Livre da Amazon, Jeff Bezos foca em acelerar empresa de viagens espaciais Blue Origin

Olhando para a concorrência, Bezos quer alavancar as atividades da Blue Origin e busca contrato com a Nasa ainda neste ano

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Por Agência
Atualização:
Bezos anunciou que vai deixar o comando da Amazon em agosto Foto: Joshua Roberts/Reuters

Livre de suas obrigações diárias na Amazon, Jeff Bezos deve aumentar seu foco sobre sua empresa de viagens espaciais, Blue Origin, que enfrenta um ano importante e uma competição feroz da SpaceX, de Elon Musk, disseram fontes da indústria.

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Bezos, de 57 anos, entusiasta do espaço ao longo da vida e a segunda pessoa mais rica do mundo, atrás apenas de Musk, disse na semana passada que está deixando o cargo de presidente executivo da empresa de comércio eletrônico para se concentrar em projetos pessoais.

A Blue Origin ficou muito atrás da SpaceX em transporte orbital e perdeu para a SpaceX e a United Launch Alliance (ULA) bilhões de dólares em contratos de lançamentos espaciais do governo dos Estados Unidos que começam em 2022. A ULA é uma joint venture da Boeing e Lockheed Martin.

Agora, a Blue Origin está lutando para ganhar terreno ante a SpaceX e a Dynetics, no desenvolvimento de uma nova sonda lunar para o esforço multibilionário da Nasa em fazer uma viagem tripulada para a Lua em alguns anos.

Ganhar o contrato da sonda lunar — e executar seu desenvolvimento — são vistos por Bezos e outros executivos como vitais para a Blue Origin se estabelecer como uma parceira desejada para a Nasa, e também colocar a Blue no caminho para obter lucro, disseram as fontes.

Com fluxos de receita limitados, Bezos tem liquidado cerca de US$ 1 bilhão em suas ações da Amazon anualmente para financiar a Blue, que ele disse em 2018 que era o "trabalho mais importante" que ele estava fazendo.

Espera-se que a Nasa deixe o contrato do módulo lunar para apenas duas empresas até o final de abril, aumentando a pressão enquanto a Blue Origin trabalha com problemas como o desperdício de milhões de dólares em compras e desafios técnicos e de produção, disseram as fontes.

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Uma das lutas de desenvolvimento que a Blue Origin tem enfrentado é conseguir que o módulo de pouso seja leve e pequeno o suficiente para caber em um foguete disponível comercialmente, disseram duas pessoas informadas sobre o desenvolvimento.

Outra fonte, no entanto, disse que a Blue modificou seu projeto desde que recebeu o contrato inicial em abril passado e que o projeto atual se encaixa em um número adicional de foguetes disponíveis e futuros, incluindo o Falcon Heavy, de Musk, e o Vulcan, da ULA.

"Ele (Bezos) vai colocar a Blue Origin em velocidade de hiperdrive", disse uma fonte sênior da indústria com conhecimento das operações da Blue.

Bezos versus Musk 

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Fundada em 2000, a Blue Origin se expandiu para cerca de 3,5 mil funcionários e tem grandes instalações de fabricação e lançamento no Texas, Flórida e Alabama.

O ambicioso portfólio da empresa inclui a venda de viagens turísticas suborbitais ao espaço, serviços de lançamento de cargas pesadas para satélites e o módulo de pouso — nenhum dos quais ainda é totalmente viável comercialmente.

Em comparação, a SpaceX de Musk, fundada dois anos após a Blue Origin, lançou seu Falcon 9 mais de 100 vezes. Também lançou o foguete operacional mais poderoso do mundo — Falcon Heavy — três vezes e transportou astronautas para a Estação Espacial Internacional.

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A SpaceX disse na quinta-feira que tinha 10 mil usuários de seu serviço de banda larga baseado em satélite, Starlink, que Musk diz que fornecerá financiamento importante para desenvolver seu foguete para missões à Lua e, eventualmente, para Marte.

A Blue também espera um fluxo constante de receita para seu foguete New Glenn — programado para estrear no final deste ano — e da constelação de cerca de 3,2 mil satélites da Amazon apelidada de Projeto Kuiper, dizem as fontes.

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