Governo americano acusa Amazon de mentir em processo antitruste

Em carta, deputados lançam dúvidas sobre a veracidade do testemunho da empresa em relação à documentos e declarações contraditórias de executivos da empresa

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Por Agências
Atualização:
A carta enviada pelos congressistas dá ao presidente da empresa “uma última oportunidade” de providenciar evidências para corroborar as alegações da Amazon Foto: Brendan Mcdermid/Reuters

Cinco membros do Comitê Judicial da Câmara dos Deputados norte-americana enviaram uma carta ao presidente da Amazon no domingo, 17, acusando líderes da companhia, incluindo o fundador da empresa, Jeff Bezos, de enganar o Congresso ou possivelmente mentir sobre as práticas de negócios da Amazon.

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O documento, endereçado a Andy Jassy, foi enviado após reportagem da Reuters revelar que a empresa conduziu uma campanha sistemática de cópia de produtos e manipulação de resultados de pesquisa na Índia para aumentar as vendas de suas próprias marcas. 

A carta diz que uma série de artigos jornalísticos recentemente publicados contradizem diretamente o testemunho juramentado de altos executivos da empresa. O comitê está considerando “se um encaminhamento deste assunto ao Departamento de Justiça para investigação criminal é apropriado''. 

Em resposta, a Amazon divulgou um comunicado em que nega as acusações. "A Amazon e seus executivos não enganaram o comitê, e nós negamos e procuramos corrigir o registro dos artigos imprecisos da mídia em questão”, diz a nota.

“Como afirmamos anteriormente, temos uma política interna, que vai além da política de qualquer outro varejista que conheçamos, que proíbe o uso de dados de vendedores individuais para desenvolver produtos de marca própria da Amazon. Investigamos quaisquer alegações de que esta política pode ter sido violada e tomamos as medidas adequadas", acrescenta a empresa.

Desde 2019, o Comitê Judiciário da Câmara tem investigado a competição no mercado digital. Um dos pontos apurados pelos congressistas é como a Amazon usa os dados de vendedores individuais que usam sua plataforma e se a empresa favorece, de maneira ilegal, seus próprios produtos.

Em um depoimento à subcomissão antitruste do Comitê Judicial no ano passado, Bezos disse que a empresa proibia seus funcionários de usar dados de vendedores individuais para benefício de produtos produzidos pela Amazon. Em outro depoimento em 2019, o conselheiro geral da empresa, Nate Sutton, afirmou que a empresa não usa esses dados para criar seus próprios produtos de marca ou alterar seus resultados de pesquisa para beneficiá-los.

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A carta enviada pelos congressistas dá ao presidente da empresa “uma última oportunidade” de providenciar evidências para corroborar as alegações da Amazon. O documento também ressalta que “é criminalmente ilegal fazer declarações que sejam materialmente falsas, de forma consciente e intencional, ocultar um fato relevante ou, de outra forma, fornecer documentação falsa em resposta a uma investigação do Congresso".

Os congressistas deram a Jassy até 1º. de novembro para providenciar uma resposta juramentada que traga clareza sobre “como a Amazon usa dados não públicos de vendedores individuais para desenvolver e comercializar sua própria linha de produtos" e como as classificações de busca da Amazon favorecem esses produtos.

A reportagem da Reuters teve como base milhares de páginas de documentos internos da Amazon, incluindo e-mails, papéis estratégicos e planos de negócios. Eles mostraram que, pelo menos na Índia, a Amazon tinha uma política formal e clandestina de manipular os resultados da pesquisa para favorecer seus próprios produtos, bem como copiar produtos de outros vendedores.

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