Oi lança banda larga de 400 megabits e busca se firmar como empresa de fibra 

Na tentativa de se destacar no segmento da banda larga, a Oi pretende entregar a nova velocidade para 112 cidades e já testa conexões de 500 megabits

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:
A Oi tem um plano de R$ 5 bilhões de investimentos em fibra neste ano, R$ 2 bilhões a mais do que no ano passado Foto: Wilton Júnior/Estadão

 A Oi, em recuperação judicial, lança nesta terça-feira, 2, um pacote de banda larga de 400 megabits de velocidade, o dobro da velocidade máxima que ela oferecia até então. A novidade vale para todas as 112 cidades cobertas pelas redes de fibra óptica da tele, ao preço de R$ 149,90 por mês.

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 Também já foram iniciados os testes de conexões de 500 megabites e 1 gigabite de velocidade, que podem ser lançados ainda em 2020, antecipou o vice presidente de Clientes da Oi, Bernardo Winik, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

 "A fibra é o coração da nossa estratégia, então é um produto crescente no portfólio", explicou, acrescentando que a empresa tem a meta de ampliar a cobertura da fibra óptica das 112 cidades atuais para 130 cidades até o fim deste ano.

 O lançamento do novo pacote pela Oi busca garantir maior poder de competição em um mercado onde a velocidade da conexão tem um apelo enorme entre os consumidores, fato que foi reforçado pela quarentena causada pelo coronavírus.

 As operadoras estão atentas ao fato de que há cada vez mais pessoas assistindo vídeos online em alta definição, jogando partidas de videogame pela internet e, agora, há mais pessoas também trabalhando em casa.

 "Queremos atender esse consumidor que busca uma banda larga 'premium'. O plano de 400 mega já fazia parte da nossa estratégia, mas acabou saindo em plena quarentena. Bem nessa época, vamos ver a consolidação do serviço Oi Fibra", apontou Winik.

Competição acirrada em banda larga

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 Entre as grandes operadora do País, a TIM já oferece planos de 400 megabits, porém restrita a 26 localidades. A líder do mercado de banda larga Claro (dona da Net, marca que foi extinta) oferece planos de até 500 megabits de velocidade, mas não informa em quantas cidades. Já a Vivo tem conexão máxima de 300 megabits em 210 municípios.

 A Claro tem uma fatia de 29,3% do mercado brasileiro de banda larga, seguida por Vivo (20,8%) e Oi (15,3%). A TIM, mais focada em telefonia e internet móveis, tem apenas 1,8%. Os provedores locais têm, juntos, 34,6%.

 Os dados acima são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), compilados pela consultoria Teleco e abrangem serviços tanto redes de fibra óptica quanto cobre — esta última tem caído em desuso.

 "Nesta expansão da banda larga, estamos entrando em áreas que já são atendidas. Não são mercados virgens, nós enfrentamos concorrência", observou Winik.

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 O executivo descartou baixar os preços para ganhar mercado. A aposta, segundo ele, será na oferta de conexões mais rápidas, estáveis e com melhor atendimento aos consumidores. "Não tem sentido puxar preço para baixo com a qualidade que oferecemos. Nossa briga é pelo diferencial do produto", frisou.

Estratégia para sobreviver

 O plano de 400 megabits da Oi faz parte dos seus esforços para tentar deslanchar no segmento de banda larga — que passou a ser o foco da sua estratégia de crescimento, no lugar das redes móveis, que estão à venda. A infraestrutura de fibra também é chave para dar suporte ao futuro sinal do 5G — ainda sem data para chegar ao Brasil.

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 Em paralelo, o encolhimento da base de clientes e da receita da Oi em seus negócios tradicionais colocou ainda mais pressão para que dê certo a estratégia da operadora de concentrar os investimentos na expansão da fibra óptica. O balanço mais recente da companhia mostrou que a receita consolidada do grupo diminuiu 8,7% em 2019 ante 2018, chegando a R$ 20,1 bilhões, e o número total de assinantes recuou 6,5%, para 53,4 milhões.

 Houve perda de clientes em todas as áreas em que atua. No caso do segmento de banda larga, a perda foi concentrada, porém, nos serviços via redes de cobre. Como esta tecnologia ficou obsoleta, a tele parou de incentivar venda de banda larga desta categoria.

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Para virar esse jogo, a Oi tem um plano de R$ 5 bilhões de investimentos em fibra neste ano, R$ 2 bilhões a mais do que no ano passado. A Oi projeta chegar a 8,6 milhões de pontos onde a rede de fibra está disponível para instalação (chamada no setor pelo jargão de homes passed) no fim de 2020 e 1,8 milhão de casas efetivamente conectadas neste mesmo período (homes connected).

 Winik antecipou que a tele já atingiu a marca de 6 milhões de home passed e 1,1 milhão de homes connected. "Dada a boa receptividade dos clientes, é possível chegar no fim do ano com 2 milhões de homes connected, o que estava previsto para o fim do primeiro trimestre de 2021", estimou.

 A demanda por banda larga foi reforçada pela quarentena. Em maio, as vendas subiram 20% em comparação com abril, quando a procura já havia sido mais intensa, contou. A inadimplência aumentou com a crise, mas menos do que visto nos setores de internet móvel, ponderou.

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