Mark Zuckerberg é o presidente do Facebook
O Facebook revelou nesta sexta-feira, 28, a descoberta de uma falha de segurança que afetou 50 milhões de usuários no mundo todo. Em comunicado, o presidente executivo da rede social, Mark Zuckerberg, declarou que os invasores conseguiam ter acesso às contas, mas que ainda não há evidências se dados dos usuários foram coletados. Ainda sob investigação, o incidente aumenta a pressão sob o Facebook, que vive em 2018 uma de suas piores crises, após o caso Cambridge Analytica.
Segundo a empresa, a falha ocorreu dentro da função “Ver Como”, que permite aos usuários visualizarem como seus perfis são vistos por quem não é seu amigo na rede social. “Os invasores conseguiram acesso aos perfis dos usuários da mesma forma que os proprietários das contas”, explica Dmitry Bestuzhev, diretor de pesquisa da empresa de segurança Kaspersky na América Latina.
Segundo Guy Rosen, vice-presidente de produto da rede social, isso inclui não só o acesso à rede social, mas também a qualquer programa ou serviço que use o Facebook como sistema para login. Em conferência com jornalistas, ele disse que ainda não há detalhes sobre a identidade ou origem dos invasores, nem se o ataque tinha alvos determinados.
Como medida preventiva, a empresa desligou o acesso dos 50 milhões de usuários afetados, bem como de outros 40 milhões de pessoas que usaram o “Ver Como” no último ano. A rede social disse que já corrigiu a falha e notificou as autoridades competentes nos EUA e na Europa. Além disso, a rede prometeu enviar avisos aos usuários que foram afetados – entre eles, estão Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg, diretora de negócios do Facebook, reportou o jornal The New York Times.
Impacto. Por causa da divulgação do ataque, as ações do Facebook caíram 2,59% na bolsa Nasdaq ontem, encerrando o dia a US$ 164,46. É um impacto financeiro menor do que o sentido pela rede social em março, quando os jornais The New York Times e The Observer revelaram que a consultoria política Cambridge Analytica usou indevidamente dados 87 milhões de usuários da rede social. Na época, a queda foi de 6,7% na bolsa.
Nos meses seguintes, o caso levou Mark Zuckerberg a depor no Congresso americano e fez a empresa rever suas políticas de privacidade, reduzindo previsões de lucro. O Facebook chegou a perder US$ 119 bilhões em valor de mercado em um único dia. Além disso, a empresa também lida com problemas como a disseminação de notícias falsas e a influência russa na plataforma.
A história do Facebook em 30 fotos
Em 28 de outubro de 2003, Mark Zuckerberg lança o Facemash, um predecessor do Facebook. Usando fotos do sistema de alunos de Harvard, o site pedia aos usuários que escolhessem qual era a garota mais ‘atraente’ entre duas opções.
Em 4 de fevereiro de 2004, quatro estudantes de Harvard fundam uma rede social voltada para estudantes da universidade, o Thefacebook: Mark Zuckerberg, Chris Hughes, Dustin Moskowitz e o brasileiro Eduardo Saverin.
Em junho de 2004, a rede social já havia se expandido para outras universidades e recebeu seu primeiro investimento, feito pelo investidor Peter Thiel. Além disso, Sean Parker (na foto), co-fundador do Napster, assume a presidência da empresa.
Em 2004, os ex-colegas de Mark Zuckerberg em Harvard, os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss entram com uma ação judicial contra o Facebook, alegando que a empresa é o plágio de uma ideia dos gêmeos. A ação continuou na Justiça americana até 2011, quando os gêmeos retiraram o processo.
Com Sean Parker na presidência, o Facebook conquista 1 milhão de usuários em 30 de dezembro de 2004. Meses depois, a empresa transfere sua sede para um escritório em Palo Alto, na Califórnia – e Zuckerberg abandona de vez os estudos em Harvard.
Em março de 2006, o Yahoo oferece US$ 1 bilhão para comprar o Facebook, mas Mark Zuckerberg rejeita a proposta.
