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O patriota chinês que conseguiu domar o Uber na China

Depois de carreira nogigante da internet Alibaba, executivo galgou espaço entre aplicativos de carona

Por Paul Carsten
Atualização:

O chinês Cheng Wei, 34 anos, foi protagonista de uma história improvável: sua empresa, a Didi Chuxing, comprou os negócios do aplicativo de carona paga Uber na China no início de agosto, levando o valor de mercado da empresa para US$ 35 bilhões. E encerrando uma guerra de anos com sua maior rival.

Investidores e funcionários da Didi Chuxing afirmam que Cheng é calmo, tem olhar estratégico e não se preocupa com ego – características fundamentais para competir com o Uber pelo mercado multibilionário de caronas na China. Mas seu estilo de liderança é, ao mesmo tempo, considerado cruel e cheio de nacionalismo. Ele se refere à história da China e ao exército em seus discursos com certa frequência.

Cheng Wei tentou 1ª parceria com Uber em 2013 Foto: Jason Lee|Reuters

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O executivo será observado de perto, agora que transformou sua companhia de caronas em um negócio global significativo. A imprensa chinesa já reportou que os usuários e motoristas da Didi Chuxing temem que o monopólio da empresa eleve as tarifas e reduza os ganhos com o aplicativo.

“Ele é provavelmente um dos presidentes executivos com ascensão mais rápida que já conheci”, diz o principal sócio do fundo GGV Capital, Hans Tung, que esteve entre os primeiros investidores da companhia chinesa.

Cheng, que gosta de óculos com armações retangulares e camisetas polo, têm um olho astuto para talentos: ele contratou Jean Liu, ex-banqueiro do Goldman Sachs, para se relacionar com seus maiores investidores, Alibaba e Tencent, que são concorrentes na internet.

“De fora, você poderia dizer que esse homem é muito sortudo, mas ele sabe quem são os melhores talentos e como fazer essas pessoas trabalharem para ele”, disse uma fonte que trabalhou com o executivo. “Ele tem uma personalidade original.”

Ascenção. Cheng nasceu em 1983 em uma pequena cidade da província de Jiangxi, no Sudeste da China. Na época do vestibular, ele estava doente, mas fez de tudo para entrar na Universidade de Pequim. Formado em administração, Cheng arranjou um emprego, mas acabou decepcionado. “Ele foi assistente do presidente de uma empresa de massagem nos pés”, disse Allen Zhu, gerente geral do fundo GSR Ventures, um dos investidores do Didi Chuxing. Depois, ele trabalhou no Alibaba, onde passou de vendedor para gerente de vendas para o norte da China em seis anos.

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Somente em 2012 ele fundou a Beijing Orange Technology e lançou o Didi Dache – que significa “Beep Beep Chame um Táxi”, primeira aposta na área de transportes. Em 2013, ele tentou uma parceria com o Uber.

O cofundador e presidente do conselho do Uber, Garrett Camp, estava na China no período em que o Didi Chuxing recebeu sua segunda rodada de investimentos. “Eu encorajei o Uber a investir no Didi, porque a China não é um mercado fácil”, disse Tung, do GGV.

A Tencent investiu no Didi na metade de 2013, ajudando a iniciar uma guerra contra o Kuaidi Dache – que tinha o Alibaba por trás. A guerra terminou com a fusão dos dois serviços, que adotaram o nome de Didi Chuxing.

A trégua foi curta. O Uber ganhou tração na China. “Cheng sempre dizia que as empresas de internet chinesas nunca perderam para estrangeiras e Didi não seria a primeira”, afirmou um ex-funcionário da empresa.

Tung, do fundo GGV, diz que Cheng é um “jianghu”, que significa que ele tem uma tenacidade selvagem. “As pessoas pensam que podem ficar ao lado dele, pois ele irá cuidar de todos e liderar, além de fazer história”, disse o executivo. /TRADUÇÃO DE CLAUDIA TOZETTO

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