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Fundo bilionário do SoftBank, Vision Fund tem prejuízo anual de US$ 18 bi

Já o grupo japonês SoftBank registra prejuízo anual de US$ 13 bilhões, puxado pelo mau desempenho de suas apostas em startups

Por Agências
Atualização:
Na parte do Vision fund do prejuízo, cerca deUS$ 10 bilhões representam os investimentos em empresas como Uber e WeWork Foto: Kazuhiro Nogi/AFP

O grupo japonês SoftBank registrou prejuízo de cerca de US$ 13 bilhões no último ano, revelou um balanço divulgado nesta segunda-feira, 18, levando o conglomerado de Masayoshi Son a uma perda recorde e destacando a profunda crise nas empresas de seu portfólio durante a pandemia de coronavírus

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Sozinho, o Vision Fund colocou o rendimento abaixo do esperado, ao registrar um prejuízo US$ 18 bilhões. Nas perdas anuais, aproximadamente US$ 10 bilhões representam os investimentos em empresas como Uber e WeWork, drasticamente atingidos pela covid-19. 

"O coronavírus é uma crise sem precedentes", disse Son, em uma apresentação de resultados, comparando-a à Grande Depressão. Son disse que alguns de seus unicórnios tecnológicos caíram "no vale do coronavírus". "Acredito que alguns deles voarão sobre o vale", acrescentou, parado ao lado de um slide que mostrava unicórnios de desenhos animados caindo em um buraco enquanto um unicórnio alado solitário escapava para o outro lado.

A crise empurrou o portfólio do Vision Fund para debaixo d'água, com seu investimento de US$ 75 bilhões em 88 startups no valor de US$ 69,6 bilhões no final de março. O fundo de US$ 100 bilhões já havia entregue dois trimestres consecutivos de perdas antes de ser derrubado pelo surto.

O SoftBank registrou uma perda de US$ 7,5 bilhões em outros investimentos em tecnologia, atribuídos principalmente ao choque econômico causado pelo vírus. O surto exacerbou os problemas subjacentes em muitas de suas apostas em startups não comprovadas.

Além disso, a empresa está afrouxando os laços com o Alibaba Group, o maior ativo de seu portfólio, com o cofundador da principal empresa de comércio eletrônico, Jack Ma, deixando o conselho da SoftBank.

O SoftBank forneceu poucos detalhes sobre as empresas que viram baixas contábeis, mas ofereceu uma análise setorial mostrando que os investimentos em construção e imóveis valiam menos da metade do preço de custo, com os principais investimentos de transporte também embaixo da água.

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A empresa alavancou seus investimentos para fornecer mais fundos para outras apostas — uma estratégia que está sob pressão à medida que as avaliações caem — com perdas maiores que a estimativa revisada do grupo, apenas no mês passado.

A operadora de satélites OneWeb, apoiada pelo SoftBank, entrou com pedido de falência no final de março, adicionando uma perda por redução ao valor recuperável para investimentos realizados fora do Vision Fund, que também inclui parte da participação na WeWork.

Em abril, o SoftBank desistiu de uma oferta pública de aquisição de US$ 3 bilhões em ações adicionais do WeWork, apesar de acordo feito no ano passado com acionistas, atraindo ameaças jurídicas e agravando ainda mais a crise da empresa de escritórios compartilhados.

O grupo apontou para outras dificuldades, dizendo que "a incerteza em seus negócios de investimento permanecerá durante o próximo ano fiscal" se a pandemia continuar. Son recusou-se a estabelecer dividendos para o ano fiscal atual pela primeira vez, ressaltando a pressão do SoftBank.

Com sua ênfase usual no valor total dos ativos da SoftBank e não nos lucros, que são afetados pelas avaliações do Vision Fund, Son admitiu que o valor do acionista caiu e a dívida líquida aumentou este ano.

A turbulência deu alavancagem à acionista ativista e gerenciadora de investimentos americana Elliott Management, que, além de recomendar recompras de ações, está pressionando por maior transparência e supervisão. As demandas ecoam os críticos que argumentam que o SoftBank é dominado por Son e oferece pouca visibilidade sobre como são atingidas as avaliações que impulsionam seu lucro. 

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