Há notificações no Facebook que são lembretes nada bem-vindos para quem teve perdas sofridas. É o caso de uma recomendação para adicionar como amigo um primo que já morreu; um vídeo comorando amizade com um irmão que morto há anos ou ainda uma sugestão para desejar Feliz Aniversário para um irmão que faleceu. Embora o Facebook tenha surgido como uma ferramenta excelente para preservar lembranças amadas de amigos e familiares que partiram, ele também tem feito estas e outras notificações funestas e inesperadas.
Na terça-feira, 9, a rede social anunciou várias mudanças para amenizar a dor dos usuários, informando que agora está usando a inteligência artificial “para minimizar experiências que podem ser dolorosas”, segundo Sheryl Sandberg, diretora executiva operacional do Facebook em um comunicado postado no site da companhia.
“Utilizamos a inteligência artificial para evitar mostrar coisas que podem gerar desconforto, como recomendar que a pessoa falecida seja convidada para eventos ou enviar lembretes de aniversário para seus amigos”, disse ela. “Estamos trabalhando para melhorias e rapidez neste assunto”.
O anúncio foi feito no momento em que o Facebook se defronta com uma investigação envolvendo a disseminação de nacionalismo branco nas suas plataformas, por não proteger adequadamente dados dos usuários, além de permitir a interferência estrangeira em eleições.
O esforço da rede para melhor administrar as notificações envolvendo pessoas já falecidas parece sensato. Mas não é um exercício trivial para a empresa que há anos tem lutado com a chamada "vida após a morte digital".
Muitos usuários têm reportado que perfis de amigos ou familiares mortos foram pirateados ou usados para distribuição de spans. Em 2014 a companhia pediu desculpas depois de uma postagem “Ano em Revista” mostrar o rosto da filha falecida de um homem. Na época a informação foi dada pelo jornal The Washington Post.
“O fenômeno no caso é que a vida é transitória e o Facebook não”, disse Pamela Rutledge, diretora do Media Psychology Research Center, entidade sem fins lucrativos com sede na Califórnia.
Depois que uma pessoa morre, um amigo ou familiar podepedir que o perfil da pessoa seja desativado ou se converta em “memorial”no caso de o indivíduo falecido não ter solicitado que sua conta fosse deletada permanentemente após sua morte. No caso de uma conta transformada em “memorial” ela é convertida num perfil especial onde podem ser prestados tributos ou ser vistas postagens de quando a pessoa ainda estava viva.
Há centenas de contas com esse perfil, disse a companhia. Mas esses perfis nem sempre permanecem como “memorial”. “Já ouvimos pessoas afirmarem que solicitar uma conta memorial é uma medida importante que nem todos estão prontos a tomar de imediato”, afirmou Sandberg.
Isto significa que muitos perfis de pessoas falecidas continuam ativos e cuja morte não foi informada para o Facebook. Essas contas continuam a gerar notificações em páginas de outras pessoas lembrando aniversários ou convites para eventos.
Tentativas. Há anos o Facebook tenta automatizar maneiras de identificar aqueles perfis para não enviar notificações possivelmente dolorosas para usuários.
Sandberg não especificou como a nova tecnologia de IA anunciada na terça-feira vai ter um resultado melhor do que medidas anteriores adotadas pela empresa. O Facebook não forneceu detalhes a respeito além de informar em um comunicado por e-mail que “examinamos uma variedade de sinais que podem indicar que a pessoa faleceu”.
Segundo Rutledge o anúncio foi o mais recente na contínua evolução do Facebook. A empresa introduziu a memorização de perfis em 2007. Em 2015 acrescentou o conceito de “contato herdeiro”– a nomeação prévia de um amigo ou membro da família para administrar sua conta transformada em memorial no Facebook.
*Tradução de Terezinha Martino