A executiva por trás das parcerias do Facebook com veículos de imprensa, Campbell Brown, rebateu críticas sobre as mudanças anunciadas pela rede social em janeiro, que reduziram o alcance de notícias distribuídas na plataforma. Durante a conferência Code Media, que terminou ontem na Califórnia, a executiva afirmou que "seu trabalho é garantir que existam notícias de qualidade dentro do Facebook". "Meu trabalho não é fazer a imprensa feliz", enfatizou Campbell. "É garantir que os veículos que queiram estar dentro do Facebook produzindo notícias de boa qualidade tenham um modelo de negócios que funcione."
Pela primeira vez, a executiva deu um recado claro às empresas que não concordam com as mudanças anunciadas pela rede social, que tenta reduzir o fenômeno das notícias falsas, mas acabou também por reduzir o alcance dos veículos de imprensa no site, em uma espécie de efeito colateral -- a companhia vem sendo alvo de críticas das maiores publicações do mundo. "Se alguém acha que o Facebook não é a plataforma para ele, então não deveria estar no Facebook", disse. "Não vejo o Facebook como a solução para esse problema."
Durante o debate, o mediador Peter Kafka, editor do site de tecnologia Recode -- organizador do evento --, reclamou que essa afirmação não era justa, uma vez que muitos veículos de imprensa dependem da rede social para atrair audiência. A chefe de parcerias do Facebook, então, abrandou o discurso: "Acho que não fizemos um bom trabalho no passado e precisamos pensar sobre isso de forma diferente no futuro", afirmou. "Precisamos ser mais transparentes com os veículos de imprensa, que só devem entrar nessa com a gente se estiverem dispostos a um grande experimento, que pode não funcionar."
Nicho. A executiva explicou, durante o evento, que o Facebook vai conhecer quais veículos de imprensa os usuários confiam por meio de uma espécie de pesquisa de opinião. Isso vai permitir que o algoritmo mostre conteúdo de sites confiáveis aos usuários, reduzindo o alcance de notícias falsas, de acordo com Campbell. Contudo, a executiva diz que a rede social ainda não conseguiu resolver um problema com as pesquisas de opinião, que é a falta de conhecimento dos usuários por veículos de imprensa muito relevantes, mas de nicho e, por isso, com alcance limitado.
"Grande parte do melhor jornalismo atualmente é feito por pequenos veículos, mais nichados, com jornalistas mais focados e que ainda não tem reconhecimento de marca", disse ela. "Para mim, esse é o futuro do jornalismo. É onde os especialistas estarão." Segundo ela, o Facebook está tentando achar uma forma melhor de mostrar o conteúdo desse tipo de veículo dentro da rede social, sem depender do conhecimento agregado por seus mais de 2 bilhões de usuários.