Em setembro de 2006, o Facebook lança o News Feed (Feed de Notícias, em português): uma página que se atualizava automaticamente através de um algoritmo, mostrando as novidades nas atividades dos amigos do usuário. É um conceito novo para o período – o Twitter, que trabalhava a ideia em tempo real, havia sido lançado apenas há alguns meses.
Inicialmente voltado para universitários de faculdades de renome nos Estados Unidos, o Facebook se abre, em setembro de 2006, para qualquer usuário a partir dos 13 anos de idade – desde que ele tenha uma conta de email.
Em 2007, buscando superar rivais como o MySpace, o Facebook abre sua plataforma de dados (API, na sigla em inglês) para desenvolvedores criarem aplicações que usem a rede social como base. Graças a isso, é possível se cadastrar em inúmeros aplicativos usando os dados de perfil do Facebook – e até mesmo jogar Candy Crush.
Em outubro de 2007, a Microsoft adquire 1,4% das ações do Facebook, o que faz a empresa ser avaliada em US$ 15 bilhões.
Em agosto de 2008, o Facebook ultrapassa a marca de 100 milhões de usuários em todo o mundo.
Maior rede social do mundo até 2009, o MySpace é destronado da liderança pelo Facebook em maio daquele ano: segundo números da ComScore, a rede social atingiu 70 milhões de usuários ativos mensalmente no período, superando o antigo líder. Enquanto isso, no Brasil só se falava de Orkut.
Lançado pela Zynga em 2010, FarmVille se torna o primeiro grande game a ser jogado dentro do Facebook. O jogo tinha um objetivo simples: o usuário assumia o papel de um fazendeiro, e tinha que gerar a maior produção possível de sua fazenda, fazendo dinheiro e amizades.
Em junho de 2010, a empresa lança uma de suas marcas registradas: o botão de "Like" – aqui no Brasil, o like é chamado de curtida. Em Portugal, ele é um "gostei", e se você por acaso usa o Facebook em inglês pirata, um 'like' é simplesmente um grito de 'arrrr!', como faria o Capitão Gancho.
Estreia em outubro de 2010 o filme A Rede Social, que conta a história dos primeiros anos do Facebook. O filme, dirigido por David Fincher (Seven) e com roteiro de Aaron Sorkin (da série West Wing), é baseado no livro Bilionários por Acaso, do jornalista americano Ben Mezrich. O filme venceu três Oscars em 2011: melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor trilha sonora. Mark Zuckerberg era interpretado pelo ator americano Jesse Eisenberg.
Em janeiro de 2011, uma rodada de investimentos liderada pelo banco Goldman Sachs adquire 1% das ações do Facebook e avalia a empresa em US$ 50 bilhões.
Em 9 de agosto de 2011, o Facebook lança o Facebook Messenger: inicialmente um substituto para o chat interno que havia na rede social, o Messenger se torna, nos anos seguintes, um dos principais aplicativos de troca de mensagens do mundo. Em janeiro de 2016, o aplicativo anunciou que tinha 800 milhões de usuários mensalmente ativos.
Em setembro de 2011, o Facebook introduz a Linha do Tempo (Timeline), uma função que alterava os perfis dos usuários: no lugar de informações detalhadas sobre sua vida, o perfil passava a ser uma grande cronologia dos eventos e atividades deles na rede social.
Em 18 de maio de 2012, o Facebook realiza sua abertura de capital na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York: com preços iniciais de US$ 38, as ações da empresa renderam a ela uma avaliação de US$ 104 bilhões, na terceira maior oferta inicial de ações da história dos Estados Unidos.
Criado pelo americano Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger, a rede social de fotografias Instagram é comprada pelo Facebook por US$ 1 bilhão em abril de 2012.
Em outubro de 2012, a base de usuários do Facebook atinge 1 bilhão de usuários.
Em parceria com seis empresas (Samsung, Ericsson, MediaTek, Nokia, Opera e Qualcomm), Mark Zuckerberg lança o Internet.org em agosto de 2013. A intenção da organização é de trazer internet acessível para qualquer pessoa no mundo todo – no entanto, seus métodos tem sido criticados por infringir regras de neutralidade de rede em muitos países. Entenda a questão.
