Google e Facebook são apontados como cúmplices em processo sobre venda de publicidade
Queixa registrada pelo estado americano do Texas, em conjunto com outros 15 estados, aponta um acordo entre as duas empresas para burlar práticas de venda de publicidade online
14/01/2022 | 21h13
Por Agências - Reuters
Segundo o documento, tanto Pichai, do Google, quanto Zuckerberg, do Facebook, estavam cientes do acordo
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A batalha antitruste do governo dos Estados Unidos contra empresas de tecnologia do país levou Facebook e Google mais uma vez a um tribunal para depor sobre supostas práticas ilegais na internet. Depois da sessão da quinta, 13, porém, uma queixa, apresentada em um Tribunal do Texas, afirmou que as companhias de Mark Zuckerberg e Sundar Pichai haviam firmado um acordo de benefício mútuo sobre a priorização de publicidade na web.
Segundo o processo, o acordo com o Facebook — apelidado de "Jedi Blue", foi assinado pelo presidente do Google, Pichai, enquanto Zuckerberg estava em cópia no e-mail que discutia o assunto. O pacto teria sido firmado em 2018.
O acordo foi supostamente feito como parte do esforço do Google para combater os chamados header bidding, uma espécie de leilão entre empresas para arrematar um espaço de publicidade em tempo real. Segundo o documento, editores de sites queriam usar o método para ganhar mais dinheiro com a publicidade colocada em seus sites, passando por cima do mecanismo de publicidade do Google.
“O Google percebeu rapidamente que essa inovação ameaçava substancialmente a sua capacidade de exigir um corte muito grande – de 19 a 22% – em todas as transações de publicidade”, disse o documento.
Como parte do acordo entre as empresas, para driblar a técnica de header bidding, as duas plataformas online concordaram com a frequência com que o Facebook venceria os leilões das editoras.
Além disso, o Google também tinha outras táticas, como usar pelo menos três programas para manipular leilões de anúncios para coagir anunciantes e editores a usar as ferramentas do Google, segundo o documento.
De acordo com uma queixa antitruste apresentada pelo Texas e outros 15 estados, os presidentes do Google e do Facebook, estavam cientes desse acordo para dividir parte do mercado de publicidade online.
"Em última análise, o Google e o Facebook fecharam um acordo executado nos níveis mais altos", disse a queixa. “Após o acordo, o Facebook reduziu seu envolvimento com lances de cabeçalho em troca do Google dar ao Facebook informações, velocidade e outras vantagens”.
O processo foi aberto em 2020 e alega que o Google usou táticas coercitivas e infringiu a lei antitruste em seus esforços para impulsionar seu negócio de publicidade já dominante. O documento apresentado na sexta-feira, 14, é uma versão menos redigida de uma segunda reclamação alterada, que foi originalmente apresentada em outubro de 2021. O processo foi um dos vários que surgiram a partir de investigações do governo federal e de grupos de estados em plataformas online.
O que dizem as empresas
O Google disse que a afirmação da reclamação "não é precisa" e que a própria reclamação está "cheia de imprecisões". "Pretendemos apresentar uma moção para anular [o processo] na próxima semana", disse um porta-voz do Google.
A Meta (ex-Facebook), disse em comunicado que o pacto não era exclusivo do Google e que outros acordos aumentaram a concorrência por posicionamentos de anúncios. A companhia disse que o método era melhor para os anunciantes "ao mesmo tempo em que compensava bastante os editores". O Facebook não foi apontado como réu no processo.
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