chegada de Max, sua primeira filha

Reações

Foto: Reuters

O velho botão de curtir ganhou novos companheiros em abril de 2016: desde então, as pessoas podem reagir às publicações dos amigos com "Amei", "Haha" (risada), "Uau" (surpresa), "Triste" e "Grr" (raiva). O botão de "não curtir", porém, segue não existindo. 

Notícias Falsas

Foto: Reuters

Em 2016, o Facebook entrou na mira da política, ao ser acusado de auxiliar a disseminação de notícias falsas que influenciaram, por exemplo, no referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia, bem como na eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA. 

2 bilhões de amigos

Foto: Reuters

Em junho de 2017, o Facebook chegou à marca de 2 bilhões de usuários, conquistando boa parte do mundo conectado. 

Feed de Notícias

Foto: Reuters

Criticado pela disseminação de notícias falsas, o Facebook decidiu reagir em janeiro de 2018: naquele mês, a empresa disse que iria alterar seu algoritmo, diminuindo o número de publicações de notícias na linha do tempo dos usuários, privilegiando a interações entre amigos. Além disso, a empresa começou a pedir que usuários votem nos veículos de comunicação nos quais mais confiam, que receberiam mais destaque na linha do tempo, bem como decidiu que notícias de escopo local teriam prioridade na exibição. As medidas, bem como esforços do Facebook para auxiliar os jornais, foram bastante criticadas. 

Cambridge Analytica

Foto: EFE

Em março de 2018, o Facebook vive possivelmente sua maior crise, graças à revelação pelo jornal inglês The Observer de que a consultoria política Cambridge Analytica, de Alexander Nix (na foto) usou ilicitamente dados de 50 milhões de usuários da rede social, obtidos por meio de um quiz psicológico. O escândalo levou a empresa a perder US$ 49 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias e abriu uma grave crise de confiança por parte de usuários e investidores -- até mesmo o ex-funcionário da empresa Brian Acton, cocriador do WhatsApp, instigou os usuários a deletarem suas contas na rede social. 

Os grupos de humor são exemplo de como a estratégia pode trazer resultados rápidos. Em abril, por exemplo, a página Site dos Menes ganhou um grupo dedicado a criar piadas e imagens engraçadas. Nele, os 190 mil membros publicam uma média de 1,1 mil postagens por dia. As melhores são selecionadas para a página principal.

Lá, elas recebem entre 10 mil e 40 mil curtidas e milhares de compartilhamentos. “Na página, se o cara não gosta da piada, ele ignora. No grupo, ele escreve 50 comentários dizendo que a piada é ruim”, diz Felippe Agner, administrador do site.

Intimidade. Outro grande grupo brasileiro é o LDRV, que mistura comportamento, humor e discussões LGBT. “É uma válvula de escape para descontrair”, diz o criador do grupo, o estudante Kaerre Neto, de 22 anos. Com mais de 600 mil membros, o grupo somou mais de 90 milhões de interações (entre curtidas, comentários e publicações) no último mês. Um de seus destaques são publicações sobre a vida íntima dos membros do grupo.

Essa exposição da intimidade nos grupos, segundo Amy Bruckman, professora do Georgia Institute of Technology (Georgia Tech), também pode ajudar os algoritmos da rede social a compreender melhor a personalidade dos usuários. “É uma troca: eles sabem mais de você, mas, ao mesmo tempo, você ganha interações mais relevantes”, diz Amy.

Para José Calazans, analista da consultoria Nielsen, a interação nas comunidades faz o Facebook recuperar uma característica de outras redes sociais, como o Orkut, que havia se perdido: a formação de novas amizades pela internet. “Normalmente, quem você aceita como amigo no Facebook é uma pessoa que você já conhece na vida real. Com os grupos, isso pode mudar”, avalia Calazans.

Questionado pelo Estado sobre o assunto, o Facebook diz que não usa dados pessoais específicos para exibir anúncios aos usuários, mas que aproveita o que é discutido nas comunidades para tais ações. “Entregar anúncios baseados nos interesses das pessoas cria experiências relevantes para a comunidade”, disse o diretor responsável pela ferramenta de grupos do Facebook, Alex Deve. O Facebook ainda não exibe publicidade nos grupos da rede social.

Futuro. A crise recente do Facebook com notícias falsas – em que a rede é acusada de ter contribuído para a eleição de Donald Trump – também pode ser parcialmente solucionada pelo foco nos grupos. “Remover ou filtrar conteúdo ‘ruim’ custa dinheiro, seja por software ou com moderadores humanos”, diz Amy. Com os grupos, parte dessa responsabilidade é transferida aos moderadores.

Os grupos também devem ser a base para a adoção de novas tecnologias no Facebook, como a realidade virtual. A empresa tem testado uma nova ferramenta, chamada Live from Spaces, que permite às pessoas interagirem em uma sala virtual usando óculos especiais. “Pode ser uma ferramenta poderosa para a construção de comunidades”, disse Zuckerberg na divulgação do último balanço da rede.

Há quem acredite, porém, que transferir para o Facebook o espaço de discussões públicas relevantes seja arriscado. “No espaço público, há leis que garantem a liberdade de expressão aos cidadãos”, diz Amy. “Na plataforma de uma única empresa, não. E as implicações disso podem ser perversas.”

GRANDES GRUPOS DO FACEBOOK NO BRASIL

* South America Memes

O grupo da página de humor é um dos maiores do Facebook, reunindo hoje 960 mil membros. Nele, as pessoas criam piadas e imagens engraçadas, que alimentam a página, curtida por mais de 2,2 milhões de usuários na rede social

* LDRV

Inicialmente um grupo LGBT, o LDRV cresceu para se tornar um grupo de humor e discussões de cotidiano e comportamento. “É uma válvula de escape”, diz seu criador, Kaerre Neto. Hoje, tem 630 mil membros e deu origem a memes como ‘Inbonha’, homenageado até por Maurício de Sousa l

* dots

Com mais de 100 mil membros, o dots se define como uma rede de contatos e oportunidades – nele, empreendedores e profissionais podem oferecer seus produtos e serviços, com o objetivo de “gerar renda ou dar uma força no que for necessário ou possível” 

 

* Grupo Virtual de Amamentação (GVA)

Voltado para tirar dúvidas sobre amamentação, o grupo tem 160 mil membros – a maior parte deles são mães em busca de auxílio. Entre as moderadoras, há profissionais especializadas – como enfermeiras e doulas

    Tags:

  • Mark Zuckerberg
  • Facebook
  • internet

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