Em fevereiro de 2014, o Facebook anunciou a aquisição do WhatsApp, um dos principais aplicativos de mensagem da atualidade, por US$ 21,8 bilhões (em valores atualizados). Recentemente, o aplicativo de mensagens se tornou o segundo serviço da empresa a alcançar 1 bilhão de usuários. Na foto, Jan Koum, cofundador do WhatsApp.
Em março de 2014, o Facebook expande seu foco de atividades ao comprar a startup Oculus, dona dos óculos de realidade virtual Oculus Rift, por US$ 2 bilhões. Em breve, o Oculus deverá ter seu lançamento comercial, e vai custar US$ 600.
Zuckerberg e Priscilla Chan durante o anúncio da chegada de Max, sua primeira filha
O velho botão de curtir ganhou novos companheiros em abril de 2016: desde então, as pessoas podem reagir às publicações dos amigos com "Amei", "Haha" (risada), "Uau" (surpresa), "Triste" e "Grr" (raiva). O botão de "não curtir", porém, segue não existindo.
Em 2016, o Facebook entrou na mira da política, ao ser acusado de auxiliar a disseminação de notícias falsas que influenciaram, por exemplo, no referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia, bem como na eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA.
Em junho de 2017, o Facebook chegou à marca de 2 bilhões de usuários, conquistando boa parte do mundo conectado.
Criticado pela disseminação de notícias falsas, o Facebook decidiu reagir em janeiro de 2018: naquele mês, a empresa disse que iria alterar seu algoritmo, diminuindo o número de publicações de notícias na linha do tempo dos usuários, privilegiando a interações entre amigos. Além disso, a empresa começou a pedir que usuários votem nos veículos de comunicação nos quais mais confiam, que receberiam mais destaque na linha do tempo, bem como decidiu que notícias de escopo local teriam prioridade na exibição. As medidas, bem como esforços do Facebook para auxiliar os jornais, foram bastante criticadas.
Em março de 2018, o Facebook vive possivelmente sua maior crise, graças à revelação pelo jornal inglês The Observer de que a consultoria política Cambridge Analytica, de Alexander Nix (na foto) usou ilicitamente dados de 50 milhões de usuários da rede social, obtidos por meio de um quiz psicológico. O escândalo levou a empresa a perder US$ 49 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias e abriu uma grave crise de confiança por parte de usuários e investidores -- até mesmo o ex-funcionário da empresa Brian Acton, cocriador do WhatsApp, instigou os usuários a deletarem suas contas na rede social.
Para especialistas ouvidos pelo Estado, a falha de segurança causa menor impacto que o escândalo anterior. “Antes, houve um rompimento de um acordo. O que aconteceu agora foi um ataque”, diz Eduardo Magrani, pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio). “Empresas de tecnologia são alvos constantes desses ataques.”
Além disso, a postura proativa do Facebook ao divulgar o ataque pode ter contido danos. “Usuários e investidores veem isso com bons olhos”, explica Francisco Brito Cruz, diretor do centro de pesquisa InternetLab.
O incidente, no entanto, ainda terá desdobramentos: horas após o Facebook divulgar a falha, dois usuários entraram na Justiça da Califórnia contra a empresa. Políticos e reguladores também pediram explicações à companhia. “Falhas não só violam nossa privacidade, mas criam riscos à economia e à segurança nacional”, disse Rohit Chopra, comissário do órgão regulador do comércio americano (FTC).
A pressão sobre a rede também aumenta ao se considerar que hoje o Facebook não tem um diretor de segurança – Alex Stamos, o último a ocupar o cargo, deixou a empresa em 17 de agosto para se tornar pesquisador da Universidade de Stanford. Antes de sair, ele publicou uma carta pedindo que a rede colete menos dados de seus usuários. Além disso, a empresa ainda está enfrentando outro tipo de problemas: nesta sexta-feira, 28, diversos usuários e jornalistas relataram, em redes sociais, que estão tendo problemas para compartilhar algumas matérias sobre a falha de segurança.
