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Musk pode ser punido pela Justiça americana após novo tuíte

Segundo órgão regulador do mercado financeiro nos EUA, executivo violou acordo judicial; ações caem 3% antes da abertura da Bolsa

Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Romani e Gabriel Bueno da Costa
Atualização:
Elon Musk teria violado acordo judicial com novo tuíte Foto: Robyn Beck/Reuters

A Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro nos EUA, solicitou a um juiz federal determine que Elon Musk, presidente-executivo da Tesla, seja considerado culpado pela violação de um acordo judicial feito no ano passado, quando foi acusado de dar informações imprecisas sobre a compra de ações da empresa. 

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A SEC entrou com a ação na noite desta segunda, 25, após Musk publicar um tuíte no dia 19 de fevereiro, no qual dizia que a Tesla atingiria a marca de 500 mil carros produzidos em 2019. Em sua carta trimestral aos acionistas de 30 de janeiro, porém, havia sido projetada produção de até 400 mil veículos.

Além da informação errada, o acordo selado entre Musk e a SEC dos EUA em outubro de 2018 previa que a equipe de advogados da Tesla aprovasse previamente qualquer declaração de Musk que pudesse afetar os preços das ações no país. No pedido ao juiz federal, a SEC anexou provas de que o tuíte foi publicado sem passar pelos advogados da companhia. 

O acordo de 2018 também foi resultado do uso atrapalhado de Musk do Twitter. Na época, o executivo disse tornaria a Tesla uma empresa privada e que já havia levantado o dinheiro para comprar as ações da empresa. Musk chegou a dizer que pagaria US$ 420 por ação, um número que chamou a atenção por ser uma suposta referência à cultura canábica. O preço das ações da Tesla disparou após as mensagens

Por conta dos tuítes, porém, Musk e a Tesla tiveram que pagar cada um uma multa de US$ 20 milhões - o executivo também teve que se afastar do cargo de presidente do conselho. 

Caso seja considerado culpado, a punição a Musk não envolve detenção. Especialistas em direito acreditam que ele pode ter que pagar uma nova multa e, num caso extremo, ser afastado de quaisquer atividades em cargos executivos ou diretivos de empresas com ações negociadas na Bolsa. 

Após o tuíte de 19 de fevereiro, mostram os documentos da SEC, Musk postou uma nova mensagem corrigindo a informação. No dia 20 de fevereiro, o tuíte de Musk dizia: "Eu quis dizer que a taxa de produção anualizada ao final de 2019 seria provavelmente de 500 mil veículos, pois a produção é de 10 mil unidades por semana. As entregas para o ano ainda estão estimadas em 400 mil unidades". Essa segunda mensagem teria sido escrito pelo departamento jurídico da Tesla. 

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Depois da informação de que a SEC acusa Musk de violar o acordo, o executivo atacou novamente no Twitter: "A SEC esqueceu de ler a transcrição dos nossos resultados financeiros, que dizia claramente 350 mil a 500 mil. Que vergonha..."

As ações da Tesla chegaram a cair 5% após o fechamento do mercado. Nesta terça, antes da abertura da Bolsa, os papéis da empresa tinham queda de 3%. "Uma nova disputa com a SEC é a última coisa que os investidores querem ver", escreve Daniel Ives, analista da Wedbush Securities. "A Tesla já está em um momento crítico tentando aumentar a produção do Model 3 para a Europa e a China, e tentando atingir lucratividade com uma dívida de quase US$ 1,5 bilhão a ser paga neste ano." diz. 

"A maioria dos investidores acreditava que essa questão havia sido resolvida desde o acordo com a SEC em outubro.

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