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Presidente do Google promete novas políticas contra assédio sexual na companhia

Mudanças são apresentadas uma semana depois de milhões de funcionários saírem às ruas para se manifestar contra o comportamento da empresa

Por Mariana Lima
Atualização:
Sundar Pichai, presidente do Google, mudou as regras internas para casos de assédio sexualuma semana depois de ver manifestações de funcionários Foto: Stephanie Keith/AFP

O presidente executivo do Google, Sundar Pichai, enviou aos funcionários da empresa um e-mail anunciando novas políticas contra assédio sexual na companhia. O documento, divulgado nesta quinta-feira, 8, é uma resposta às manifestações feitas por funcionários da gigante de tecnologia, que reclamavam sobre a postura da empresa no tratamento de casos de má conduta.

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Na carta, publicada posteriormente no blog oficial do Google, Pichai diz que ouviu as reclamações dos funcionários nos últimos dias e ficou sensibilizado com as histórias compartilhadas. E, depois disso, decidiu reformular e aperfeiçoar algumas técnicas adotadas para empresa na tentativa de evitar novos casos.

Agora, o Google promete fornecer mais transparência nas investigações de assédio sexual e divulgar esses resultados em seu "Relatório de Investigações" anual. A empresa também diz que vai renovar canais de denúncia por incidentes de má conduta, além de atualizar e expandir o treinamento contra assédio sexual.

Entre as grandes vitórias dos funcionários está a mudança do regime de arbitragem, que passa a ser opcional para casos de assédio sexual. Os organizadores do protesto acreditavam que a política de arbitragem forçada por alegações de má conduta, que existia na empresa, impedia que funcionários levassem os casos aos tribunais, o que suprimia as histórias das vítimas.

A exigência dos manifestantes de ter um funcionário os representando nas reuniões da diretoria da Alphabet, porém, não foi atendida pelo executivo.

Segundo Pichai, a nova política também será estendida aos funcionários temporários e empresas terceirizadas, que serão notificadas e fiscalizadas sobre as mudanças.

Movimento lideradopor funcionárias do Google contra assédio sexual aconteceu em 47 escritórios da empresa pelo mundo Foto: Noah Berger/AP

Pressão. Na última semana, mais de 20 mil funcionários de 47 escritórios pelo mundo deixaram seus postos de trabalho para se manifestarem contra o posicionamento do Google em relação aos casos de assédio sexual.

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O movimento aconteceu depois de o jornal The New York Times publicar uma reportagem sobre casos de assédio relatados por funcionárias e ex-funcionárias do Google envolvendo executivos do alto escalão da empresa.

Na reportagem, o jornal revelou que o Google protegeu três executivos acusados de assédio sexual – um deles foi Andy Rubin, criador do Android, para quem a empresa pagou US$ 90 milhões na rescisão, segundo a reportagem.

Outro nome envolvido foi o de Richard DeVaul, diretor do Google X – área de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da Alphabet, holding que controla o Google. O executivo é acusado de assediar uma engenheira durante o processo seletivo para uma vaga na equipe dele.

Posicionamento. Esta não é a primeira vez que os funcionários pressionam a presidência do Google. A empresa já sofreu ataques internos anteriormente quando decidiu retornar ao mercado da China com uma versão do buscador limitada pelo governo e também quando a empresa fechou acordo com o exército americano para fornecer um sistema inteligente para ataques via drones.

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