Entenda o escândalo do uso de dados do Facebook pela Cambridge Analytica
O primeiro capítulo da polêmica aconteceu em 16 de março, uma sexta-feira, quando o Facebook suspendeu a consultoria Cambridge Analytica, conhecida por participar da campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, de sua plataforma. A manobra aconteceu três anos depois que o Facebook descobriu que a consultoria havia obtido dados de forma ilícita de seus usuários – em 2015, porém, o Facebook apenas pediu que a empresa deletasse esses dados e acreditou quando a Cambridge Analytica, presidida por Alexander Nix (foto) afirmou que o tinha feito.
No dia seguinte, os jornais The Observer e The New York Times publicaram as reportagens que revelaram o escândalo a partir de revelações feitas pelo informante Christopher Wylie: dados de 50 milhões de usuários tinham sido obtidos a partir do quiz This is Your Digital Life, do pesquisador da Universidade de Cambridge Aleksandr Kogan. Kogan, por sua vez, os teria repassado á Cambridge Analytica. A suspensão do dia anterior teria sido uma forma do Facebook se adiantar às reportagens – na época, a empresa ameaçou os jornais com processos.
No primeiro dia útil após a revelação dos escândalos, o Facebook perdeu US$ 36 bilhões em valor de mercado após ver suas ações caírem 6,7%, com fuga de investidores preocupados com a repercussão do caso.
No dia seguinte, Mark Zuckerberg começou a ser convocado para prestar esclarecimentos nos EUA e no Reino Unido sobre o assunto; em paralelo, governos ao redor do mundo começam a discutir regulamentação especial para o Facebook e outras empresas de internet. Enquanto isso, o presidente executivo da rede social segue em silêncio.
No mesmo dia, começou a ganhar força o movimento #deleteFacebook – a hashtag publicada em redes sociais conclamava os usuários a abandonarem a rede social. Entre as pessoas que aderiram ao movimento estava Brian Acton, cofundador do WhatsApp, aplicativo de mensagens que foi adquirido em 2014 pela empresa de Mark Zuckerberg por US$ 19 bilhões.
Pela primeira vez, o presidente executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix, admitiu que sua empresa pode ter influenciado drasticamente os resultados das eleições nos Estados Unidos – a consultoria política teria trabalhado em prol do candidato republicano e hoje presidente americano, Donald J. Trump.
No dia 21 de março, Zuckerberg falou pela primeira vez sobre o caso, assumiu a responsabilidade pelos erros cometidos e pediu desculpas aos usuários. Ele ainda esclareceu a situação e divulgou que o Facebook estava mudando suas políticas de acesso de dados de usuários para aplicativos parceiros. As ações da empresa, porém, seguiram em queda.
André Torretta, executivo de marketing político brasileiro, havia assinado uma parceria com a Cambridge Analytica para atuar nas eleições de 2018 no Brasil. Ao saber do escândalo, a parceria foi desfeita, mas o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT) abriu uma investigação para entender qual o envolvimento de Torretta com a Cambridge Analytica – e se ferramentas parecidas tinham sido usadas no Brasil.
Elon Musk, fundador da Space X e da Tesla, foi outro que aderiu ao #deleteFacebook, após ser desafiado por um usuário no Twitter; enquanto isso, a Câmara dos Deputados dos EUA convidou Mark Zuckerberg, bem como outros executivos da área de tecnologia, a depor.
Em meio ao escândalo, uma nova revelação: o Facebook coletou registros de chamadas e mensagens enviadas por SMS feitas por usuários de Android nos últimos anos, a partir do aplicativo de mensagens Facebook Messenger. A coleta foi percebida por usuários da rede social neste domingo, 25, e confirmado pela empresa horas depois. A comprovação foi possível porque a rede social permite que qualquer usuário faça um download dos dados armazenados pela empresa na plataforma.
No dia 26 de março, as ações do Facebook voltaram a despencar, depois que a autoridade regulatória de comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) anunciou que estava oficialmente investigando a empresa por uma quebra de contrato – em 2011, a rede social e a agência assinaram um acordo dizendo que a empresa deveria proteger os dados de seus usuários. Com a revelação do escândalo da Cambridge Analytica, a FTC agora apura se o Facebook feriu os termos do pacto.
