Uma juíza federal dos Estados Unidos disse que o Google deve enfrentar um processo que acusa a empresa de gravar e disseminar ilegalmente conversas privadas de pessoas que acidentalmente acionaram seu assistente de voz em smartphones.
Em uma decisão nesta quinta-feira, 1, a juíza distrital Beth Labson Freeman permitiu que os reclamantes de uma ação coletiva prosseguissem com as alegações de que o Google e sua controladora Alphabet violaram as leis de privacidade da Califórnia, e também leis federais de privacidade e violações de quebra de contrato. A juíza rejeitou as reivindicações de proteção ao consumidor da Califórnia dos reclamantes, mas disse que elas poderiam ser reapresentadas.
O Google Assistant é um sistema acionado por comandos como "Ok Google" ou "Hey Google" – mesmo padrão usado pela Siri, da Apple, e pela Alexa, da Amazon.
Mas os reclamantes questionam interpretações erradas do Google Assistant – quando o sistema entende uma outra frase como comando. Eles afirmam que, por conta disso, a empresa não tem o direito de usar as conversas para publicidade direcionada.
Em uma decisão de 37 páginas, Freeman disse que os reclamantes mostraram que usavam dispositivos habilitados para o Google Assistant com frequência suficiente para ter uma expectativa razoável de privacidade ao falar.
Ela acrescentou que, embora o Google tenha divulgado em sua política de privacidade a forma como coleta informações para publicidade direcionada, "ele não informa suficientemente os usuários de que usará gravações feitas na ausência de ativação manual ou expressão de palavras".
Ao buscar o indeferimento, o Google disse que os reclamantes não conseguiram demonstrar que foram prejudicados ou que a empresa violou quaisquer garantias contratuais. "O Google nunca promete que o assistente será ativado apenas quando os reclamantes o fizerem", disse o documento.
O processo coletivo busca danos não especificados e inclui os compradores norte-americanos de dispositivos habilitados para o Google Assistant desde 18 de maio de 2016.
O Google e seus advogados não responderam imediatamente a pedidos de comentários. Os advogados dos reclamantes também não responderam a pedidos semelhantes.