O Reino Unido disse ontem que vai começar a tributar a receita que as empresas de internet como Google, Facebook e Amazon geram no país para atualizar um sistema que não acompanhou o ritmo de mudança dos modelos de negócios digitais.
“É claro que não é sustentável, ou justo, que as empresas de plataforma digital possam gerar valor substancial no Reino Unido sem pagar impostos aqui em relação a esse negócio”, disse o ministro das Finanças, Philip Hammond, em seu discurso sobre o Orçamento anual, realizado nesta segunda-feira,29, em Londres.
O imposto será desenhado para garantir que as gigantes tecnológicas estabelecidas, não as startups, assumam os encargos, disse Hammond ao Parlamento.
O Tesouro disse que empresas lucrativas seriam taxadas em 2 % na receita gerada com usuários do Reino Unido a partir de abril de 2020. A previsão é de que a nova taxa gere cerca de US$ 512 milhões por ano para os cofres britânicos.
O imposto terá como alvo plataformas como mecanismos de busca, redes sociais e lojas online, disse Hammond, e será pago por empresas que geram pelo menos 500 milhões de libras por ano (US$ 640 milhões) em receita global.
Para Dan Neidle, sócio da consultoria Clifford Chance, a natureza radical mostra que o Reino Unido está frustrado com o ritmo lento das mudanças nas leis tributárias globais. “Eles estão à frente de todos os outros países, exceto a Espanha”, disse.
Mas dado o domínio das gigantes da tecnologia dos EUA, o governo do presidente Donald Trump pode não apreciar a proposta em um momento em que a Grã-Bretanha está tentando fechar novos acordos comerciais.
Questionado sobre o assunto, o ministro Hammond disse que adotaria uma solução global no lugar do imposto, se ela existisse. No entanto, como não há, garantiu que o governo vai buscar ter certeza de que está certo e manter a Grã-Bretanha como lugar atraente para negócios de tecnologia. Procuradas, Amazon e Facebook se recusaram a comentar.