Além de pedir desculpas publicamente, o Facebook também começou a se esforçar para realizar mudanças na rede social a fim de convencer usuários, investidores e reguladores de que estava tudo bem. Uma das principais mudanças aconteceu no centro de privacidade da rede social – espaço onde os usuários podem definir suas configurações sobre o tema.
Outro esforço tomado pela rede social foi o de cortar laços com provedores de dados do mundo todo – empresas que reúnem informações pessoais e de pagamento de pessoas. No Brasil, a única empresa do tipo que teve sua parceria encerrada com a rede social foi a Serasa Experian.
Na manhã de 4 de abril, o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que concordou em ir depor ao Congresso americano e responder às perguntas dos deputados e senadores dos EUA.
No mesmo dia, o Facebook anunciou novas versões de seus termos de uso e políticas de privacidade – os textos, que permaneceram em consulta por uma semana, ficaram maiores, mais claros e com interpretação mais aberta, na opinião dos especialistas, mas não mudaram a natureza da rede social.
Além disso, o Facebook também divulgou informações de suas investigações internas sobre o escândalo da Cambridge Analytica. Ao todo, 87 milhões (e não 50 milhões, como informaram os jornais) podem ter tido seus dados obtidos pela consultoria a partir do quiz feito por Aleksandr Kogan. Mark Zuckerberg também admitiu que a vasta maioria dos 2,13 bilhões de usuários do Facebook podem ter tido seus dados obtidos por terceiros.
No dia 9 de abril, o Facebook passou a notificar todos os usuários que tiveram seus dados compartilhados com a consultoria Cambridge Analytica (cuja sede está na foto acima). Dias antes, a empresa também anunciou que passará a verificar a identidade de todos os usuários que comprarem anúncios para publicações de cunho político e adotará mais transparência para posts pagos em campanhas eleitorais.
No dia 10 de abril, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, depôs durante cinco horas no Senado americano – ele respondeu a perguntas de todo tipo e complexidade, mas revelou poucas novidades. A principal delas é a de que Aleksandr Kogan vendeu informações de seu quiz para outras empresas. Lembre como foi.
No dia seguinte, mais cinco horas de depoimentos de Mark Zuckerberg – desta vez na Câmara dos Deputados, onde enfrentou maior pressão e admitiu que seus dados estavam entre os dos 87 milhões de usuários afetados pelo escândalo da Cambridge Analytica.
Em 20 de abril, a rede social a divulgar os novos termos de uso para seus usuários nos Estados Unidos e na Europa. Lá fora, o documento recebeu alterações por duas razões: além de esclarecer termos e temas complicados à luz do escândalo do uso ilícito de dados com a Cambridge Analytica, os termos de uso também adequam a rede social à GDPR, nova lei de proteção de dados europeia que vai entrar em vigor em 25 de maio no Velho Continente. Segundo o jornal norte-americano Wall Street Journal, o novo documento tem agora 4,2 mil palavras – em inglês –, contra 2,7 mil do “contrato” anterior, divulgado no final de 2016. Sua linguagem também está mais clara e busca mostrar para os usuários o que é feito com seus dados.
Em 23 de abril, a Federal Trade Comission (FTC), órgão que regula o comércio e as empresas nos EUA, divulgou uma auditoria feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) em relação aos controles de privacidade usados pelo Facebook para garantir a segurança dos dados pessoais de seus 2,13 bilhões de usuários. De acordo com a consultoria, que analisou o período entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2017, tudo estava funcionando em perfeita ordem.
O pesquisador Aleksandr Kogan veio a pública na semana de 24 de abril para falar sobre sua participação no caso. Ele pediu desculpas por seu envolvimento com a Cambridge Analytica, mas disse que os dados que coletou não tinham poder o suficiente para influenciar os rumos de uma eleição com anúncios patrocinados. Além disso, ele argumentou que está sendo usado como bode expiatório e pretende processar o Facebook.
Pela primeira vez, o Facebook divulgou as diretrizes que utiliza em algoritmos e equipe de moderadores para identificar e retirar conteúdo inadequado da rede social; as regras mostram como a rede social enxerga temas como violência, discurso de ódio e nudez. É mais uma onda na avalanche de anúncios feitas recentemente pela rede social para acalmar os ânimos de investidores, usuários e órgãos reguladores