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Mercado de PCs recua ao nível de 2004

Vendas de computadores registraram queda de 31,7% em relação a 2015, segundo a IDC Brasi

Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Notebooks representaram mais de 60% das vendas em 2016, segundo a IDC Foto: Marsha Miller via The New York Times

Os computadores terminaram mais um ano em baixa entre os brasileiros. De acordo com dados da consultoria IDC Brasil, obtidos com exclusividade pelo Estado, os fabricantes de PCs venderam 4,5 milhões de unidades desses produtos no ano passado, o que representa uma queda de 31,7% em relação ao total registrado em 2015. Trata-se do menor volume da indústria em 13 anos.

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“É uma queda expressiva, de dois dígitos, em um mercado que já vinha apresentando sucessivas quedas”, diz o analista da IDC Brasil, Pedro Hagge. “Ainda assim, era um resultado esperado.”

O recuo segue em linha com o resultado global do mercado de PCs em 2016. Segundo a IDC informou em janeiro, as vendas mundiais de computadores fecharam o ano em 260 milhões de unidades, 5,7% a menos do que em 2015.

Tombo. Dois fatores explicam o novo tombo do mercado de computadores no ano passado. O primeiro e mais importante deles é o maior interesse dos consumidores por smartphones, que se tornaram o principal meio de acesso à internet nos últimos anos. Com isso, os brasileiros priorizaram a troca de celular em detrimento da renovação do computador. “A crise econômica no Brasil nos últimos dois anos”, diz Hagge, “acabou contribuindo para acelerar o processo.”

A crise é o segundo fator, uma vez que diminuiu o poder de compra do brasileiro, ao mesmo tempo em que a alta do dólar fez os componentes usados nas máquinas ficarem mais caros. Por conta disso, o preço médio dos computadores subiu de R$ 2.326, em 2015, para R$ 2.413 em 2016.

Os notebooks, que representam mais de 60% do mercado, tiveram queda de 30% nas vendas em relação a 2015. Já os computadores de mesa – cada vez menos procurados pelos consumidores – registraram forte queda, de 36%.

As vendas para consumidores domésticos representaram 77% do total dos computadores vendidos no País em 2016.

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Perspectiva. A sangria do mercado de PCs, porém, está perto do fim, segundo a consultoria. Em 2017, a estimativa é de que as vendas de computadores fiquem estáveis no mundo e também no Brasil. Segundo Hagge, é possível que no Brasil esse segmento apresente até mesmo uma leve recuperação, impulsionada pela substituição de computadores nas empresas.

“Ainda assim, não vamos voltar ao número de computadores comercializados no Brasil há alguns anos”, diz o analista, “mesmo que a economia melhore bastante no segundo semestre de 2017.”

Destaque. Embora as vendas de PCs tenham caído pelo quinto ano seguido, há pelo menos uma fabricante que tem o que comemorar. A norte-americana Dell – a terceira maior fabricante de PCs do mundo – fechou 2016 na liderança do mercado brasileiro, com fatia de 26,3% no quarto trimestre.

É a primeira vez em dez anos que uma fabricante concentra mais de um quarto das vendas em um único trimestre, conforme dados da consultoria IDC, revelados pela Dell ao Estado -- a informação foi confirmada pela consultoria, que não quis revelar números de outras empresas.

“Mesmo com um mercado em queda, a Dell não apresentou queda nas vendas no Brasil”, diz a vice-presidente para consumidor final e pequenas empresas da Dell Brasil, Rosandra Silveira. “As vendas ficaram estáveis no último ano, mas já vemos sinais de crescimento nos primeiros meses de 2017.”

Com essa participação de mercado, a Dell se distancia dos outros seis principais fabricantes de computadores que disputam o encolhido mercado brasileiro.

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