Na luta contra o coronavírus, dados recolhidos pelo Facebook ajudam os EUA

Pesquisa mostra que os dados de localização ajudam a verificar, por exemplo, a taxa de pessoas que estão cumprindo o isolamento social

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Por Agências
Atualização:

Pesquisadores de doenças infecciosas estão usando dados de localização móvel do Facebook para fornecer atualizações diárias às cidades e aos estados dos Estados Unidos, que avaliam a eficácia das ordens de distanciamento social que visam diminuir o contágio do novo coronavírus.

A Rede de Dados de Mobilidade COVID-19, um grupo de 40 pesquisadores de saúde de universidades como Harvard, Princeton e Johns Hopkins, disse que desde meados de março seus membros compartilham impressões obtidas com os dados do Facebook na Califórnia, Massachusetts e em Nova York.

Pesquisadores de doenças infecciosas estão usando dados de localização móvel doFacebook Foto: Stephen Lam/Reuters

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O uso de dados de localização móvel na luta contra o coronavírus ocorre em meio a um intenso debate das práticas de privacidade de empresas de tecnologia, que coletam informações detalhadas sobre os interesses das pessoas em aplicativos e sites, geralmente para personalizar e oferecer anúncios. Entretanto, Facebook e acadêmicos afirmam ter superado a situação em prol dos resultados em meio à pandemia.

O Facebook confirmou que estava compartilhando os dados como parte do seu programa de quase um ano de Mapas de Prevenção de Doenças, que também ajudou a aumentar os índices de vacinação no Malawi e rastrear surtos de cólera em Moçambique. As descobertas a partir dos dados estão sendo compartilhadas com os departamentos de saúde estaduais e locais. 

Mark Zuckerberg, fundador e presidente da empresa, disse a repórteres no mês passado que não consideraria compartilhar os dados do Facebook diretamente com os governos.

A Mobility Data Network tornou-se uma das primeiras iniciativas para aproveitar os dados móveis na resposta dos EUA à pandemia de coronavírus, uma abordagem implantada em lugares como China, Coréia do Sul e grande parte da Europa, mas pouco usada até agora nos Estados Unidos.

Com o vírus já espalhado amplamente por todo o país, a pesquisa se concentra no sucesso de medidas projetadas para manter as pessoas em casa, adotada em quase 40 estados dos EUA.

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Usando os dados, que não contém informações de identificação, os pesquisadores fornecem levantamentos como a distância média das viagens que os usuários fizeram em uma cidade e a proporção de residentes em cada município que permaneceram dentro de seus 600 metros quadrados de circulação permitidos.

Em Nova York, por exemplo, os pesquisadores descobriram que a mobilidade caiu significativamente nos fins de semana, mas voltou a aumentar nos dias de semana, quando muitas pessoas - principalmente as que moram em bairros de baixa renda - ainda precisam trabalhar.

Os dados também podem mostrar "se, a princípio, as pessoas param de se mover, mas começam a viajar mais quando ficam cansados", de acordo com Caroline Buckee, epidemiologista da Escola de Saúde Pública de Harvard, que está entre os líderes da rede.

Medir as mudanças na mobilidade e correlacioná-las com as hospitalizações posteriores também pode ajudar a determinar como reverter os pedidos de distanciamento social, disse Buckee, que anteriormente estudou a disseminação da malária e da dengue usando dados móveis.

Dados de localização

Cerca de metade dos aplicativos na Play Store, loja de aplicativo de celulares Android, e um quarto na App Store, loja da Apple, usam pelo menos um serviço capaz de capturar dados de localização, de acordo com a empresa de pesquisa do setor Appfigures.

Serviços de rastreamento de localização menores, incluindo Cuebiq e Camber Systems, também estão na lista para fornecer informações para a rede de pesquisa.

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Outros locais que estão conversando para receber análises de localização incluem Maryland, Washington e o Distrito de Columbia, junto com Los Angeles, San Jose, Santa Clara e Kansas City. A última confirmou que estava considerando participar do projeto, enquanto as outras agências governamentais não responderam aos pedidos de comentários.

O Facebook está em contato com a Casa Branca e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, disse uma porta-voz, mas acrescentou que nenhuma análise foi entregue a nenhuma entidade federal dos EUA até agora.

Outra iniciativa de dados de coronavírus, a Força-Tarefa de Tecnologia de Dados e Pesquisa, está em contato com a força-tarefa de coronavírus do vice-presidente Mike Pence e inclui funcionários do Google, da Microsoft e da Amazon, disse Josh Mendelsohn, que trabalhou em programas do Google de ajuda a desastres há uma década. As empresas não responderam aos pedidos de comentários.

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