O império da Amazon

Criada como loja de livros, empresa norte-americana de US$ 380 bi diversifica negócios para se aproximar dos consumidores

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Por Bruno Capelas e Claudia Tozzeto
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Um drone de entregas. Um armazém voador. Uma assistente pessoal com avançados recursos de inteligência artificial. A enxurrada de notícias sobre a Amazon nos últimos meses mostra como a empresa, nascida em 1994 como uma loja de livros online, se transformou num império diversificado de negócios e apostas promissoras potencializados pela tecnologia.

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A empresa, que hoje tem mais de 230 mil funcionários e valor de mercado superior a US$ 380 bilhões, precisa manter uma estrutura complexa ao mesmo tempo em que investe pesado em ideias que ainda não são lucrativas, mas que podem se tornar fonte de receita.

“Queremos ser uma empresa grande que também é uma máquina de invenções”, escreveu o fundador e presidente executivo da Amazon, Jeff Bezos, em carta aos acionistas, em abril do ano passado. Mais que uma bravata, a frase marca o estilo de gestão de Bezos. “Eles fazem apostas em muitos setores. No futuro, serão mais lucrativos se seguirem investindo”, diz Mike Olson, analista do banco de investimentos Piper Jaffray.

A variedade de apostas esconde uma organização relativamente simples. A empresa está baseada em três pilares: a loja online, o programa de benefícios Amazon Prime e a Amazon Web Services (AWS), divisão responsável pelos serviços a empresas.

Nas nuvens. No passado, os dois primeiros pilares eram os mais importantes e ajudaram a Amazon a se tornar a varejista a alcançar mais rápido a receita anual de US$ 100 bilhões. Hoje, é o terceiro pilar que dá segurança à empresa para inovar. “A AWS é uma área com margem de lucro maior que a do varejo”, diz David Mitchell Smith, vice-presidente de pesquisas da consultoria Gartner.

Sozinha, a AWS respondeu por 41% do lucro operacional da Amazon durante o ano fiscal de 2015 – embora os serviços na nuvem representem só 7% da receita. A expectativa é que a área fature US$ 13 bilhões no ano fiscal de 2016 – o balanço será divulgado no fim de janeiro. Se confirmada, a receita terá crescido 64% em relação a 2015. “A maioria das empresas usará computação em nuvem”, diz Marcos Grilanda, diretor regional da AWS. “Estamos no começo.”

Erros e acertos. A história da Amazon, porém, não é feita só de acertos: em 2014, em meio ao ‘boom’ dos smartphones, a empresa lançou seu próprio aparelho, o Fire Phone. Apesar das investidas, o projeto minguou. O fracasso gerou aprendizado. “Sabemos aproveitar as falhas”, diz Alex Szapiro, diretor- geral da Amazon no Brasil. “Muitos que trabalharam no Fire Phone hoje estão na equipe da Alexa.”

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Não se trata de uma mulher, mas de um assistente pessoal. Na Consumer Eletronics Show (CES), feira de tecnologia realizada no início do mês em Las Vegas, Alexa foi sensação. Ela foi integrada a mais de 30 novos produtos. “Com Alexa, a Amazon quer tornar a compra de produtos mais fácil”, diz Smith, da consultoria Gartner.

Outra aposta é o serviço de streaming Prime Video, considerado hoje o maior rival do Netflix. Assim como a concorrente, a Amazon produz filmes e séries originais. “Muitas pessoas estão trocando a TV e o DVD pelo streaming”, diz Olson, da Piper Jaffray. “Amazon e Netflix vão liderar o mercado.”

A Amazon parece seguir numa direção: transformar tecnologias em itens essenciais. “Ela espera que o usuário dependa dela todos os dias, para comprar comida ou se divertir”, diz Olson.

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