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Netflix perde 1 milhão de assinantes no pior tombo da gigante; total chega a 1,2 milhão em 2022

Gigante do streaming registrou queda em usuários pelo segundo trimestre consecutivo; empresa projeta crescimento nos próximos três meses

Foto do author Guilherme Guerra
Foto do author Bruna Arimathea
Por Guilherme Guerra e Bruna Arimathea
Atualização:
Netflix continua perdendo assinantes na plataforma em 2022 Foto: Dado Ruvic/Reuters

A Netflix perdeu 970 mil assinantes no segundo trimestre de 2022, revelou a empresa em balanço financeiro divulgado nesta terça-feira, 19. O número representa o pior trimestre para a gigante do streaming, que já havia perdido outros 200 mil usuários nos três primeiros meses deste ano.

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Ao todo, a companhia totaliza 220,67 milhões de assinantes em todo o mundo, número inferior aos 221,64 milhões do primeiro trimestre de 2022. No balanço, a gigante do streaming de séries e filmes afirma que os números são “melhor do que o esperado” na base de assinantes.

A receita da companhia foi de US$ 7,9 bilhões no trimestre encerrado em junho, aumento foi de 9% na comparação com o mesmo período em 2021 - o lucro da companhia foi de US$ 1,4 bilhão.

“Nosso desafio e oportunidade são acelerar nossa receita e crescer os assinantes enquanto continuamos melhorando nosso produto, conteúdo e marketing”, declara a empresa no documento enviado a investidores nesta terça. A companhia reforça que possui caixa para continuar investimentos bilionários, bem como lucro operacional de US$ 6 bilhões e receita de US$ 30 bilhões no último ano.

Otimismo

A Netflix projeta crescimento para o trimestre de julho a setembro de 2022: 221,67 milhões de assinantes, recuperando a perda acumulada deste ano. A empresa atribui o crescimento aos esforços em melhor monetizar os usuários. A receita, no entanto, deve cair para US$ 7,8 bilhões com a expectativa de valorização do dólar, que prejudica o câmbio nas operações internacionais da empresa.

Para o curto prazo, a Netflix destaca que o foco é melhorar a monetização do serviço, com mais opções de assinaturas para usuários. A empresa afirma no documento que deve lançar em breve um serviço com anúncios, que deve receber um preço mais baixo em relação aos planos sem anúncios. “Nossa receita por usuário cresceu 5% ano a ano de 2013 a 2021, então faz sentido dar aos consumidores a opção de baixo custo com anúncios, se assim quiserem”, diz a gigante.

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A Netflix não dá detalhes sobre preços, mas ressalta que o modelo deve ser relevante para consumidores e efetivo para os anunciantes. “Acreditamos que anúncios podem ser um incremento substancial em assinantes (por meio de preços menores) e crescimento de lucro (pela receita de publicidade)”, completa.

"Essa é um dos principais anúncios deste balanço", explica Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital. "É um caminho que todos os outros gigantes, como Apple, Google e Facebook, já tinham tomado", diz ele. 

Além disso, a Netflix pretende expandir a “taxa do ponto extra”, valor adicional cobrado de contas acessadas de diferentes endereços. Segundo estimativas internas da empresa, cerca de 100 milhões de lares podem ser afetados pela medida.

A perspectiva otimista animou investidores e as ações da empresa registraram alta de 5,6% após o fechamento do mercado. 

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Ano difícil 

O ano de 2022 não tem sido fácil para o serviço de streaming. Além dos balanços negativos, que já revelaram a perda de cerca de 1,2 milhão de assinantes neste ano, a Netflix também sente a retração do mercado econômico global, por conta da pandemia e da guerra na Ucrânia. 

Em junho, a empresa concluiu uma rodada de demissões que atingiu 450 funcionários no mundo inteiro, segundo o Estadão apurou, foram 17 cortes na América Latina, incluindo o Brasil. A companhia também lançou modelos de cobranças de assinaturas que não oferecia aos seus clientes, em busca de amenizar os custos altos de produção.  

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Nesta segunda, 18, por exemplo, a empresa anunciou a extensão da cobrança por compartilhamento de senha. O teste, que acontece em alguns países da América Latina, já cobrava uma taxa por “usuário” que utilizava a assinatura. Agora, os endereços físicos também são considerados na hora de cobrar uma taxa dos usuários. 

Além disso, a empresa está se preparando para lançar uma assinatura com anúncios por um preço mais barato para os usuários - era um modelo que sempre foi rejeitado pelo comando da empresa ao longo da história. No modelo, já utilizado por alguns rivais, usuários terão acesso ao mesmo catálogo, mas com publicidades incluídas em séries e filmes da plataforma — semelhante a programação de TV.

Enquanto a Netflix vê uma fuga de seus assinantes, rivais comemoram o crescimento das plataformas nos últimos meses. Em maio, o Disney+ registrou aumento de 33% no seu número de assinantes, comparado ao ano anterior. São, agora, 137,7 milhões de assinantes globais — 7,9 milhões de assinantes vieram só no ano de 2022.

A HBO Max também apresentou ritmo de crescimento. Neste ano, 3 milhões de novas assinaturas foram registradas na plataforma recém comprada pela Warner Media. Até dezembro do ano passado, uma das principais concorrentes seguia a Netflix de perto: a Amazon anunciou, na época, que o Prime Video já havia alcançado 200 milhões de assinantes. A empresa, porém, não divulgou números de usuários referentes ao ano de 2022. /COLABOROU BRUNO ROMANI 

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