Futuro da Apple pode estar em serviços

Receita obtida pela empresa com aplicativos, pagamento móvel e nuvem é promissora em cenário de queda na venda global de smartphones

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Por Agências
Atualização:
Ao intermediar compras com celular, Apple – liderada por Tim Cook – tenta emplacar nova fonte de receita Foto: Reuters

Apesar de ainda estar vendendo iPhones em ritmo suficiente para manter os investidores felizes, a Apple já pensa em seu próximo passo: reforçar seus investimentos em aplicativos e serviços para continuar crescendo e se manter como a maior empresa pública do mundo. Segundo Tim Cook, presidente executivo da companhia, a divisão de serviços da empresa – que inclui a loja de aplicativos App Store, o serviço de pagamentos móveis Apple Pay e o serviço de backup em nuvem iCloud – terá, sozinha, o tamanho de uma empresa grande o suficiente para estar entre as 100 maiores companhias da revista ‘Fortune’.

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A receita do setor de serviços da Apple cresceu 19%, para cerca de US$ 6 bilhões, no período entre abril e junho deste ano, se tornando a segunda área mais rentável, atrás apenas dos iPhones e à frente dos tablets iPad e dos computadores Mac.

Apesar de ter a segunda queda seguida na venda de iPhones e uma baixa de 27% no lucro, na comparação com o mesmo período do ano passado, a Apple teve resultados acima do esperado no trimestre. Após a divulgação do balanço, as ações da Apple chegaram a se valorizar em até 8% na bolsa de valores.

Base instalada. As vendas de iPhone podem ter diminuído – por motivos como uma base instalada já grande e pouca inovação nos últimos aparelhos. No entanto, é justamente por sua popularidade que a Apple pode conseguir faturar mais, ao criar serviços específicos para o smartphone – apostando em um setor que costuma ter margens de lucro mais altas que o de hardware.

Com pelo menos 1 bilhão de iPhones na mão dos consumidores, a Apple tem público o suficiente para crescer na área de serviços. “É uma arma na mão da Apple: com o iTunes, aplicativos e softwares, além do Apple Music e do Apple Pay, a empresa tem um caminho livre para margens de lucro maiores”, diz o analista Michael Walkley, da Cannacord Genuity.

App Store. As vendas da App Store, a loja de aplicativos da Apple, foram um dos destaques do último balanço da empresa. Ao todo, a receita da loja cresceu 37% – e uma parte considerável disso vem de compras de jogos e microtransações. Na semana passada, a corretora Needham & Co estimou que a Apple poderia receber até US$ 3 bilhões em receita nos próximos dois anos por meio do jogo Pokémon Go, que usa a tecnologia de realidade aumentada para envolver os jogadores em uma aventura na saga da Nintendo.

Em conferência a investidores, Cook declarou que a empresa está investindo pesadamente em realidade aumentada. “Acreditamos que há uma grande oportunidade comercial”, afirmou o executivo.

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“A App Store é, e provavelmente deve se manter, como o negócio de crescimento mais rápido e maior margem de lucro do futuro previsível”, disse o analista da consultoria Macquarie, Ben Schachter, sobre os resultados da Apple.

Nos setores de música e nuvem, a Apple enfrenta grande competição, de empresas como Spotify, Google e Microsoft. Há áreas, porém, que a empresa perdeu seu espaço: é o caso dos serviços de mapas – com problemas em sua estreia, o Maps nunca conseguiu se manter como um serviço à altura do rival feito pelo Google.

Há no entanto, analistas que não dão força ao investimento da Apple no setor: o analista da corretora Piper Jaffray, Gene Munster, disse que o preço médio da ação da Apple deve ficar em US$ 151 – dois dólares abaixo da estimativa anterior, refletindo menores lucros que devem ser registrados em 2017.

“Às vezes, serviços acabam não trazendo grandes resultados, porque não são vistos como algo de valor pelos investidores”, disse o analista. “É o que acontece com algumas grandes empresas.”

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