Nokia se reinventa outra vez com aquisição da Alcatel-Lucent

Empresa finlandesa renova estratégia global com compra da Alcatel-Lucent e entrada no mercado de equipamentos para redes móveis

PUBLICIDADE

Por Agências
Atualização:

EFE

 

PUBLICIDADE

Andar por um corredor da sede da Nokia é lembrar-se de seus 150 anos de história. Uma tela colorida mostra sua transformação, de uma fabricante de botas de borracha no século 19 à maior fabricante de telefones celulares, cujo valor de mercado quase chegou aos US$ 250 milhões. Esses dias de enorme sucesso, porém, já se foram.

A Nokia não conseguiu se adaptar à rápida ascensão dos smartphones e, no final, vendeu seu negócio de celulares para a Microsoft. Agora, num esforço para se reinventar mais uma vez, a Nokia quer fabricar os equipamentos de telecomunicações que sustentam as redes móveis de operadoras globais como a Deutsche Telekom e a China Mobile.

Leia também:Câmera de realidade virtual da Nokia custará US$ 60 milNokia prepara retorno ao mercado de smartphones

Esta estratégia irá, em breve, enfrentar seu maior desafio quando a Nokia concluir o processo para assumir o controle da Alcatel-Lucent, no início de 2016. Os acionistas da Nokia se reuniram na última quarta-feira, na sede da empresa em Helsinque (Finlândia), para aprovar o acordo – uma operação avaliada em € 15,6 bilhões. E, apesar de alguma resistência, os acionistas da Alcatel-Lucent também devem demonstrar seu apoio ao negócio, até o final do ano, por meio da aprovação de um acordo de troca de ações que os deixará com cerca de um terço dos papéis da nova empresa. Os acionistas da Nokia ficarão com o restante.

Os obstáculos enfrentados pela Nokia são grandes. A empresa deve contornar os altos e baixos enfrentados em dispendiosas aquisições anteriores que, no geral, renderam mais problemas do que soluções. A Nokia também enfrenta uma forte competição. Rivais chinesas de baixo custo e o corte de gastos nas empresas em todo o mundo reduziram as perspectivas de crescimento justamente no momento em que a Nokia se aproxima de sua maior aquisição dos últimos anos.

Ainda assim, o CEO da Nokia, Rajeev Suri, de 48 anos, diz que assumir o controle da Alcatel-Lucent é exatamente o que sua companhia precisa para executar sua reestruturação, no prazo de um ano. Esta reformulação incluiu o corte de mais de 17 mil empregos e a venda de ativos, como sua unidade de mapeamento.

Publicidade

“Quando eu assumi, estávamos na beirada do precipício”, disse Suri durante um breve retorno à Finlândia no meio de reuniões com clientes na Ásia. “Ser capaz de colocar em prática uma aquisição que pode nos tornar o número 1 é bastante emocionante.”

O acordo pode aumentar a relevância da Nokia no mercado. “Teremos tamanho para nos tornarmos um parceiro estratégico”, diz o executivo. Analistas dizem que as duas empresas têm competências complementares. A Nokia é especialista em redes sem fio e a Alcatel-Lucent é mais conhecida por seus roteadores e outros equipamentos que são usados para a criação de redes de banda larga.

Cautela. À medida que operadoras como a Verizon Wireless e a Telefónica – que representam a maior parte da renda da Nokia e da Alcatel-Lucent – retiram investimentos em redes móveis, analistas do setor temem que uma Nokia ainda maior tenha de lutar para encontrar novos clientes.

“Para a Nokia e para a Alcatel-Lucent, trata-se de uma questão de sobrevivência”, disse Bengt Nordstöm, cofundador da Northstream, consultoria de Estocolmo. “O verdadeiro desafio é onde elas vão encontrar crescimento.”

PUBLICIDADE

A história também oferece razões para cautela. A fusão da Alcatel com a Lucent Tecnologies em 2006 levou a lutas internas, redução nas vendas e, no final, demissões em massa. E a própria joint venture da Nokia com a Siemens enfrentou muitos desses mesmos problemas.

“A história de fusões e aquisições é cheia de arrogância”, diz Sylvain Fabre, analista da consultoria Gartner. “Mas Rajeev e seu grupo têm uma trajetória que pode fazer isso funcionar.”

“Eu sou realista, isso é algo que tinha de ser feito”, disse Philippe Camus, CEO interino da Alcatel-Lucent, quando perguntado sobre a aquisição iminente da Nokia. “Estamos em um mercado global. Nem todos os protagonistas europeus podem ser franceses.” /TRADUÇÃO DE PRISCILA ARONE

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.