Herdeiro da Samsung é condenado a 30 meses de prisão por suborno

Jay Y. Lee será afastado do cargo na Samsung e não poderá supervisionar a empresa herdada do pai Lee Kun-hee, que morreu no ano passado

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Por Agências
Atualização:
Durante sua declaração final ao tribunal em dezembro, Lee disse que desejava "fazer uma nova Samsung” Foto: Kim Hong-Ji/Reuters

Um tribunal sul-coreano sentenciou ontem o vice-presidente do conselho de administração da Samsung, Jay Y. Lee, a dois anos e meio de prisão por suborno. O executivo é filho do ex-presidente da companhia, Lee Kun-hee, que morreu em outubro

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O caso é antigo. Empresário mais poderoso da Coreia do Sul, Lee já cumpriu um ano de prisão por subornar uma autoridade ligada à ex-presidente do país Park Geun-hye - o processo, porém, foi suspenso em 2018 por um tribunal de apelações. Um ano depois, a Suprema Corte ordenou que o executivo de 52 anos fosse julgado novamente.

Agora, um novo julgamento considerou Lee culpado de suborno, apropriação indevida e dissimulação de receitas no valor de cerca de US$ 7,8 milhões e destacou que o comitê independente de compliance criado pela Samsung no início de 2020 ainda não entrou em vigor.

“(Lee) mostrou disposição para a gestão com um compliance reforçado, já que prometeu criar uma empresa transparente”, disse o presidente do tribunal Jeong Jun-yeong. “Apesar de algumas deficiências, espero que, com o tempo, isso seja avaliado como um marco na história das empresas coreanas. É um começo para o compliance e a ética”, disse ele.

Lee, vestido com um casaco escuro e de pé para ouvir a sentença, sentou-se depois que ela foi lida: ele não se manifestou. Durante sua declaração final ao tribunal em dezembro, Lee disse que desejava “fazer uma nova Samsung”.

“Este caso envolve o abuso de poder da ex-presidente, violando a liberdade corporativa e os direitos de propriedade. A decisão do tribunal é lamentável”, disse o advogado de Lee a repórteres.

Em queda

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Por enquanto, Lee será afastado das principais tomadas de decisão da Samsung. Ele também não poderá supervisionar diretamente o processo de herança de seu pai, crucial para manter seu controle sobre a empresa.

Analistas concordaram que as operações cotidianas da empresa não serão afetadas, mas as decisões em grande escala cujos resultados muitas vezes só são visíveis depois de anos, como fusões e aquisições e grandes mudanças de equipe, podem sentir o impacto.

“A ausência dele não vai atrapalhar a gestão atual da Samsung. Ao contrário da época de seu pai, a Samsung tem sido administrada sistematicamente e a tomada de decisões é distribuída entre os presidentes de cada empresa do grupo”, disse Chung Sun-sup, presidente-executivo da empresa de pesquisas Chaebul.com.

“Mas, além do golpe em sua imagem global, estratégias de longo prazo, como investimentos atualmente não planejados para o futuro e a reestruturação, podem ser paralisadas”, acrescentou.

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